Nobel da Paz
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O Nobel da Paz (a sílaba tónica é a segunda, se quisermos manter a pronúncia original) é um dos cinco Prémios Nobel, legado pelo inventor da dinamite, o sueco Alfred Nobel. Enquanto que os prémios para a Física, Química, Medicina e Literatura são entregues anualmente em Estocolmo, o Nobel da Paz é atribuído em Oslo, capital da Noruega. O Comité Nobel norueguês, cujos membros são nomeados pelo Parlamento norueguês, tem a função de escolher o laureado pelo prémio, que é entregue pelo seu presidente (actualmente, o Dr. Ole Danbolt Mjøs). Na altura da morte de Alfred Nobel, a Suécia e a Noruega estavam em união pessoal, pela qual o parlamento sueco ficava responsável pela política internacional, estando o Stortinget (Parlamento norueguês) apenas encarregado da política interna norueguesa. Alfred Nobel decidiu, assim, que fosse a Noruega a decidir o laureado pelo Nobel da Paz, de forma a prevenir a influência de poderes políticos internacionais no processo de atribuição do Nobel.
De acordo com a vontade de Alfred Nobel, o prémio deveria distinguir "a pessoa que tivesse feito a maior ou melhor ação pela fraternidade entre as nações, pela abolição e redução dos esforços de guerra e pela manutenção e promoção de tratados de paz".
Ao contrário dos outros prémios Nobel, o Nobel da Paz pode ser atribuído a pessoas ou organizações que estejam envolvidas num processo de resolução de problemas, em vez de apenas distinguir aqueles que já atingiram os seus objectivos nalguma área específica. É, portanto, um prémio Nobel com caracterísiticas próprias.
[editar] Os laureados
Segue-se a lista dos laureados pelo Prémio Nobel da Paz:
1901 | Jean Henri Dunant (Suíça), fundador da Cruz Vermelha Internacional e promotor da Convenção de Genebra. |
Frédéric Passy (França), fundador e presidente da Sociedade francesa para a paz. | |
1902 | Élie Ducommun (Suíça) e Charles Albert Gobat, secretários honorários do Secretariado Internacional da Paz em Berna |
1903 | Sir William Randal Cremer (Reino Unido), secretário da International Arbitration League. |
1904 | Instituto de Direito Internacional (Gante, Bélgica). |
1905 | Bertha Sophie Felicitas Baronin von Suttner, ou Bertha Gräfin Kinsky von Wchinitz und Tettau (Áustria), escritora e presidente honorária do Gabinete Internacional Permanente para a Paz. |
1906 | Theodore Roosevelt (Estados Unidos da América), presidente dos Estados Unidos, por promover o tratado de paz na Guerra russo-japonesa. |
1907 | Ernesto Teodoro Moneta (Itália), presidente da Liga Lombarda para a Paz. |
Louis Renault (França), professor catedrático de Direito Internacional. | |
1908 | Klas Pontus Arnoldson (Suécia), fundador da Sociedade Sueca para a Paz e a Arbitragem. |
Fredrik Bajer (Dinamarca), presidente honorário do Secretariado Internacional da Paz. | |
1909 | Auguste Marie Francois Beernaert (Bélgica), membro do Tribunal Permanente de Arbitragem. |
Estournelles de Constant, Barão de Constant de Rebecque (França), fundador e presidente da delegação parlamentar francesa para a arbitragem internacional, e fundador do Comité de defesa dos interesses nacionais e conciliação internacional | |
1910 | Gabinete Internacional Permanente para a Paz, Berna. |
1911 | Tobias Michael Carel Asser (Países Baixos), iniciador das Conferências Internacionais de Haia. |
Alfred Hermann Fried (Áustria), fundador do Die Waffen Nieder. | |
1912 | Elihu Root (Estados Unidos da América), por negociar vários tratados de paz. |
1913 | Henri la Fontaine (Bélgica), presidente do Gabinete Internacional Permanente para a Paz. |
1914 | Não atribuído. |
1915 | |
1916 | |
1917 | Cruz Vermelha, Genebra. |
1918 | Não atribuído. |
1919 | Woodrow Wilson (Estados Unidos da América), por fundar a Liga das Nações. |
1920 | Léon Victor Auguste Bourgeois, presidente do Conselho da Liga das Nações. |
1921 | Hjalmar Branting (Suécia), primeiro ministro, delegado sueco para o Conselho da Liga das Nações. |
Christian Louis Lange (Noruega), secretário geral da União Interparlamentar | |
1922 | Fridtjof Nansen (Noruega), delegado norueguês para a Liga das Nações, criador do passaporte Nansen para os refugiados. |
1923 | Não atribuído. |
1924 | |
1925 | Sir Austen Chamberlain (Reino Unido), pelos Tratados de Locarno. |
Charles Gates Dawes (Estados Unidos da América), presidente da Comissão Internacional de Reparações, redactor do Plano Dawes. | |
1926 | Aristide Briand (França), pelos Tratados de Locarno. |
Gustav Stresemann (Alemanha), pelos Tratados de Locarno. | |
1927 | Ferdinand Buisson (França), fundador e presidente da Liga dos Direitos do Homem. |
Ludwig Quidde (Alemanha), delegado em várias conferências de paz. | |
1928 | Não atribuído. |
1929 | Frank B. Kellogg (Estados Unidos da América) pelo Pacto Briand-Kellogg. |
1930 | Arcebispo Lars Olof Nathan (Jonathan) Söderblom (Suécia), líder do movimento ecuménico. |
1931 | Jane Addams (Estados Unidos da América), presidente internacional da Liga Feminina Internacional para a Paz e Liberdade |
Nicholas Murray Butler (Estados Unidos da América), por promover o Pacto Briand-Kellogg. | |
1932 | Não atribuído |
1933 | Sir Norman Angell (Ralph Lane) (Reino Unido), escritor, membro do comité executivo da Liga das Nações e do Conselho Nacional da Paz. |
1934 | Arthur Henderson (Reino Unido), presidente da Conferência de Desarmamento da Liga das Nações |
1935 | Carl von Ossietzky (Alemanha), jornalista pacifista. |
1936 | Carlos Saavedra Lamas (Argentina), presidente da Liga das Nações e medidador no conflito entre Bolívia e Paraguai. |
1937 | Viscount Cecil of Chelwood (Lord Edgar Algernon Robert Gascoyne Cecil), fundador e presidente da Campanha Internacional pela Paz. |
1938 | Comité Internacional Nansen para os Refugiados, Genebra. |
1939 | Não atribuído. |
1940 | |
1941 | |
1942 | |
1943 | |
1944 | Comité Internacional da Cruz Vermelha (premiada retroactivamente, em 1945). |
1945 | Cordell Hull (EUA), por ser um dos fundadores das Nações Unidas. |
1946 | Emily Greene Balch (EUA), presidente honorária internacional da Liga Feminina Internacional para a Paz e Liberdade |
John R. Mott (EU), presidente do Conselho Missionário Internacional e da Aliança mundial das associações cristãs de moços | |
1947 | The Friends Service Council - ou Conselho da Sociedade dos Amigos (Quacres, Reino Unido) e a Comité Americano da Sociedade dos Amigos (Quacres, Estados Unidos da América), em prol da Sociedade Religiosa dos Amigos. |
1948 | Não atribuído |
1949 | Lord John Boyd Orr of Brechin (Reino Unido), director da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura, presidente do Conselho Nacional de Paz e presidente da União Mundial de Organizações para a Paz. |
1950 | Ralph Bunche, pela sua mediação na Palestina (1948). |
1951 | Léon Jouhaux (França), presidente do Comité Internacional do Conselho Europeu, vice-presidente da Confederação Internacional de Sindicatos Livres, vice-presidente da Federação Mundial de Sindicatos, membro do conselho da Organização Internacional do Trabalho, delegado junto das Nações Unidas. |
1952 | Albert Schweitzer (França), por fundar o Hospital de Lambaréne no Gabão. |
1953 | Secretário de Estado Americano George Catlett Marshall, pelo Plano Marshall. |
1954 | O Gabinete do Alto Comissariado das Nações Unidas para os refugiados. |
1955 | Não atribuído. |
1956 | |
1957 | Lester Bowles Pearson, então Primeiro Ministro do Canadá e presidente da 7ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, por iniciar os esforços pela pacificação da Crise do Suez. |
1958 | Dominique Georges Pire (Bélgica), líder da Europa do Coração, uma organização de relevo de ajuda a refugiados. |
1959 | Philip Noel-Baker (Reino Unido), pelo empenho de toda uma vida na paz e cooperação internacional. |
1960 | Albert Lutuli (África do Sul), presidente do ANC (Congresso Nacional Africano). |
1961 | Dag Hammarskjöld (Suécia), Secretário Geral das Nações Unidas (Hammarskjöld já era candidato ao Nobel da Paz quando morreu e foi premiado a título póstumo. Após a atribuição deste prémio houve alteração das regras de atribuição no sentido de posteriormente não permitir atribuições do Nobel a título póstumo). |
1962 | Linus Carl Pauling (Estados Unidos da América), pela sua campanha contra os testes de armamento nuclear. |
1963 | Comité Internacional da Cruz Vermelha, Genebra. |
Liga das Sociedades da Cruz Vermelha, Genebra. | |
1964 | Martin Luther King Jr (Estados Unidos da América), activista dos direitos humanos. |
1965 | Fundo Internacional das Nações Unidas para o auxílio à infância (UNICEF) |
1966 | Não atribuído. |
1967 | |
1968 | René Cassin (França), presidente do Tribunal Europeu dos Direitos Humanos. |
1969 | Organização Internacional do Trabalho (OIT), Genebra. |
1970 | Norman Borlaug (Estados Unidos da América), pela suas pesquisas no Centro Internacional de Melhoramento de Milho e Trigo. |
1971 | Chanceler Willy Brandt (Alemanha), por colocar em prática a Ostpolitik, na República Federal da Alemanha, que estabeleceu uma nova atitude em relação aos países de leste e, em especial, à República Democrática Alemã. |
1972 | Não atribuído. |
1973 | Secretário de Estado Henry A. Kissinger (Estados Unidos da América) e o chanceler norte-vietnamita Le Duc Tho (Vietname, que recusou o prémio), pelo acordo de paz no Vietname. |
1974 | Seán MacBride (Irlanda), presidente do Comité Executivo Internacional da Amnistia Internacional e da Comissão das Nações Unidas para a Namíbia. |
Eisaku Sato, primeiro ministro do Japão. | |
1975 | Andrei Dmitrievich Sakharov (URSS), pela sua campanha em favor dos Direitos Humanos. |
1976 | Betty Williams e Mairead Corrigan, fundadoras do Movimento das Mulheres para a Paz na Irlanda do Norte, mais tarde chamado de Peace People (Gente de Paz). |
1977 | Amnistia Internacional, Londres, pela sua campanha contra a tortura. |
1978 | Presidente Mohamed Anwar Al-Sadat (Egipto) e o primeiro ministro Menachem Begin (Israel), por negociarem a paz entre o Egipto e Israel. |
1979 | Madre Teresa de Calcutá, pela luta contra a pobreza na Índia. |
1980 | Adolfo Pérez Esquivel (Argentina), activista dos direitos humanos. |
1981 | O Gabinete do Alto Comissariado das Nações Unidas para os refugiados. |
1982 | Alva Myrdal (Suécia) e Alfonso García Robles (México), delegados na Assembleia Geral de Desarmamento, das Nações Unidas. |
1983 | Lech Wałęsa (Polónia), fundador do Solidarność, activista dos Direitos humanos e primeiro presidente da Polónia, após a queda do Comunismo. |
1984 | Bispo Anglicano Desmond Mpilo Tutu (África do Sul), pelo seu trabalho contra o apartheid. |
1985 | Médicos Internacionais para a Prevenção da Guerra, Boston. |
1986 | Elie Wiesel (Estados Unidos da América), escritor, sobrevivente do Holocausto. |
1987 | Óscar Arias Sánchez (Costa Rica), por iniciar processos de paz na América Central. |
1988 | Forças de Manutenção da Paz das Nações Unidas, Nova Iorque. |
1989 | Tenzin Gyatso, o 14º Dalai Lama. |
1990 | Presidente Mikhail Sergeyevich Gorbachev (URSS), pela sua contribuição para o fim da Guerra Fria. |
1991 | Aung San Suu Kyi (Burma), líder da oposição, activista dos direitos humanos. |
1992 | Escritora Rigoberta Menchú (Guatemala), pela sua campanha pelos direitos humanos, especialmente a favor dos povos indígenas. |
1993 | Presidente Nelson Mandela (África do Sul) e o anterior presidente Frederik Willem de Klerk (África do Sul). |
1994 | O líder da OLP, Yasser Arafat (Palestina), Ministro dos Negócios Estrangeiros Shimon Peres (Israel) e o Primeiro Ministro Yitzhak Rabin (Israel), por concluírem os Acordos de Paz de Oslo. |
1995 | Joseph Rotblat (Polónia/Reino Unido) e Conferências Pugwash sobre Ciência e Negócios Mundiais, pelos seus esforços contra o armamento nuclear. |
1996 | Dom Carlos Filipe Ximenes Belo, bispo católico-romano (Timor-Leste) e José Ramos-Horta (Timor-Leste), pelo seu trabalho conducente a uma solução justa e pacífica para o conflito em Timor-Leste. |
1997 | Campanha internacional para a eliminação de minas e Jody Williams, pelo seu trabalho pela proibição do uso de minas anti-pessoais e sua remoção. |
1998 | John Hume (Reino Unido) e David Trimble (Reino Unido), pelos seus esforços no sentido de uma solução pacífica para o Conflito na Irlanda do Norte. |
1999 | Médicos Sem Fronteiras, Bruxelas. |
2000 | Presidente Kim Dae Jung (Coreia do Sul), pelo seu trabalho pela democracia e direitos humanos, em especial pela paz e reconciliação com a Coreia do Norte. |
2001 | As Nações Unidas e o seu Secretário Geral Kofi Annan (ganês) |
2002 | Jimmy Carter, ex-Presidente dos Estados Unidos da América, "por décadas de esforços incansáveis no sentido de encontrar soluções pacíficas para conflitos internacionais, em prol da democracia e direitos humanos, promovendo o desenvolvimento económico e social." |
2003 | Shirin Ebadi, activista dos direitos humanos iraniana, defensora da implantação da democracia no seu país. |
2004 | Wangari Maathai, ambientalista e activista dos direitos humanos queniana. |
2005 | Agência Internacional de Energia Atómica e seu director-geral Mohamed ElBaradei (egípcio). |
2006 | Muhammad Yunus (Bangladesh) e ao seu banco de microcrédito Banco Grameen. |
[editar] Ver também
- Físicos Internacionais para a Prevenção da Guerra Nuclear
- Prêmio Nobel
- Comitê Nobel Norueguês
- Suécia-Noruega