Guerra das Malvinas
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Guerra das Malvinas | ||
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Conflito: Guerra das Malvinas | ||
Data: 2 de Abril a 14 de Junho de 1982 | ||
Localização: Ilhas Malvinas e Sandwich do Sul | ||
Resultado: O Reino Unido manteve a posse das ilhas. | ||
Combatentes | ||
Argentina | Reino Unido | |
Comandantes | ||
Mario Benjamín Menéndez | Jeremy Moore | |
Forças | ||
Proximidade geográfica | Superioridade tecnológica | |
Baixas | ||
649 | 258 | |
A Guerra das Malvinas (também conhecida como Guerra do Atlántico Sul ou Guerra das Falklands) foi um conflito armado entre a Argentina e o Reino Unido envolvendo a questão da soberania sobre as Ilhas Malvinas, Geórgia do Sul e Sandwich do Sul ocorrido entre 2 de abril e 14 de junho de 1982. Seu saldo final foi a reocupação das Malvinas pelo Reino Unido e a morte de 649 soldados argentinos e 258 britânicos. Na Argentina, a derrota no conflito levou à queda da Junta Militar Argentina e à restauração da democracia no ano seguinte.
[editar] Informação de imprensa e serviços secretos britânicos
Ainda que tendo sido surpreendida pela invasão argentina nas ilhas, o Reino Unido quase sempre teve o controle das ilhas. No dia 2 de abril de 1982, o diário The Times , de Londres, ao fim de sua primeira página e início da segunda, perguntava como havia sido possível tal acontecimento, uma vez que os serviços secretos britânicos vinham acompanhando os telex da embaixada argentina nos últimos seis meses.
[editar] Planos britânicos de ações no mar e no continente
Se bem que as ações bélicas mais conhecidas indiquem que a guerra se desenvolveu no Oceano Atlântico e nas ilhas tomadas pela Argentina, o governo britânico tinha planos para ampliar seu campo de ação de guerra ao território continental argentino. A ordem foi dada pela primeira-ministra britânica Margaret Thatcher, e tratou-se de executá-la, sem resultados frutíferos.
Com efeito, o Chile, então governado pelo general Augusto Pinochet, prestou apoio logístico ao Reino Unido. Este fato veio à tona quando dois helicópteros de guerra britânicos voando em direção à Argentina a partir do território chileno se chocaram antes de cruzar a Cordilheira dos Andes, fronteira natural entre os dois países.
[editar] Comportamento dos integrantes dos tratados diplomáticos de defesa
Contrariando ao direito internacional, os Estados Unidos facilitaram continuamente aos britânicos o acesso a imagens de satélite do posicionamento da frota argentina. Desta maneira, os Estados Unidos, de fato, descumpriram o Tratado Interamericano de Assistência Recíproca (TIAR), aplicável em casos de guerra, para favorecer a um membro da OTAN. Sua unilateralidade, em vez de manter neutralidade, por pertencer a dois tratados de defesa, lhe valeu descrédito internacional por flagrante descumprimento dos tratados.
O Chile de Augusto Pinochet, por sua vez, ao optar por apoiar o Reino Unido, também descumpriu seu compromisso com o TIAR, afastando-se de um de seus postulados permanentes de política exterior, que era a inviolabilidade do cumprimento dos tratados internacionais. Este feito foi o resultado de relações muito estreitas cultivadas durante anos com o Reino Unido no âmbito da marinha, às quais se juntaram as relações especialmente delicadas entre a Argentina e o Chile, que quase chegaram a uma guerra em 1978 por divergências quanto a posse de ilhas no Canal de Beagle.
Os países europeus membros da OTAN cumpriram seu compromisso com o Reino Unido nos termos deste tratado. Os requerimentos britânicos tiveram duas etapas.
O país ao qual o Reino Unido mais solicitou informações foi a França, país produtor dos mísseis Exocet, a fim de que esta lhe fornecesse códigos para desvio de alvo de cada míssil desta categoria vendido pela França à Argentina. Uma vez fornecidos os dados ao Reino Unido, a frota britânica, guiada por imagens de satélite procedeu em 2 de Maio de 1982 ao afundamento do navio de guerra argentino mais importante, o cruzador General Belgrano, que datava ainda da Segunda Guerra Mundial.
Por este motivo técnico, nenhum míssil comprado da França pela Argentina pôde acertar o alvo.
A 4 de maio de 1982, por conta do afundamento do navio de guerra britânico HMS Sheffield por parte da frota argentina utilizando um míssil Exocet procedente de um país-membro do TIAR, o Reino Unido pediu à França, desta vez urgentemente, os códigos de desvio destes mísseis vendidos a todos os membros do acordo de defesa interamericano.
O HMS Sheffield, contratorpedeiro de potência incomparável, armado com mísseis Sea Dart, canhões de 20 e 114mm, havia sido lançado apenas seis anos antes e representava o que havia de mais adiantado tecnologicamente para os britânicos.
[editar] Representações diplomáticas
Durante o conflito bélico, e por causa da imediata ruptura das relações diplomáticas entre os dois estados beligerantes, o Peru representou os interesses diplomáticos da Argentina no Reino Unido. Por sua vez, a Suíça representou os interesses diplomáticos do Reino Unido na Argentina. Assim, os funcionários diplomáticos argentinos destacados em Londres se converteram em funcionários diplomáticos peruanos de nacionalidade argentina e os britânicos em Buenos Aires se tornaram funcionários diplomáticos suíços de nacionalidade britânica.
[editar] Planos de paz
Devido ao ocorrido no TIAR com os Estados Unidos, nenhum de seus planos de paz foi aceito pela Argentina. Com a ajuda, a vênia e/ou com o conhecimento do então Secretário Geral da ONU, Javier Pérez de Cuéllar, tanto o Peru como a Suíça empregaram seus máximos esforços diplomáticos no mais alto nível para conseguir a paz entre os países em conflito, até alcançar seu objectivo quando se aceitou o plano de paz proposto pelo presidente peruano Fernando Belaúnde Terry.
Vários planos de paz foram propostos pelo Peru. O último foi entregue pela embaixada peruana ao departamento das Malvinas do Foreign Office britânico. Poucas horas antes de sua quase imediata aceitação pelo governo britânico, realizou-se um último ataque das forças britânicas às tropas argentinas. O que ainda não se pode saber é se Margaret Thatcher ordenou este último ataque antes de ler a proposta peruana ou depois de tê-la lido.
[editar] Assédio a funcionários diplomáticos
Durante o transcurso do conflito bélico, o assédio do Serviço de Inteligência britânico à embaixada peruana em Londres e a seus funcionários diplomáticos foi tal que originou como resposta medidas de contra-espionagem.
[editar] Segredo da documentação
Os governos costumam manter secretas durante 25 ou trinta anos certas informações especialmente sensíveis para a opinião pública. No caso das informações classificadas como segredo em mãos do governo britânico sobre a Guerra das Malvinas, uma vez finalizado o conflito, o governo desse país decretou que sua revelação poderá realizar-se no ano de 2082.
[editar] Consequências
Ao fim, as ilhas continuaram sob domínio britânico. Enquanto a vitória fortaleceu o regime conservador britânico, a derrota militar abalou severamente a aceitação popular da Junta Militar argentina: o general Galtieri foi forçado por seus pares a abandonar o poder. Em 1 de Julho de 1982, o general Reynaldo Bignone foi escolhido presidente com a missão de levar a Argentina à democracia. No ano seguinte eleições livres deram o poder a Raúl Alfonsín, pondo fim a sete anos de regime militar. (veja História da Argentina)
[editar] Ver também
[editar] Ligações externas
- Hechos y votaciones en el TIAR - decisões no âmbito do TIAR (em castelhano)
- Le Monde Diplomatique - ver o correspondente ao ano de 1982 (em castelhano)
- Estação norte-americana de satélites, DSCS11, transmite informações por satélite de localizações militares argentinas a aliados britânicos
- Organização dos Estados Americanos, 7 de Setembro de 2001. Presidente do México opina sobre o TIAR, citando o conflito das Malvinas em 1982 como "prova do fracasso do TIAR". (em castelhano)