Bienal Internacional de Arte de São Paulo
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
A Bienal de São Paulo (ou ainda Bienal Internacional de Artes de São Paulo) é uma exposição de artes (em geral de grandes proporções) que, como o nome indica, ocorre a cada dois anos na cidade de São Paulo. O evento é constantemente responsável por projetar a obra de artistas internacionais desconhecidos e por refletir as tendências mais marcantes no cenário artístico global: é considerada um dos três principais eventos do circuito artístico internacional, junto da *Bienal de Veneza e da Documenta de Kassel.
O evento costuma acontecer no Pavilhão Ciccillo Matarazzo do Parque do Ibirapuera, motivo pelo qual o prédio também é conhecido como Prédio da Bienal, projetado por Oscar Niemeyer.
Índice |
[editar] História
A primeira Bienal de São Paulo ocorreu em 1951 devido aos esforços do empresário e mecenas Francisco Matarazzo Sobrinho (1892 - 1977)(conhecido como Ciccillo Matarazzo) e de sua esposa Yolanda Penteado. A segunda edição (1953) ficou famosa por trazer ao Brasil a até então inédita no país Guernica, de Pablo Picasso.
É a primeira exposição de arte moderna de grande porte realizada fora dos centros culturais europeus e norte-americanos. Sua origem articula-se a uma série de outras realizações culturais em São Paulo - Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand - Masp (1947), Teatro Brasileiro de Comédia - TBC (1948), Museu de Arte Moderna de São Paulo - MAM/SP (1949) e Companhia Cinematográfica Vera Cruz (1949) - que aponta para o forte impulso institucional que as artes recebem na época, beneficiado por * mecenas como Ciccillo Matarazzo e Assis Chateaubriand (1892 - 1968). Concebida no âmbito do MAM/SP, a 1ª Bienal é realizada em 20 de outubro de 1951 na esplanada do Trianon, local hoje ocupado pelo Masp. O espaço, projetado pelos arquitetos Luís Saia e Eduardo Kneese de Mello, dá lugar a 1.800 obras de 23 países, além da representação nacional.
- A 1ª Bienal traz ao Brasil, pela primeira vez, obras de Pablo Picasso (1881 - 1973), Alberto Giacometti (1901 - 1966), René Magritte (1898 - 1967), George Grosz (1893 - 1959) etc., além de apresentar a produção brasileira de Lasar Segall (1891 - 1957), Victor Brecheret (1894 - 1955), Oswaldo Goeldi (1895 - 1961), entre outros. Os prêmios concedidos à escultura Unidade Tripartida de Max Bill (1908 - 1994) e à tela Formas de Ivan Serpa (1923 - 1973) são sintomas da atenção despertada pelas novas tendências construtivas na arte. Fundador da Hochschule für Gestaltung Ulm [Escola Superior da Forma], em Ulm (1951), Max Bill é o principal responsável pela entrada do ideário concreto na América Latina, sobretudo na Argentina e no Brasil, no período após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). A exposição do artista em 1951 no Masp e a presença da delegação suíça na 1ª Bienal, no mesmo ano, abrem as portas do país para as novas linguagens plásticas, que passam a ser amplamente exploradas.
- A segunda edição da Bienal, em dezembro de 1953, ocorre no parque do Ibirapuera recém-inaugurado por ocasião das comemorações do IV Centenário da cidade de São Paulo, e cujo projeto é assinado por Oscar Niemeyer (1907) e Burle Marx (1909 - 1994). Conhecida como a Bienal de Guernica, o célebre quadro de Picasso de 1937, a mostra conta também com Constantin Brancusi (1876 - 1957), de Giorgio Morandi (1890 - 1964) e de obras dos futuristas italianos, além de outros grandes nomes da arte moderna internacional.
- A Bienal de 1955, beneficiada por 46 trabalhos de Sophie Taeuber-Arp (1889 - 1943) e por 44 gravuras dos muralistas mexicanos, marca a consolidação do evento.
- Em 1957, a exposição conta com a presença surrealista e com a participação da obra de Jackson Pollock (1912 - 1956).
- A 5ª Bienal (1959) é grande sucesso de público e traz como novidade, segundo o crítico Mário Pedrosa (1900 - 1981), a "ofensiva tachista e informal". Aí também é inaugurada uma área para teatro, que passa a dividir o espaço, com as mostras de filmes, com as artes plásticas e a arquitetura.
- Na 6ª edição, de 1961, a curadoria geral de Mário Pedrosa combina obras contemporâneas (Kurt Schwitters, 1887-1948) com retrospectivas históricas (Alfredo Volpi (1896 - 1988)). A ampliação da participação nacional e a maior representação de obras de caráter histórico valem uma série de críticas ao evento.
- A mostra de 1963, por sua vez, destaca-se pela grandiosidade que, a partir daí, torna-se um de seus traços característicos.
- No período de 1965 a 1973, a Bienal sofre de perto os efeitos do golpe militar e da repressão política no país. As participações, nacionais e internacionais, diminuem sensivelmente, o que compromete o evento (mesmo assim, a mostra de 1967 conta com representativa presença da arte pop).
- A oposição dos artistas à ditadura militar ganha expressão ampliada na 10ª Bienal (1969), quando, no Museu de Arte Moderna de Paris, diversos artistas e intelectuais assinam o Manifesto Não à Bienal.
- A partir da 14ª Bienal (1977), a exposição passa a se organizar por núcleos temáticos, no interior dos quais as obras passam a ser alocadas.
- Da década de 1980 em diante, os curadores se notabilizam pela definição de temas e questões que orientam a organização dos trabalhos, assim como pelas inovações museográficas.
- A 16a e 17a Bienais (1981 e 1983), sob a curadoria geral de Walter Zanini, têm papel importante no resgate do prestígio do evento, abalado na década anterior. Zanini organiza a mostra tendo como eixo as analogias de linguagens entre obras variadas (Núcleo 1: "Linguagens Aproximadas"). Fortalece o núcleo histórico (Núcleo 2), apresenta o acervo do Museu do Inconsciente e reconquista a participação dos artistas contemporâneos (entre esses, tem grande impacto a representação nacional, com Antonio Dias (1944), Cildo Meireles (1948), Tunga (1952), entre outros).
- Em 1985 e 1987, a curadora da 18ª e 19a Bienais, Sheila Leirner, com o auxílio de arquitetos, apresenta novas soluções para a montagem da exposição. As idéias norteadoras dos eventos - A Grande Tela onde as obras foram expostas em três vastos corredores, com 30 cm de distância entre cada uma delas, e A Grande Coleção onde os trabalhos foram exibidos de forma vertical no grande hall do Pavilhão projetado por Oscar Niemeyer, marcaram um novo conceito de curadoria.
- Nos anos 1990, as mostras são organizadas com base em grandes temas, por exemplo "Ruptura com o Suporte" (1994) e "Antropofagia" (1998). Nessa década, as bienais são tomadas por espetáculos de diversos tipos: dança, teatro, música etc., o que faz delas eventos culturais mais amplos.
Atualmente, a Bienal é mantida pela Fundação Bienal de São Paulo, entidade sem fins lucrativos que também promove a Bienal Internacional de Arquitetura, Urbanismo e Design de São Paulo.
[editar] Referências
- Enciclopédia Itaú Cultural
- 50 anos Bienal de São Paulo: 1951-2001. São Paulo: Fundação Bienal de São Paulo, 2001. 352 p., il. p&b color.
- AMARAL, Aracy. Arte e meio artístico: entre a feijoada e o x-burguer: 1961 - 1981. Apresentação Ana Maria de Moraes Belluzzo. São Paulo: Nobel, 1983. 423 p.
- ARRUDA, Maria Arminda do Nascimento. Metrópole e cultura: São Paulo no meio século XX. Bauru: Edusc, 2001. 482 p., il. color., p&b. (Ciências Sociais).
- Retrospectiva: figuras, raízes e problemas da arte contemporanea. Prefácio Eduardo Etzel; introdução Eduardo Etzel. São Paulo: Cultrix, 1975. 222 p.
[editar] Artigos relacionados
[editar] Ligações externas
- Fundação Bienal de São PauloHistória da Bienal