História do Cristianismo
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O Cristianismo é uma religião monoteísta baseada nos ensinamentos de Jesus Cristo (Yeshua ben(bar)-Yoseph), que teria nascido por volta do ano 6 a.C., na cidade de Belém, na Judéia (Palestina) e tem, por livro sagrado, a Bíblia. História do Cristianismo trata dos mais de 2000 anos de história dessa religião.
[editar] História
Segundo a religião judaica, o Messias, um descendente do Rei Davi, iria um dia aparecer e restaurar o Reino de Israel.
Jesus Cristo, um judeu, começou a pregar uma nova doutrina e atrair seguidores, sendo aclamado como o Messias, mas não foi reconhecido como tal pela unanimidade dos seus concidadãos. Não terá sido o primeiro nem o último a afirmar-se como Messias. A religião judaica conhece uma longa lista de indivíduos que declararam ser o Messias, que chega mesmo até ao século XX. Nenhum deles, todavia, provocou impacto histórico e cultural semelhante ao de Jesus Cristo.
Jesus Cristo foi rejeitado, tido por apóstata pelas autoridades judaicas. Ele foi condenado por blasfémia e executado pelos Romanos por ser um líder rebelde. Seus seguidores enfrentaram dura oposição político-religiosa, tendo sido perseguidos e martirizados, pelos líderes religiosos judeus, e, mais tarde, pelo Estado Romano.
Com a morte de Jesus, os apóstolos, principais testemunhas da sua vida, reunem-se numa comunidade religiosa composta essencialmente por judeus e centrada na cidade de Jerusalém. Esta comunidade praticava a comunhão dos bens, celebrava a "partilha do pão" em memória da última refeição tomada por Jesus e administrava o baptismo aos novos convertidos. A partir de Jerusalém, os apostólos partiram para pregar a nova mensagem, anunciando a nova religião aos que eram rejeitados pelo judaísmo oficial. Assim, Filipe prega aos Samaritanos, o eunuco da rainha da Etiópia é baptizado, bem como o centurião Cornélio. Em Antioquia, os discípulos abordam pela primeira vez os pagãos e passam a ser conhecidos como cristãos.
Paulo de Tarso não se contava entre os apóstolos originais, ele era um zelota judeu que perseguiu inicialmente os primeiros cristãos. No entanto, ele tornou-se depois um cristão e um dos seus maiores, senão mesmo o maior missionário. Boa parte do Novo Testamento foi escrito ou por ele (as epístolas) ou por seus cooperadores (o evangelho de Lucas e os actos dos apóstolos). Paulo afirmou que os preceitos da Torá estavam caducos e que a salvação dependia da fé em Cristo. Entre 44 e 58 ele fez três grandes viagens missionárias que levaram a nova doutrina aos gentios e judeus da Ásia Menor e de vários pontos da Europa.
Nas primeiras comunidades cristãs a coabitação entre os cristãos oriundos do paganismo e os oriundos do judaísmo gerava por vezes conflitos. Alguns dos últimos permaneciam fiéis às restrições alimentares e recusavam-se a sentar-se à mesa com os primeiros. Na Assembleia de Jerusalém, em 48, decide-se que os cristãos ex-pagãos não serão sujeitos à circuncisão, mas para se sentarem à mesa com os cristãos de origem judaica devem abster-se de comer carne sem sangue ou carne sacrificada aos ídolos. Consagra-se assim a primeira ruptura com o judaísmo.
Muitos estudiosos, entre os quais Edward Gibbon, acreditam que o sucesso desta nova religião deve muito à simplificação operada em Jerusalém, e que com essa revolução liderada principalmente por Paulo de Tarso, a qual contradizia a tradição judaica, estavam reunidas as condições necessárias para expansão desta nova fé. Principalmente a obrigatoriedade da circuncisão era um factor de detenção para muitos povos gentios. Há até a notícia de povos gentios no território do Império Romano que visitavam as sinagogas judaicas dos seus concidadãos sem no entanto se converterem, tal o apelo da religião judaica e a forte idéia monoteísta.
A este propósito escreve Bertrand Russell em "História da filosofia ocidental": "As comunidades cristãs que Paulo (de Tarso) fundou em vários lugares, constituíam-se, sem dúvida, em parte de judeus convertidos, em parte de gentios que aspiravam a uma nova religião. As certezas que lhe são características tornavam a religião judaica particularmente atractiva naquele tempo de esvaimento da crença religiosa; a circuncisão, no entanto, dificultava a conversão dos homens. Também as regras de alimentação eram incômodas. Mesmo que estas barreiras fossem as únicas, elas já eram suficientes para tornar praticamente impossível a disseminação da Religião Hebraica. Através da influência de Paulo, o Cristianismo reteve das doutrinas judaicas apenas aquilo que era atraente, sem adoptar as peculiaridades às quais os gentios não conseguiriam se habituar".
Outros estudiosos atribuem a rápida expansão do cristianismo à uma conjunção de fatores, dentre eles as seguintes características próprias do cristianismo primitivo :
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- a fuga da perseguição religiosa empreendida inicialmente por judeus conservadores, e posteriormente pelo Estado Romano;
- a natureza da fé cristã que propõe que a mensagem de Deus destina-se a toda a humanidade e não apenas ao seu povo preferido;
- a determinação dos seguidores de Jesus de divulgar o que ele havia ensinado a tantas pessoas quantas conseguissem;
- os cultos cristãos eram realizados nas catacumbas de Roma, o que era diferente para as religiões da época, que, em sua maioria, tinham seus cultos ao ar livre. Esse fato, das "igrejas subterrâneas" acabou por preservar um grande acervo de pinturas do tipo afresco, sendo os locais verdadeiros tesouros arqueológicos;
- um dos símbolos iniciais foi o peixe, que simbolizava também os pescadores e as camadas menos favorecidas em geral;
- os cristãos pregavam a paz incondicional, ou seja, eram contra as guerras;
- como o judaísmo, era monoteísta.
Os que pensam desse modo reputam a ruptura com os ritos judaicos como uma consequência da expansão do cristianismo entre os não-judeus, e não como sua causa. A narrativa da perseguição religiosa, da dispersão dela decorrente, da expansão do cristianismo entre não-judeus e da subsequente abolição da obrigatoriedade dos ritos judaicos pode ser lida no livro de Atos dos Apóstolos.
De resto, os cristãos adotam as regras e os princípios do Antigo Testamento, livro sagrado dos Judeus. Também o espírito missionário dos primeiros cristãos é desconhecido no Judaísmo. O Judaísmo é visto como uma religião baseada num código de conduta requerido aos seus praticantes, não tendo o propósito de converter a humanidade como o Cristianismo (católico significa "Universal" em grego) ou o islão.
Em Junho do ano 66 inicia-se a revolta judaica. Em Setembro do mesmo ano a comunidade cristã de Jerusalém decide separar-se dos judeus insurrectos, seguindo a advertência dada por Jesus de que quando Jerusalém fosse cercada por exércitos a desolação dela estaria próxima, e exila-se em Pela, na Transjordânia, o que representa o segundo momento de ruptura com o judaísmo.
Após a derrota dos judeus em 70, com a destruição do Segundo Templo, há uma reunião de sobreviventes em Jebneh, uma cidade nas Planícies de Sharon, perto de Joppa. Esta conferência produziu resultados importantes: a seita dos Fariseus ganhou importância, tendo conseguido influenciar a legislação que acabou por ser adoptada. Os judeus voltariam a tentar a revolta por intermédio do suposto Messias Bar Cochba, derrotado em 135. (Ver: Revoltas dos Judeus contra a ocupação pelo Império Romano). Nesta grande revolta, os cristãos tinham razões acrescidas para não participar. Bar Cochba tinha sido nomeado Messias pelo Rabi Aquiva. Os cristãos achavam que o Messias tinha sido Jesus e não Bar Cochba. Não participaram na revolta. Em 135 todos os judeus foram expulsos de Jerusalém, após a derrota do suposto Messias Bar Cochba.
Para o Cristianismo o período que se abre em 70 e que segue até aproximadamente 135 caracteriza-se pela definição da moral e fé cristã, bem como de organização da hierarquia e da liturgia. No Oriente, estabelece-se o episcopado monárquico: a comunidade é chefiada por um bispo, rodeado pelo seu presbitério e assistido por diáconos.
Gradualmente, o sucesso do Cristianismo junto das elites romanas fez deste um rival da religião estabelecida. Embora desde 64, quando Nero mandou supliciar os cristãos de Roma, se tivessem verificado perseguições ao Cristianismo, estas eram irregulares. As perseguições organizadas contra os cristãos surgem a partir do século II: em 112 Trajano fixa o procedimento contra os cristãos. Para além de Trajano, as principais perseguições foram ordenadas pelos imperadores Marco Aurélio, Décio, Valeriano e Diocleciano. Os cristãos eram acusados de superstição e de ódio ao género humano. Se fossem cidadãos romanos eram decapitados; se não, podiam ser atirados às feras ou enviados para trabalhar nas minas.
Durante a segunda metade do século II assiste-se também ao desenvolvimento das primeiras heresias. Tatiano, um cristão de origem síria convertido em Roma, cria uma seita gnóstica que reprova o casamento e que celebrava a eucaristia com água em vez de vinho. Marcião rejeitava o Antigo Testamento, opondo o Deus vingador dos judeus, ao Deus bondoso do Novo Testamento, apresentado por Cristo; ele elaborou um Livro Sagrado feito a partir de passagens retiradas do Evangelho de Lucas e das epístolas de Paulo. À medida que o Cristianismo criava raízes mais fortes na parte ocidental do Império Romano, o latim passa a ser usado como língua sagrada (nas comunidades do Oriente usava-se o grego).
A ascensão do imperador romano Constantino representou um ponto de viragem para o Cristianismo. Em 313 ele publica o Édito de Tolerância (ou Édito de Milão) através do qual o Cristianismo é reconhecido como uma religião do Império e que concede a liberdade religiosa aos cristãos. A Igreja pode possuir bens e receber donativos e legados. É também reconhecida a jurisdição dos bispos.
A questão da conversão de Constantino ao Cristianismo é uma tema de profundo debate entre os historiadores, mas em geral aceita-se que a sua conversão ocorreu gradualmente. Constantino estipula o descanso dominical, proíbe a feitiçaria e limita as manifestações do culto imperial. Ele também mandou construir em Roma uma basílica no local onde o apóstolo Pedro estava sepultado e, influenciado pela sua mãe, a imperatriz Helena, ordena a construção em Jerusalém da Basílica do Santo Sepulcro e da Igreja da Natividade em Belém.
Constantino quis também intervir nas querelas teológicas que na altura marcavam o Cristianismo. Luta contra o arianismo, uma doutrina que negava a divindade de Cristo, oficialmente condenada no Concílio de Niceia (325), onde também se definiu o Credo cristão.
Mais tarde, nos anos de 391 e 392, o imperador Teodósio I combate o paganismo, proibindo o seu culto e proclamando o Cristianismo religião oficial do Império Romano.
O lado ocidental do Império cairia em 476, ano da deposição do último imperador romano pelo "bárbaro" germânico Odoacer, mas o Cristianismo permaneceria triunfante em grande parte da Europa, até porque alguns bárbaros já estavam convertidos ao Cristianismo ou viriam a converter-se nas décadas seguintes. O Império Romano teve desta forma um papel instrumental na expansão do Cristianismo.
Do mesmo modo, o cristianismo teve um papel proeminente na manutenção da civilização européia. A Igreja, única organização que não se desintegrou no processo de dissolução da parte ocidental do império, começou lentamente a tomar o lugar das instituições romanas ocidentais, chegando mesmo a negociar a segurança de Roma durante as invasões do século V. A Igreja também manteve o que restou de força intelectual, especialmente através da vida monástica.
Embora fosse unida lingüisticamente, a parte ocidental do Império Romano jamais obtivera a mesma coesão da parte oriental (grega). Havia nele um grande número de culturas diferentes que haviam sido assimiladas apenas de maneira incompleta pela cultura romana. Mas enquanto os bárbaros invadiam, muitos passaram a comungar da fé cristã. Por volta dos séculos IV e X, todo o território que antes pertencera ao ocidente romano havia se convertido ao cristianismo e era liderado pelo Papa. Missionários cristãos avançaram ainda mais ao norte da Europa, chegando a terras jamais conquistadas por Roma, obtendo a integração definitiva dos povos germânicos e eslavos.
[editar] Tabela Cronológica
- c.6 a.C. - Nascimento de Jesus em Belém. Veja também uma data para o nascimento de Jesus calculada através da Profecia das 70 semanas.
- c.33 d.C - Jesus é crucificado pelos Romanos, pouco depois de ter chegado a Jerusalém com os seus apoiantes (judeus)
- 70 - Destruição do Segundo Templo de Jerusalém.
- 135 - Revolta do "Messias" Bar Cosiba termina com a derrota dos judeus. Judeus são expulsos de Jerusalém.
- 312 - Vitória de Constantino sobre Maxêncio na Batalha da Ponte Mílvio. Torna-se o imperador Constantino I. O novo imperador de Roma é o primeiro a ser tolerante para com os cristãos.
- 325 - Primeiro Concílio de Niceia, sob o presídio de Constantino I. A religião cristã é agora um polo de influência política dentro do Império Romano.
- 380 - Teodósio I declara o cristianismo a religião oficial do Império Romano.
- 380 - Santo Jerónimo traduz a Bíblia para o Latim. Um passo importante na expansão da religião cristã no Império Romano. O cristianismo triunfa em toda a Europa.
- 476 - Queda de Roma. Deposição do último imperador romano pelo "bárbaro" germânico Odoacer. Início da Idade Média.
- 1054 - Primeiro grande cisma do Cristianismo, com a divisão entre as igrejas Católica e Ortodoxa.
- 1517 - Martinho Lutero afixa as suas 95 teses na porta da Igreja de Wittenberg. A Reforma Protestante está em ascendente na Europa. A Idade Média chega ao fim.
- 1909 - Max Heindel publica o Conceito Rosacruz do Cosmos, ou "O Cristianismo Místico". É fundada a Fraterndiade Rosacruz, uma associação internacional da cristãos místicos.