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Feminismo

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Feminismos são movimentos políticos, mas também intelectuais e teóricos que buscam a desnaturalização, reconhecimento e a superação das relações assimétricas entre os gêneros feminino e masculino, reconhecendo também que esses não esgotam as experiências identitárias, nem sexuais de todos os indivíduos mas que, isso sim, representam uma estrutura binária por meio da qual os indivíduos são socialmente (mas não naturalmente) classificados. A partir do reconhecimento dos valores desiguais e arbitrariamente atribuídos aos sexos, às identidades sexuais, e sua insuficiência classificatória, os feminismos buscam oferecer instrumentos para identificação de tratamento iniquânime entre os gêneros nas práticas rotineiras, que por terem sido naturalizadas tornam-se difíceis e, às vezes, quase impossíveis de serem identificadas como violências[1][2].

Alguns feminismos já lutaram por igualdade entre os sexos, outros, pela diferença entre os sexos e sua valorização, outros ainda, pela eqüidade, ou seja, reconhecendo diferenças entre os gêneros (não mais sexos porque entende-se que sexo é também um olhar culturalmente construído sobre os corpos) buscam a valorização simétrica entre eles[3].

Por se oporem à norma, à regra geral de como as culturas lidam diferentemente com pessoas de gêneros distintos, os feminismos se opõem não a outros movimentos masculinistas ou machistas, mas à hegemonia e naturalização que uma perspectiva masculina obteve em quase (senão) todas as culturas humanas, pela naturalização dos homens nos espaços públicos de destaque e poder, como na produção do discurso científico e autorizado, assim como a naturalização das mulheres em ambientes domésticos ou de menos poder relativo. Obviamente, as feministas e os feministas não estão somente interessados nessa divisão binária entre homens e mulheres porque pensam e criticam também essa divisão e sua precedência moral sobre os indivíduos. Reconhece-se a existência no mundo social (e até natural[4]) dividido em muito mais cores do que homens e mulheres apenas, apontando essa divisão como arbitrária e violenta contra os indivíduos que a transcendem. Assim também, se questiona a heteronormatividade entre as múltiplas formas de convívio humano, denegadas ao longo da história por essa perspectiva.

Ao perceber que há uma narrativa hegemônica que se auto-regula, que gera as próprias normas de validação de seu discurso e prática ao longo das histórias humanas, os feminismos identificam que a mera aquisição ou entrada das mulheres, das lésbicas, dos gays, transsexuais, transgêneros e travestis (e outras identidades) no cargos e posições de poder e deliberação, não significa superação da lógica de subvalorização, por isso, o trabalho feminista não está esgotado na equalização das condições materiais entre os indivíduos, porque as formas machistas têm dinâmicas próprias de reprodução e disseminação cultural, não só na distribuição social. Por isso, continuam existindo feministas que pensam, criticam e lutam pela pluralização das perspectivas de mundo, contra a proeminência da heteronormatividade[5].

Índice

[editar] Uma perspectiva de sua história no ocidente

Na Grécia antiga o papel das mulheres era restrito à manutenção do lar e ao cuidado para com os filhos. Somente os homens tinham acesso as atividades públicas como a filosofia, a política e a arte. A mulher servia de suporte à vida do homem. No Império Romano a discriminação era semelhante, a legislação garantia ao homem, através da instituição do paterfamilias, poder absoluto sobre a mulher, filhos e escravos.

Já outras sociedades, como na Gália, na Germânia em alguns povos da América pré-colombiana (como os Iroqueses e os Hurons) possuíam uma organização que não atribuia diferenças hierárquicas em função das diferenças de sexo. Nas últimas duas, inexistia uma distinção entre economia doméstica e economia social, as tarefas eram divididas independentemente do sexo da pessoa.

Durante a Idade Média as mulheres tinham acesso à grande parte das profissões, assim como o direito à propriedade. Também era comum assumirem a chefia da família quando se tornavam viúvas. Há também registros de mulheres que estudaram nas universidades da época, porém em número muito inferior aos homens.

A escritora francesa Christine de Pizan (1364 - 1430), autora do livro "A Cidade das Mulheres" onde defende que há igualdade por natureza entre os sexos, pode ser considerada uma das primeiras feministas por apresentar um discurso em favor da igualdade entre os sexos. Defendendo, por exemplo, uma educação idêntica à meninas e meninos.

Com a desestruturação do modo de produção feudal e o início do Renascimento, marcado pelo mercantilismo, formação dos Estados Nacionais e retomada do Direito romano, surgem uma série de retrocessos na condição da mulher na sociade ocidental. As mulheres praticamente deixam de frequentar as universidades, têm restringido grande parte de seus direitos civis (como o direito à propriedade e heranças). O universo do trabalho também se fecha às mulheres, estas passam a transitar num restrito número de profissões, justamente num momento em que o trabalho passa a ter valor enquanto status social. Como símbolo maior desse período de retrocessos está a caça às bruxas iniciada pela igreja no século XV.

O feminismo, enquanto um movimento e uma filosofia, tem sua origem na Europa Ocidental a partir do século XVIII. Para alguns, este tipo de perspectiva só seria possível após o fenômeno do iluminismo com pensadoras como Mary Wortley Montagu e a Marquesa de Condorcet, lutadoras da educação feminina. A primeira sociedade científica para mulheres foi fundada em Middelburgo, uma cidade ao sul dos Países Baixos, em 1785.

É a partir das grandes revoluções que o feminismo incorpora seu cunho reivindicatório e, unindo-se a alguns Partidos, ganha força de expressão. Com a expansão do capitalismo e a Revolução Francesa surgem os partidos de esquerda onde as mulheres encontram espaço para as suas manifestações. Os partidos precisavam de mais colaboradores e as mulheres precisavam de um espaço para manifestar as suas reivindicações, como por exemplo, o direito ao voto. Os movimentos feministas passaram a ficar intimamente ligados aos movimentos políticos. Buscando ampliar as idéias liberais, as feministas defendiam que os direitos conquistados pelas revoluções deveriam se estender a ambos os sexos, por serem os direitos naturais de mulheres e homens iguais. Como resultado da participação das mulheres na Revolução Francesa, registra-se, por exemplo, a instauração do casamento civil e a legislação do divórcio.

O livro "Em defesa dos direitos da mulher", de Mary Wollstonecraft, é um dos poucos trabalhos escritos antes do século XIX que podem ser classificados como feminista. Pelos padrões modernos, a sua metáfora das mulheres como sendo a nobreza, a elite da sociedade e em perigo de preguiça intelectual e moral, não soa como um argumento feminista. Wollstonecraft acreditou que ambos os sexos contribuíam para a degradação da mulher e tomou como uma verdade que as mulheres tinham um poder considerável sobre os homens.

No século XIX, no contexto da Revolução Industrial, o número de mulheres empregadas aumenta significativamente. Sem com isso diminuir a diferença salarial entre os sexos, que tinha como justificativa o pressuposto de que as mulheres teriam quem as sustentasse. Nesse período a análise socialista ganha forma. No contexto desta visão, a situação da mulher aparece como parte das relações de exploração na sociedade de classes. Assim, o movimento feminista se fortifica como um aliado do movimento operário. Como movimento organizado, data da primeira convenção dos direitos da mulher em Seneca Falls, Nova Iorque em 1848.

Nísia Floresta Augusta foi uma das principais personalidades que introduziram o feminismo no Brasil. Natural do Rio Grande do Norte, ela atuou como educadora, jornalista, tradutora, escritora e poetisa. Augusta residiu no nordeste e sul do país mas também passou boa parte de sua vida na Europa (principalmente na França, mas também na Alemanha e Itália).

Em 1893 a Nova Zelândia foi primeiro país a conceder o direito de voto às mulheres. Em 1918, a Alemanha e o Reino Unido permitem o voto feminino, que só chegaria à França, à Itália e ao Japão em 1945.

Nas décadas de 1930 e 1940, as reinvindicações do movimento haviam sido formalmente conquistadas na maior parte dos países ocidentais (direito ao voto e escolarização e acesso ao mercado de trabalho). A possibilidade da mulher trabalhar ganhou força principalmente no contexto das duas grandes guerras, com grande parte dos homens envolvidos com a guerra as mulheres ocuparam os postos de trabalho vagos. Ao fim de ambas as guerras surgiram campanhas para desvalorizar o trabalho feminino, mostrando que os avanços conseguidos estavam ainda restritos ao âmbito legislativo.

Já na década de 1960, o movimento, influenciado por publicações como O Segundo Sexo (1949) de Simone de Beauvoir, passa a defender que a hierarquia entre os sexos não é uma fatalidade biológica e sim uma construção social. Para além da luta pela igualdade de direitos, incorpora o questionamento das raízes culturais das desigualdades.

[editar] Dia Internacional da Mulher

Passeata em Nova Iorque
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Passeata em Nova Iorque
Ver artigo principal: Dia Internacional da Mulher.

O Dia Internacional da Mulher é celebrado a 8 de Março de todos os anos. É um dia comemorativo para a celebração dos feitos econômicos, políticos e sociais alcançados pela mulher. De entre outros eventos históricos relevantes, comemora-se o incêndio na fábrica da Triangle Shirtwaist (Nova Iorque, 1911) em que 140 mulheres perderam a vida.

[editar] Dia Internacional de Combate à Violência contra a Mulher

O Dia Internacional de Combate a Violência contra a Mulher é celebrado em 25 de Novembro, decidido pelo Primeiro Encontro Feminista da latino-americano e do Caribe em 1981, e oficialmente adotado pela ONU em 1999. A data marca o brutal assassinato das revolucionárias Irmãs Mirabal a mando do então, ditador da República Dominicana, Rafael Trujillo, em 25 de novembro de 1961.

[editar] Sufrágio feminino

Ver artigo principal: Sufrágio feminino.

[editar] Feminismo e suas formas

Símbolo
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Símbolo

O movimento feminista vem se organizando e atuando em diferentes frentes de luta e em diferentes formas, tendo como consequência uma diversidade de vertentes que variaram ao longo da história e do contexto social: por meio da igualdade, da diferença e da separação, há porém, no feminismo um compromisso comum de por fim a dominação masculina e à estrutura patriarcal. As diferenças situam-se na identidade, no adversário, quais os focos de luta bem como as metas as quais se quer alcançar, as divergências vão da análise das raízes do patriarcalismo, a possibilidade de combater, de reformar o estado patriarcal e/ou capitalismo patriarcal, a heterossexualidade patriarcal ou ainda a dominação cultural.

O feminismo liberal e socialista tem a identidade nas mulheres como seres humanos e toma como adversário o Estado patriarcal e/ou capitalismo patriarcal, tem como meta direitos iguais, inclusive direito de ter filhos ou não. Concentrou seus esforços na obtenão de direitos iguais para homens e mulheres em todas as esferas da vida social, econômica e institucional.

As feministas radicais tiveram origem a partir daquelas mulheres que começaram a se organizar em oposição às contínuas discriminações que sofriam nas organizações de esquerda das quais participavam. Identificavam nos homens os agentes da opressão, tomando as outras formas de opressão como extensão da supremacia masculina. Concentravam seus esforços na conscientização e para tanto, organizavam grupos exclusivamente femininos.

O feminismo cultural tem a identidade na comunidade feminina, seus adversários são as instituições e os valores patriarcais, tem como meta a autonomia cultural.

O feminismo essencialista (espiritualismo, ecofeminismo) tem como identidade o modo feminino de ser, acreditam numa essência única feminina e tem como adversário o modo masculino de ser, tem como meta a liberdade matriarcal.

O feminismo lesbiano tem como identidade a irmandade sexual/cultural, como adversário a heterossexualidade patriarcal e como meta a abolição do gênero pelo separatismo.

Além dessas formas, há as identidades femininas específicas étnicas, nacionais, autodefinidas, estas tem identidade autoconstruídas por exemplo: feminista lésbica negra, tem como adversário a dominação cultural e como meta o multiculturalismo destituído de gênero.

Há ainda o feminismo pragmático (operárias, autodefesa da comunidade, maternidade etc.) que tem como identidade donas de casa, mulheres exploradas/agredidas e tem como adversário o capitalismo patriarcal e como meta a sobrevivência/dignidade.

Com a oposição de movimentações antifeministas, as diferenças entre feministas radicais e liberais foram cada vez mais ficando a margem, o que possibilitou a a aproximação entre essas correntes uma vez que seria necessária a união de forças para sustentar o movimento. Há também outro elemento a ser considerado ao se fazer a diferenciação das formas do feminismo que é o da geração, fator este que já não está relacionado à divisão entre radicais e liberais, mas ao maior grau de importância conquistado pelo lesbianismo, a importância dada a expressão sexual, e uma maior abertura para cooperar com os movimentos sociais masculinos, caracteristícas das gerações mais recentes.

Alguns tipos de organizações feministas podem ser encontrados: - Organizações nacionais, cuja principal exigência são os direitos iguais - Organizações prestadoras de serviços diretos (redes de grupos locais) - Organizações de defesa da mulher - especialistas

A partir da década de 60, uma década após Simone de Beauvoir ter escrito o livro O segundo sexo, aonde denúncia as raízes culturais e sociais da desigualdade sexual, as teorias feministas já passam a uma necessidade de compreensão do universo no qual a mulher está inserida a partir da construção social de sua condição. Incorporam, portanto outras frentes de luta, e começam a forjar o conceito de gênero e da hierarquia mascarada pela diferenciação de papéis.

Um movimento que tem suas origens no feminismo radical é o feminismo descontrutivista, que acredita ser o sexo (tanto no sentido biológico quanto social) uma construção social, que deve ser rejeitada enquanto unidade de classificação. Para esse tipo de feminismo, o paradigma de dois sexos deve ser substiuído por outro, que considere diversas sexualidades.

Embora muitas líderes do feminismo tenham sido mulheres, nem todas as pessoas adeptas do feminismo são mulheres e nem todas as mulheres são feministas. Um dos pontos de divergência no interior do movimento é a participação ou não de homens no movimento feminista.

O feminismo encontra bastante limitação fora do ocidente, onde esteve restrito durante o século XX. Os movimentos feministas esperam que suas ações e conquistas ganhem espaço em todo o mundo durante o século XXI.

Essa fragmentação e multiplicidade de identidades feministas, não se refere necessariamente a uma fraqueza, mas sim a uma força, já que encontramos sociedades caracterizadas por diversos conflitos sociais e lutas pelo poder, demandando diferentes formas de aliança e de autodefinição das identidades. Não há, portanto, um movimento único feminista, mas muitas identidades diferentes e autônomas, alcançando micropoderes, baseados nas experiências adquiridas pela vida. Estas experiências são tão diferentes que denunciam a multiplicidade de identidades femininas e o multiculturalismo que não podem ser negligenciados ou ser uma única forma imposta pelo patriarcalismo.


[editar] Tipos de feminismo

Mulher e criança - Nunivak Edward S. Curtis, 1930
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Mulher e criança - Nunivak
Edward S. Curtis, 1930

[editar] Relações com outros movimentos

O movimento feminista se relaciona com outros movimentos sociais na medida em que as questões ligadas a condição da mulher acabam por se interligar com questões de opressão como de classe, raça e sexual. Em alguns momentos da história, essa abetura não existe, principalmente pela necessidade de uma auto-afirmação das mulheres enquanto grupo organizado e autônomo. Porém, com as gerações que se seguem, novas condições vão sendo colocadas para os movimentos abrindo novas possibilidades de organização e de solidariedade entre movimentos de focos diferentes. Sobreposições de opressões como, por exemplo, a mulher negra, a mulher lésbica, a mulher pobre incentivam não só as frentes específicas dentro do feminismo, mas o coloca ao lado de outros movimentos que se colocam igualmente contra qualquer tipo de discriminação.

A maioria dos grupos feministas adopta uma visão holística quanto à política — o que concordaria com a frase de Martin Luther King, "Uma injustiça em algum lugar é uma injustiça em todo lugar". Principalmente nos Estados Unidos, onde a segregação racial é clara, alguns feministas costumam apoiar outros movimentos como o movimentos dos direitos cívicos e o movimento dos direitos homossexuais. Muitas feministas negras participam também do movimento negro, e criticam o feminismo por ser ele dominado por mulheres brancas; argumentam que os problemas enfrentados pela mulher negra são ainda piores em razão do preconceito racial somado ao preconceito de género. Essa idéia é a chave do feminismo pós-colonial. Muitas mulheres negras dos Estados Unidos preferem o termo womanism (algo como mulherismo) em detrimento do tradicional feminism.

Certas feministas rechaçam as mulheres transexuais, porque questionam a distinção entre homem e mulher. Mulheres transexuais são algumas vezes excluídas de reuniões exclusivas à mulheres e eventos feministas, e são rejeitadas por determinadas feministas que dizem que ninguém que nasceu homem poderá realmente entender a opressão que a mulher enfrenta. Por outro lado, as mulheres transexuais argumentam que somente uma visão estereotipada da transexualidade poderia clamar que estas pessoas representam construções tradicionais do "ser homem" e do "ser mulher"; que enfrentam discriminação semelhante às mulheres biológicas, e inclusive lutam a respeito de direitos legais que não lhes são assegurados; que não é a genitália o que torna uma pessoa mulher; que uma vez que realmente são mulheres, cabe a elas por direito o reconhecimento de suas lutas como lutas feministas; e que a discriminação que sofrem não é nada mais do que outra face do patriarcalismo e uma clara expressão de transfobia e misoginia. Veja também: transfeminismo

[editar] Efeitos do feminismo no Ocidente

O feminismo foi responsável por várias mudanças nas sociedades ocidentais como:

  • o direito ao voto (para as mulheres)
  • crescimento das oportunidades de trabalho para mulheres e salários mais próximos aos dos homens, muito longe ainda de oportunidades e promoções equiparadas
  • direito ao divórcio
  • controle sobre o próprio corpo em questões de saúde, inclusive quanto ao uso de preservativos e ao aborto, embora este último seja discutido em trés frentes, devido ao feto um ser vivo ou não, ser um direito da Criança, e devido ao feto ser também um direito do Homem por ser feito entre mulher e homem.

Algumas feministas dizem que muito falta a ser conquista nessas frentes, e as feministas do terceiro mundo muito provavelmente não tomariam essas conquistas por reais. A medida que a sociedade ocidental aceita os princípios feministas, exigências que antes pareciam absurdas se tornam convencionais e inquestionáveis: hoje em dia poucas pessoas questionariam o direito ao voto ou à propriedade de terras para mulheres, direitos que pareciam insensatos há 100 anos.

Em alguns casos (notadamente em relação aos salários iguais pela mesma função), apesar dos avanços, o movimento feminista ainda precisa batalhar para alcançar os objetivos completos. Os homens recebem salários maiores de mulheres na mesma função.

Em países Ocidentais, e já há vários , onde as mulheres ganham mais que os Homens. No entanto, as mulheres tendem a não apostar na carreira, por opção própria, e muitos homens também se queixam que tem menos "desculpas" para faltar ao emprego para cuidar dos filhos, para licenças de paternidade, para ir à escola, etc. Feitas as contas aos salários à hora, as mulheres trabalham muito menos horas em países desenvolvidos, e ganham mais, e têm mais direitos. Várias feministas, têm lutado pois não conseguem de facto apoios dos maridos, pois eles não podem, acabando por ser eles os prejudicados em trabalhos. Em países como a Suécia, Noruega, e outros, tem-se dado licenças de paternidade iguais, Guarda Conjunta, e outros, pois homens e mulheres, e até sindicatos, viram que havia discrinação contra os homens, que prejudicava todos.

Feministas propõe frequentemente o uso de uma linguagem não sexista, que utiliza, por exemplo, "senhorita" tanto para mulheres casadas como para mulheres solteiras. Também procuram criticar o uso de palavras que derivam do género masculino para descrever coisas relativas tanto à mulher quanto ao homem (por exemplo, homem para designar o ser humano; ou o uso de pronomes masculinos no plural, quando em referência a grupo de homens e mulheres — eles). Isso pode ser visto como uma tentativa de eliminar o sexismo de algumas línguas, pois algumas feministas acreditam que a linguagem afeta diretamente a percepção da realidade (veja hipótese de Sapir-Whorf). Existem línguas que possuem pronomes masculinos, femininos e neutros; nos locais onde a língua não impõe uma preferência por género, a discussão sobre linguagem sexista tende a ser minimizada. Mas uma vez que o idioma inglês (que é sexista) se torna a cada dia uma língua universal, o debate sobre linguagem sexista adquire importância.

[editar] Efeitos na educação moral

Aqueles que se opõe ao feminismo dizem que a busca da mulher por poder externo, aparente, em oposição à força interior no sentido de afetar a ética e os valores de outras pessoas, deixou um vácuo na área da educação moral, área em que tradicionalmente a mulher tinha influência. Algumas feministas argumentam que a educação, incluindo a educação moral, não devem ser encarada como responsabilidade exclusiva da mulher. Paradoxalmente, alguns dizem que a educação dada em casa pelas mães é uma maneira de agir feminista. Esses argumentos são muito discutidos, no que tange a responsabilidade do ensino de valores sociais e compaixão para as crianças.

[editar] Efeitos nas relações heterossexuais

O feminismo certamente teve efeitos nas relações heterossexuais, no Ocidente e em outros locais onde se fez presente.

Em alguns relacionamentos, houve uma mudança sensível na relação entre o homem e a mulher. Ambos tiveram de se adaptar a novas situações. Em alguns momentos específicos como na primeira e na segunda guerra mundial foi necessária a presença da mulher na esfera do trabalho, mas ainda por necessidades econômicas daquele contexto, posteriormente a mulher passa a absorver de maneira mais homogênea as necessidades do mercado de trabalho, mulheres de classe média também passam a ocupar essa esfera.

A mulher é sobrecarregada pela tripla jornada de trabalho: o trabalho doméstico, o trabalho formal e o papel de cuidar dos filhos. Essa nova condição coloca para os relacionamentos tradicionais entre homens e mulheres um questionamento quanto a divisão de funções entre ambos,já que a mulher ocupa também o lugar de provedora, quem cuida dos filhos? quem faz o trabalho doméstico? Logo, a luta das mulheres por creche, como direito de toda criança a ser garantido pelo estado, faz parte também da luta feminista

Em países mais patriarcalistas como o Brasil, ainda que as mulheres tenham somado as atividades da casa e trabalho, há ainda muita dificuldade em se estabelecer uma relação de igualdade no que diz respeito a divisão de tarefas domésticas, inclusive por conta do enraízamento cultural de papéis masculinos e femininos cristalizados.

Outra reivindicação do feminismo é a licença paternidade com o mesmo tempo para o homem e para mulher, ainda que, a exceção, em alguns países isso já ocorra, não é um direito garantido em todos os países.

Quanto ao comportamento sexual, as mulheres passaram a ter mais controle sobre seus corpos, e passaram a vivenciar o sexo com mais liberdade do que antes lhes era permitido. A consequência dessa revolução sexual é vista como positiva, uma vez que homens e mulheres passaram a poder ter experiências sexuais mais livres e compartilhadas. Entretanto algumas feministas argumentam que a revolução sexual foi benéfica apenas para os homens, uma vez que ainda se mantém valores diferentes para o que fazem homens e mulheres na vida sexual.

Alguns outros elementos abalaram a estrutura tradicional de família: a possibilidade do divórcio, o avanço da tecnologia que criou condições para a mulher se reproduzir sem que dependa de um parceiro, e as novas possibilidades de relacionamento, vem colocando em questão a estrutura patriarcal de família.

[editar] Efeitos na religião

O feminismo teve grande efeitos em variados aspectos da religião. Nas correntes liberais do protestantismo, a mulher agora pode ser ordenada clériga, e em algumas correntes do judaísmo a mulher pode ser ordenada rabina e cantor . Nesses grupos cristãos e judaicos a mulher adquiriu certa igualdade perante o homem, na capacidade de obter posições de poder. Essas mudanças enfretam resistência na igreja católica e no Islão. Toda a tradição do Islão proíbe as mulheres muçulmanas de ocupar posições religiosas e de estudo da religião. Movimentos liberais dentro do islamismo procuram trazer reformas ao Islão que permitam, por exemplo, a participação mais efetiva das mulheres. Já quanto a Igreja Católica, é notória sua tradição quanto ao abuso e discriminação contra as mulheres (veja por exemplo, o funcionamento do Convento das Madalenas); as mulheres católicas são proibidas de ascender na hierarquia religiosa, e se decidirem dedicar-se à religião só podem ser freiras.

O Budismo também passou a autorizar mulheres e tem um caso na Europa, mas é tudo ainda muito incipiente.

O feminismo também foi importante na criação de novas formas de religião. Especialmente as religiões neopagãs enfatizam a importância de uma deusa ou divindade feminina, e questionam a sujeição da mulher nas religiões tradicionais. Certo ramo da Wicca conhecido como Wicca Diânica tem sua origem no feminismo radical. Próximo a Wicca, há o feminismo mágico, corrente que argumenta quanto a incompreensão dos homens para com aquilo que chamam de bruxas, ou seja, mulheres com conhecimento científico ou médico superior. A auto-identificação como bruxas revela a posição dessas feministas em recuperar conhecimentos perdidos em razão da perseguição e eliminação das bruxas no passado.

O feminismo também discute o papel das mulheres na mitologia das religiões tradicionais. Especialmente no caso de Maria, é discutida a contradição de se acreditar que foi mãe e virgem, o que levaria muitas mulheres a aspirar um ideal impossível, e portanto teria consequências negativas em relação à sexualidade feminina.

[editar] Críticas ao feminismo

O movimento social de mulheres, andando de mãos dadas com o feminismo conseguiu uma série de avanços na sociedade ocidental. O sufrágio universal, proteção legal para trabalhadoras gestantes, criação de delegacias específicas para mulheres, abolição de algumas leis misóginas, etc.

Mas, como todo movimento de mudança social, o movimento de mulheres recebeu algumas reações contrárias, algumas das quais claramente misóginas. É complicado falar em críticas ao feminismo, porque é complicado falar em feminismo, tendo em vista que são várias correntes de pensamento e não apenas uma. Porém existem algumas críticas ao "feminismo em geral" ou a idéia que se tem do que seja o feminismo.

Alguns críticos (tanto homens quanto mulheres) pensam que as feministas estão efectivamente pregando o ódio contra os homens, ou tentando mostrar a inferioridade do homem; argumentam que se as palavras "homem" e "mulher" forem substituídas por "negro" e "branco", os textos feministas podem se transformar naturalmente em manifestos racistas. Essas são críticas que cabem se aplicadas a pensadoras como Valerie Solanas -que propõe a eliminação masculina em seu Scum Manifesto- mas que não cabem se aplicadas indiscriminadamente a qualquer pensamento feminista. Na verdade, parecem aquelas críticas do começo do século XIX que viam as sufragettes como odiadoras-de-homens, é uma crítica que reduz as sutilezas e questionamentos profundos de como funcionam as relações opressoras de gênero a um simples não-gostar.

Outros críticos dizem que, por conta do feminismo, os homens começam a ser oprimidos; a crítica diz que em países como os EUA a taxa de suicídios entre homens tem crescido bastante desde a década de 70, sendo maior do que a taxa entre a população feminina, e tenta concluir com isso que os homens estão se matando mais devido a uma contra-opressão por parte das mulheres. As feministas se defendem afirmando que não há relação causal necessária entre o feminismo e o aumento do suicídio masculino.

Alguns grupos conservadores vêem o feminismo como elemento de destruição dos papéis tradicionais dos géneros e dos valores da família nuclear, nomeadamente quando o pai e a mãe são trabalhadores bem sucedidos e ocupados, não sobrando ninguém para cuidar bem das crianças. As feministas geralmente respondem que os papéis tradicionais de género servem para silenciar e oprimir a mulher e que a família nuclear é a semente da sociedade patriarcal.

Outra crítica é de que a justiça, a partir da intervenção feminista, tem privilegiado mulheres em disputas legais do tipo custódia das crianças em caso de divórcio, ou em casos de assédio sexual aonde seria quase que impossível para um acusado provar-se inocente. Outras críticas estão ligadas a questão de acção afirmativa.

Mais algumas críticas, e essas são mais interessantes, são voltadas a tipos específicos de feminismo:

Feministas pós-coloniais criticam as formas ocidentais de feminismo, notadamente o feminismo radical e sua tentativa de universalizar a experiência de ser mulher. As pós-coloniais argumentam que o conceito generalizado e global de que é ser mulher geralmente é baseado em padrões de classe média e de mulheres brancas, e logo não é capaz de lidar com experiências de mulheres para as quais o preconceito de género é apenas secundário ou terciário, em relação ao preconceito racial e de classe social.

[editar] O feminismo hoje

Mulheres em fila para votar no Bangladesh.
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Mulheres em fila para votar no Bangladesh.

Muitas feministas acreditam que a discriminação contra mulheres ainda existe tanto em países subdesenvolvidos quanto em países desenvolvidos. O quanto de discriminação e a dimensão do problema são questões abertas.

Existem muitas idéias no movimento a respeito da severidade dos problemas atuais, sua essência e como enfrentá-los. Em posições extremas encontram-se certas feministas radicais que argumentam que o mundo poderia ser muito melhor se houvessem poucos homens. Algumas feministas afastam-se das correntes principais do movimento, como Camille Paglia; se afirmam feministas mas acusam o feminismo de ser, por vezes, uma forma de preconceito contra o homem. (Há um grande número de feministas que questiona o rótulo "feminista", aplicado a essas dissidentes.)

Muitas feministas, no entanto, também questionam o uso da palavra "feminismo" para se referir a atitudes que propagam a violência contra qualquer género ou para grupos que não reconhecem uma igualdade entre os sexos. Algumas feministas dizem que o feminismo pode ser apenas uma visão da "mulher como povo". Posições que se baseiam na separação dos sexos são consideradas, para esses grupos, sexistas ao invés de feministas.

Há feministas que fazem questão de assumir diferenças entre os sexos — ao contrário da corrente principal que sugere que homem e mulher são iguais. A ciência moderna não tem um parecer claro sobre a extensão das diferenças entre homem e mulher, além dos aspectos físicos (anatómicos, genéticos, hormonais). Essas feministas sustentam que, embora os sexos sejam diferentes, nenhuma diferença deve servir de base à discriminação.

O debate sobre questões feministas no Ocidente não deve, no entanto, distrair o movimento feminista de seu principal objectivo no século XXI: promover maiores direitos para as mulheres nas sociedades do Oriente.

[editar] Estatísticas mundiais

Apesar dos avanços feitos pelas mulheres no que respeita à igualdade no mundo ocidental, há um longo caminho a percorrer para se chegar à igualdade, de acordo com as seguintes estatísticas:

  • As mulheres detêm apenas 1% da riqueza mundial, e ganham 10% das receitas mundiais, apesar de constituirem 49% da população.
  • Quando se considera a criação dos filhos e o trabalho doméstico, as mulheres trabalham mais do que os homens, quer no mundo industrializado, quer no mundo subdesenvolvido (20% a mais no mundo industrializado, 30% no resto do mundo).
  • As mulheres estão sub-representadas em todos os corpos legislativos mundiais. Em 1985 a Finlândia detinha a maior percentagem de mulheres na legislatura nacional, com aproximadamente 32% (cf. NORRIS, P.. Women's Legislative Participation in Western Europe, West European Politics). Atualmente, a Suécia tem o maior número, com 42%. A média mundial é apenas 9%.
  • Em média, mundialmente, as mulheres ganham 30% menos do que os homens, mesmo quando têm o mesmo emprego.

[editar] Ver também

[editar] Feminismo em Portugal

Ver artigo principal: Feminismo em Portugal.
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[editar] Feminismo no Brasil

Ver artigo principal: Feminismo no Brasil.

[editar] Ligações externas

Commons
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[editar] Referências

  1. Butler, Judith. Problemas de Gênero. Civilização Brasileira. Rio de Janeiro. 2003
  2. Bodies that Matter', Routledge, New York, 1993
  3. Badinter, Elisabeth. "L'Un est l'Autre". Odile Jacob. 1986
  4. A esse respeito procurar Joan Roughgarden, cientista, bióloga, que pesquisa sexualidade e gênero entre diversas espécies animais
  5. Ortner, Sherry and Harriet Whitehead. "Sexual meanings: The cultural construction of Gender and Sexuality". Cambridge university Press, 1981

[editar] Bibliografia

  • ALVES, Branca Moreira & PITANGUY, Jacqueline. O que é feminismo. São Paulo: Editora Brasiliense, 1991.
  • PINTO, Céli Regina Jardim. Uma história do feminismo no Brasil. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, 2003.
  • CASTELLS, Manuel. O poder da identidade. São Paulo: Paz e Terra, 1999, 2000.
  • FARIA, Nalu & NOBRE, Miriam. Gênero e desigualdade. São Paulo : Sempreviva Organização Feminista, 1997
  • TELES, Maria Amélia da Almeida. Breve história do feminismo no Brasil. São Paulo : Editora Brasiliense, 1993
  • BEAUVOIR, Simone de. Segundo sexo. São Paulo : Difel, 1955.
  • ROSEMBERG, Fúlvia, PINTO, Regina P.& NEGRÃO, Esmeralda V. A educação da mulher no Brasil. São Paulo: Global Editora, 1982

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