Altar de Pérgamo
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Altar de Pérgamo é uma magnífica estrutura dedicada a Zeus, originalmente construída no século 2 a.C. na cidade grega de Pérgamo (hoje Bakir, na Anatólia, Turquia).
A construção, que sofrera muito com o tempo e estava destruída, foi escavada, no final do século XIX, em seu sítio original, e suas partes enviadas para a Alemanha por uma expedição arqueológica liderada por Carl Humann. O altar foi então abrigado no Museu Pergamon em Berlim, onde pode ser visto junto a outras estruturas monumentais como o Portão do Mercado de Mileto e a Porta de Ishtar da Babilônia. Parece ter inpirado o arquiteto da tumba de Lenin na Praça Vermelha, em Moscou, e um monumento em Roma.
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[editar] O altar
O altar tem um longo friso em baixo-relevo, com 113 metros de comprimento mostrando a gigantomaquia ou a luta entre os deuses e gigantes da mitologia. Segue o esquema tradicional grego, consistindo de uma vasta plataforma murada de onde saem colunas jônicas. De cada face, escadarias monumentais levam ao alto. Os frisos são montados nos muros baixos e não no alto das colunatas como no Partenon.
[editar] Gigantomaquia
Devido à natureza escolástica da arte helênica, tem-se teorizado que o projeto do friso foi profundamente intelectual. A teoria mais aceita diz que é baseado na Teogonia de Hesiodo, arranjado genealogicamente, com os descendentes de Urano, os Titans e os Olimpicos, representando o combate entre a ordem e o caos. Existem também referências a Ponto no lado mais próximo ao mar, e a Nyx, associados à escuridão, mortalidade e destino, na posição central do lado norte. Não existe unanimidade no entanto, e outras interpretações mostram Persefone e Diana, que não aparecem na Teogonia. Com certeza, reconhecem as figuras de Atenas, Áres, Zeus, Hércules, Hera, Apolo, Letes e Artemis no lado leste; as divindades da luz Febo, Selene, Hélio e Eos no lado sul; o friso do pódio, no lado oeste Dionisio, Cibele e Rhea; no lado norte, Poseidon e Anfitrite. Estes frisos constituem um dos momentos maiores da escultura grega, representando o apogeu de um certo barroco helênico.
[editar] Uso politíco
O grande altar provavelmente foi construído a mando de Eumenes II, da dinastia Attalid, após suas vitórias militares no Mar Mediterrâneo que lhe deram o domínio sobre a Ásia Menor. Pérgamo desejava cultivar sua imagem dentro da supremacia cultural e política perdidas por Atenas no mundo grego. Tinha varios projetos, inclusive o patrocínio de monumentos na Acrópole ateniense. O friso fazia direta referência tanto ao Partenon quanto às vitórias navais de Anibal em Cartago, mostrando Pérgamo como defensora da cultura grega. Na base do altar, um friso descreve a vida de Telefos, filho de Herácles e mitológico criador da dinastia Attalid associada à cidade, tentando fazer sua ligação com os deuses do Olimpo. Pérgamo, tendo se desenvolvido muito mais tarde que seus conterrâneos, não podia reclamar a mesma herança divina das antigas cidades-estado, mas tentava cultivar seu lugar na mitologia grega.
Na época em que foram levados para a Alemanha, o império germânico reagrupado procurava aumentar sua influência cultural, e aproveitou sua aliança com o Império Otomano para concorrer com seus rivais ingleses e franceses, num jogo cultural e geopolítico que acabou na Grande Guerra. O magnífico saque incluiu o altar, reliquias da Babilônia, Troia, e obras muçulmanas.
Na atualidade, o governo turco reclama a devolução do altar, que teria sido contrabandeado. A polêmica, parecida com a do mármores de Elgin, frisos do Partenon, que a Grécia quer retomar da Inglaterra, promete levar muito tempo ainda.
[editar] Bibliografia
- H. Kähler, Der grosse Fries von Pergamon: Untersuchungen zur Kunstgeschichte und Geschichte Pergamons, Berlin, Gebr. Mann, 1948 ;
- L'Autel de Pergame : images et pouvoir en Grèce d'Asie , Picard, coll. « Antiqua », 2005 - ISBN 2708407341,
- R. R. R. Smith, La Sculpture hellénistique, Thames & Hudson, coll. « L'Univers de l'art », Londres, 1996 - ISBN 2-87811-107-9 ;