Vinland
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Vinland foi o nome dado pelos Viking à zona do Golfo de São Lourenço, Nova Brunswick e Nova Escócia. A área foi explorada por iniciativa de Leif Ericson a partir de Leifsbudir, um colonato estebelecido por volta do ano 1000 na costa norte da Terra Nova (actual Canadá). A ocupação de Leifsbudir foi precária e durou apenas uma década mas representou o primeiro contacto da Europa com a América, cerca de 500 anos antes das viagens de Cristóvão Colombo.
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[editar] Primeiras explorações
A exploração de Vinland foi efectuada pelos vikings estabelecidos nas colónias da Gronelândia e motivada pela escassez de recursos que se verificava nesta região. As colónias eram em certa medida apropriadas à ocupação humana mas apresentavam desvantagens como o clima frio, escassez de madeira como material de combustão e de construção ou falta de fontes acessíveis de ferro. Para suprir estas carências, Leif Ericson, filho de Eric, o Vermelho, fundador da colónia da Gronelândia, tomou a iniciativa de explorar a área circundante.
As primeiras viagens revelaram descobertas promissoras num continente de clima relativamente mais ameno e repleto de recursos essenciais à sobrevivência. Para além de Vinland (terra das vinhas), Leif Ericson descreveu ainda Markland (a costa de Labrador), Straumfjord e Helluland (costa este da Ilha de Baffin), relatadas nas sagas como locais ideais para a criação de rebanhos. No entanto, a costa este do actual Canadá situava-se a mais de 1000 milhas marítimas da Gronelândia, o que representava pelo menos três semanas de viagem de barco. Dada a impossibilidade de viajar a não ser no Verão, devido às condições climatéricas, Leif Ericson depressa encontrou vantagem em estabelecer uma base de Inverno na região. Leifsbudir foi o nome dado a este colonato.
[editar] Leifsbudir
A única fonte histórica que menciona a colónia de Leifsbudir em Vinland são as sagas nórdicas, contemporâneas das expedições. De acordo com estes textos, Leifsbudir foi fundado por Leif Ericson, seu irmão Thorvald, sua irmã e sua mulher, por volta do ano 1000. O local era descrito uma pequena aldeia destinada a servir como quartel-general às expedições que continuavam a decorrer no Verão. À falta de fontes independentes e de vestígios Viking na América do Norte, os historiadores mantiveram-se cépticos quanto a estas narrativas, classificadas por alguns académicos como fantasias.
A dúvida esfumou-se em 1961 quando uma equipa de arqueólogos descobriu ruínas de arquitectura viking na área de L’Anse aux Meadows na costa norte da ilha da Terra Nova. O sítio era constituido por oito edifícios, dos quais três camaratas com espaço para acolher cerca de 80 pessoas, uma oficina de carpintaria e uma forja com tecnologia de extração de ferro idêntica à dos vikings. As datações por carbono 14 indicaram ainda idades em torno do ano 1000. A localização e características destas ruínas estavam por isso de acordo com os descrito pelos contemporâneos de Leif Ericson e confirmavam a veracidade da presença viking na América do Norte.
Uma das características mais marcantes da aldeia descoberta pelos arqueólogos era a ausência dos artefactos que normalmente acompanhavam os vikings. As escavações revelaram apenas e só a presença de: 99 pregos estragados, 1 prego em boas condições, um pregador de bronze, uma roca, uma conta de vidro e uma agulha de tricot. Este magro espólio arqueológico foi interpretado como abandono deliberado da colónia, o que é suportado pelas narrativas da época que contam como Leifsbudir foi abandonada ao fim de poucos anos de vida.
[editar] Abandono
De acordo com as sagas, Vinland tinha todas as características de uma terra prometida mas no entanto as ideias de exploração e colonização foram abandonadas ao que tudo indica de repente. Os motivos para o abandono são descritos pelos próprios relatos contemporâneos: Vinland era a morada de um povo hostil com o qual os vikings não conseguiram estabelecer relações pacíficas.
O primeiro contacto dos vikings de Leifsbudir com os índios americanos é relatado em pormenor nas sagas. O acampamento foi visitado por um grupo de 9 nativos, que os vikings chamavam genericamente skraelings (“os feios”, uma palavra também aplicada aos Inuit) dos quais os vikings mataram 8 por razões não especificadas. O nono elemento fugiu e regressou em canoas com um grupo maior que atacou os colonos. Na luta, morreram algumas pessoas de parte a parte incluindo Thorvald, irmão de Leif Ericson. Apesar deste início pouco auspicioso, foi possível estabelecer relações comerciais com os Índios, com a troca de leite e têxteis nórdicos por peles de animais locais. A paz durou algum tempo até que nova batalha começou quando um índio tentou roubar uma arma e foi morto. Os vikings conseguiram ganhar este conflito mas o acontecimento serviu para perceberem que a vida em Vinland não seria fácil sem apoio militar adequado ao qual não tinham acesso. De acordo com as sagas decidiram então abandonar a aldeia de Leifsbudir e o sonho de colonizar Vinland.
Apesar do abandono, os viking continuaram a visitar a América do Norte, em particular a região de Markland. Estas viagens não se destinavam a exploração ou eventual estabelecimento, mas sim à recolha de madeira e ferro, recursos que continuavam a escassear na Gronelândia natal. A última referência a uma viagem a Markland data de 1347.
[editar] Referências
- Jared Diamond - Collapse: How Societies Choose to Fail or Survive, Allen Lane (Penguin Books)