Mandala (telenovela)
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Mandala é o nome de uma telenovela brasileira produzida pela Rede Globo e exibida de 12 de outubro de 1987 a 14 de maio de 1988. Escrita por Dias Gomes e Marcílio Moraes e dirigida por Ricardo Waddington e José Carlos Pieri, contou com 185 capítulos. É uma livre adaptação do texto clássico de Sófocles, Édipo Rei.
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[editar] Trama
O enredo transporta o mito de Édipo para o Rio de Janeiro do século XX.
Rio de Janeiro, 1961. O presidente Jânio Quadros, inesperadamente, anuncia sua renúncia. Nesse contexto, a jovem Jocasta, uma estudante de sociologia, filha do dramaturgo e militante comunista Túlio Silveira, tem um romance com Laio, um alienado e rico jovem que sonha em se tornar um grande gângster. Grávida, ela dá à luz Édipo, que acaba retirado de seus braços ao nascer após Laio, um rapaz místico, consultar seu amigo e guru Argemiro que, ao jogar búzios, chega à conclusão de que a criança no futuro o matará e terá um romance com a própria mãe. Assustado, planeja o seqüestro do bebê e se desfaz dele. Édipo então acaba recolhido pelo casal Américo e Mercedes e se torna um promissor produtor de vídeo, porém com fortes poderes paranormais, o que o causa muitos tormentos. 25 anos depois, Jocasta é uma bem-sucedida empresária, amparada pela amiga Vera, mas é frustrada e insatisfeita pelo fato de nunca ter conhecido o filho. Laio, um bissexual (tem um namorado na trama, Cris, além de nas entrelinhas sentir uma atração diferente pelo amigo Argemiro), enfim conseguiu se transformar em um ilustre "fora-da-lei", ampliando a fortuna e os negócios do pai, o comerciante Michel Lunardo, com o jogo do bicho e outros negócios ilegais, mas encontra em Tony Carrado seu maior rival. Édipo e o pai se reencontram, por acaso, numa briga de trânsito. Sem saber da verdadeira identidade de Laio, Édipo acidentalmente o mata, empurrando-o de um penhasco. Mais tarde, ao procurar serviço, acaba conhecendo e se apaixonando por Jocasta. Os dois se envolvem e, só posteriormente, descobrem que são mãe e filho. Em meio a isso, Jocasta é permanentemente assediada por Tony Carrado e passa a ser perseguida pelo seu antigo inimigo Argemiro, além de sofrer com os negócios escusos do irmão Creonte, um mau-caráter, e se interessar por Pedro Bergman, um charmoso advogado que contrata para localizar seu filho.
[editar] Elenco
- Vera Fischer - Jocasta
- Felipe Camargo - Édipo
- Nuno Leal Maia - Tony Carrado
- Carlos Augusto Strazzer - Argemiro
- Gracindo Júnior - Creonte
- Raul Cortez - Pedro Bergman
- Gianfrancesco Guarnieri - Túlio Silveira
- Lúcia Veríssimo - Letícia
- Célia Helena - Ceres
- Oswaldo Loureiro - Américo
- Ângela Leal - Mercedes
- Milton Gonçalves - Apolinário Santana
- Osmar Prado - Gerson
- Bia Seidl - Mariana
- Imara Reis - Vera
- Ilka Soares - Lena
- Paulo Gracindo - Vovô Pepê
- Yara Côrtes - D. Conchita
- Marcos Breda - Hans
- Grande Othelo - Jonas Caetano
- Chico Diaz - Rafael
- Jandir Ferrari - Toninho Carrado
- Aracy Cardoso - Flora
- Ruth de Souza - Zezé
- Marcelo Picchi - Cris
- Felipe Martins-Wanderley
- Rubens Corrêa - analista de Édipo
e
- Perry Salles - Laio Lunardo
[editar] Primeira fase
- Taumaturgo Ferreira - Laio
- Giulia Gam - Jocasta
- Marcos Palmeira - Creonte
- Deborah Evelyn - Vera
- Walmor Chagas - Michel Lunardo
- Lília Cabral - Lena
- Mauro Mendonça - Adroaldo
- Daniel Dantas - Otávio
- Paulo César Peréio - Capitão
- Suzana Faini - Mãe de Laio
- Danton Mello - Gerson
[editar] Curiosidades
- Mandala foi uma novela polêmica que tratava de vários temas "complicados" (incesto, misticismo, bissexualismo, repressão política, jogo clandestino, racismo, alcoolismo, drogas) e, pelo teor de sua sinopse, chegou até a ser vetada pela terminal porém ainda ativa Censura Federal do governo Sarney para o horário nobre das oito e meia da noite. Após alguns reparos feitos por Dias Gomes e negociações entre a cúpula da Globo e o governo federal, a trama foi finalmente liberada. Os primeiros 16 capítulos (equivalentes ao prólogo da trama) foram fortes e bastante bem-sucedidos, revelando a atriz Giulia Gam e indicando um caminho promissor. Mas a confusão na ação contemporânea, tomada por um clima de paranormalidade e prejudicada pelos cortes oficiais, comprometeu um pouco o resultado final. Graças à tudo isso, Mandala ficou conhecida como "o samba do grego doido".
- Dias Gomes escreveu Jocasta pensando em Dina Sfat para interpretar. A atriz não topou. Vera Fischer viveu a personagem.
- A interpretação memorável de Carlos Augusto Strazzer como o atormentado paranormal Argemiro e a engraçada criação de Nuno Leal Maia como Tony Carrado garantiram a audiência. Apaixonado por Jocasta, a quem chamava minha deusa, o bicheiro Tony Carrado fazia metáforas com o nome de seu advogado - Dr. Pinto - e soltava pérola atrás de pérola, como "Depois da tempestade vem a ambulância" e "Vê se tu vai decorar necrotério, que dá mais certo". O jeito do personagem Giovanni Improtta (José Wilker em Senhora do Destino, de 2004), é semelhante.
- Carlos Augusto Strazzer já havia interpretado um paranormal antes: Daniel, o protagonista de O Profeta, telenovela exibida pela TV Tupi em 1977.
- Foi a estréia na televisão de Giulia Gam, Marcos Palmeira, Jandir Ferrari, Marcos Breda e Chico Diaz. Todavia, Palmeira já trabalhava no programa humorístico Chico Anysio Show ao lado do tio, Chico Anysio.
- Dias Gomes escreveu só até o 35º capítulo, deixando o desenvolvimento a cargo de Marcílio Moraes.
- Vera Fischer e Felipe Camargo viveram um romance dentro e fora da telenovela, e acabaram casando. A novela costuma ser bastante lembrada por esse fato.
- A tão aguardada cena do beijo entre mãe e filho demorou além do previsto para acontecer. Isso porque a Censura naturalmente ralhou em liberá-la. Após convencimentos de que a cena era justificável, já que ambos desconheciam seus laços familiares, os representantes do órgão federal finalmente consentiram. Mas para evitar um mal-estar com o governo e com o público, nenhuma cena ou insinuação de ato sexual entre os dois foi sequer planejada.
- Uma música da trilha sonora é inconfundível, um verdadeiro clássico da década de 1980: "O Amor e o Poder", na voz de Rosana, mais conhecida pelo seu refrão: "Como uma deusa..."
- Apesar de todos os problemas, Mandala se tornou um grande sucesso, principalmente por ser um autêntico novelão brasileiro, repleto de grandes dramas, paixões, mistérios e maniqueísmo, e pelo fabuloso elenco que deu vida à história. Jocasta é até hoje o maior papel da carreira de Vera Fischer. Porém, ainda assim a novela jamais foi reprisada pela emissora.
- Última novela da atriz Célia Helena, que depois de seu término se afastaria definitivamente da televisão. Ela faleceria em 1997.
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