Pio XII (Maranhão)
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Pio XII é um município do estado do Maranhão, Brasil. Localiza-se na microrregião do Médio Mearim, mesorregião do Centro Maranhense. O município tem cerca de 26 mil habitantes e 180 km². Foi criado em 1959.
[editar] História
O município de Pio XII está situado na meso-região do centro maranhense e na micro-região do médio Mearim. Fica em 3°52′30″ S, 45°07′30″ W, a 270 km de São Luis, capital do estado do Maranhão. Tem como municípios limítrofes, Bela Vista ao norte, Olho D'água das Cunhãs ao sul, Conceição do Laga Açu a leste e Satubinha a oeste. Na atual divisão administrativa do governo do estado, Pio XII está subordinado à Gerência de Pindaré. Possui temperatura média anual entre 26º e 27° C (Maranhão em dados 2003).
O município foi criado pela Lei Estadual nº 1.730, de 26 de janeiro de 1959, na gestão do governador José de Matos Carvalho. O nome foi dado em homenagem ao papa Pio XII (Eugênio Pacelli), falecido um ano antes. Em 04/10/1977, a Lei Estadual nº 3.899 transferiu a sede do município, do distrito de Satubinha (hoje também município) para o distrito de Andirobal dos Crentes, sob a gestão do governador Nunes Freire e do prefeito Raimundo Nonato Jansen Veloso. Pio XII possui hoje uma população de 25.421 habitantes (BNDES, estimativa do IBGE para 2002). A agricultura e a pecuária são a base de sua economia. Seus indicadores sociais são preocupantes: enquanto que no Brasil o índice de analfabetos com mais de 15 anos é de 13,63%, no Maranhão é de 28,39%, em Pio XII esse número chega a 43,52%; enquanto a taxa de mortalidade infantil no Maranhão é de 54,2 em cada 1.000 nascidos vivos, em Pio XII esse número sobe para 72,1 por mil (BNDES, 2002).
A origem de Pio XII está relacionada aos desacordos políticos entre o coronel Pedro Gonçalves e a classe política de Vitória do Mearim e ao deslocamento do referido coronel para o distrito de Satubinha, distante 18 quilômetros da sede do município de Vitória do Mearim, na tentativa de expandir seus negócios comerciais. Amigo do governador Matos de Carvalho e do senador Vitorino Freire, Pedro Gonçalves relatou a eles os problemas que estava enfrentando com os políticos de Vitória e revelou o seu interesse por Satubinha.
O distrito de Satubinha foi "presenteado" ao coronel Pedro Gonçalves como parte das estratégias políticas de expansão do latifúndio e intensificação do poder do coronel Vitorino Freire, principal representante dos interesses oligárquicos no estado. Desde o começo da década de 50, Vitorino dirigia o Maranhão com mão-de-ferro, escolhendo governadores, fraudando eleições e ameaçando quem porventura se opusesse a ele.
Em 1966, José Sarney se torna governador do Maranhão, derrotando a oligarquia de Vitorino Freire e inaugurando a "era Sarney", na qual foi aprofundada a pobreza do estado. Um ano após a fundação de Pio XII, Elias Jorge Fahd, aliado de Pedro Gonçalves, é eleito prefeito. Não por coincidência, nos anos de maior repressão (de 67 a 69 e durante todo o governo Médici, de 70 a 74) do regime militar em vigor no Brasil, à frente do poder municipal estão duas das figuras mais autoritárias da história local: em 1965, o cruel coronel Pedro Gonçalves volta à prefeitura de Pio XII e, depois dele, José Raimundo Bastos da Silva, o "Zé Dico", fica como prefeito de 70 a 72. É também o período de implantação da Lei Sarney (expulsão dos agricultores pobres de terras consideradas do estado e facilitação de compra dessas mesmas terras pelos ricos) no município. Mesmo fora do poder, Zé Dico continuaria exercendo o seu poder de "coronel". Contra ele pesam ainda hoje várias denúncias de prática de violência contra "moradores" e suspeitas de pistolagem. Os dois governos estaduais seguintes, Pedro Neiva de Santana e Osvaldo da Costa Nunes Freire, eleitos indiretamente, pois a ditadura proibira o voto popular para governador de estado, dão continuidade ao programa de obras de José Sarney. Em Pio XII, Zé Dico é sucedido por Wilson Gonçalves que,por sua vez, é sucedido por Raimundo Nonato Jansen Veloso. Nesse ínterim, a proximidade à BR 316 fazia com que o povoado Andirobal dos Crentes passasse a ser mais frequentado que a localidade onde havia sido instalada a sede do município (o povoado Satubinha). A denominação Andirobal dos Crentes é atribuída à existência, no local, de muitas andirobas, árvore da família das meliáceas cuja madeira é utilizada na fabricação de uma vela cuja cera expulsa o mosquito da dengue, e a um grande fluxo migratório de religiosos da Assembléia de Deus, provenientes da região Norte.
Em 04/10/1977 é criada a lei que transforma o povoado Andirobal na nova sede do município e em 19 de novembro do mesmo ano a sede é instalada. De 1977 para cá, algumas personagens mudaram de lado no xadrez político local, mas os acordos, baseados em negociatas financeiras e apropriação de dinheiro público continuam. Depois de Jansen Veloso, Aluísio Monteiro de Lima (1983-1988) é eleito prefeito. Raimundo Rodrigues Batalha (1989-1992) é o próximo. Depois dele, é eleito Jonatas Jeová da Silva Filho (1993-1996), irmão de Zé Dico. Acusado de abuso de poder econômico pelo adversário Raimundo Nonato Jansen Veloso, Jonatas é afastado do cargo e Jansen Veloso o ocupa durante 45 dias. Na eleição seguinte, Jansen Veloso volta à prefeitura (1997-2000) e é reeleito mais uma vez (1997-2000). Raimundo Rodrigues Batalha se candidata mais uma vez e vence Elisiário Sousa Oliveira na eleição de 2004.
Pesam contra todos os ex-prefeitos, inclusive o atual, a acusação de apropriação de bens e dinheiro público. Acessores de Raimundo Batalha, em sua primeira gestão, foram acusados de deixar a sede da prefeitura com o dinheiro que deveria pagar o 13º salário dos funcionários. Jansen Veloso,no início da gestão 1997-2000 construiu uma praça que deu novo ânimo ao centro comercial da cidade e pela primeira vez realizou concurso público para os servidores do município. Em compensação, na gestão 2001-2004, pouco fez para que o município deixasse de estar entre os 200 mais pobres do Brasil. Além disso, a família Veloso passaria a ostentar uma riqueza em desacordo com sua renda, com a aquisição de carros, casas e outros bens, que despertaram na população as suspeitas de apropriação de dinheiro público.
O atual prefeito, Raimundo Rodrigues Batalha, por sua vez, está sendo acusado de ter ganho a eleição de 2004 montado num forte esquema de compra de votos.
O clientelismo, domínio oligárquico e nepotismo, e a defesa dos interesses dos grandes proprietários são aspectos presentes desde a origem do município. Por essa razão, Pio XII está entre os 80 municípios maranhenses que precisam com urgência deixar o estágio da mais alta pobreza.