Trieste
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Trieste | ||||
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Região: | Friuli-Venezia Giulia | |||
Província: | Trieste | |||
Coordenadas: | 45°38'10"32 13°48'15"12 | |||
Área: | 84,49 km²: | |||
População: | 209.520 hab. | |||
Densidade: | 2.479,8 hab./km² | |||
C. limítrofes: | Duino-Aurisina, Monrupino, Muggia, San Dorligo della Valle, Sgonico | |||
Orago: | São Justo | |||
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Website: | http://www.retecivica.trieste.it |
Trieste (em esloveno Trst, em alemão Triest, em húngaro Trieszt ) é uma cidade do nordeste da Itália, no Mar Adriático, e comuna italiana da região do Friuli-Venezia Giulia, província de Trieste, com cerca de 209.520 habitantes. Estende-se por uma área de 84,49 km2, tendo uma densidade populacional de 2.479,8 hab/km2. Faz fronteira com as comunas italianas de Duino-Aurisina, Monrupino, Muggia, San Dorligo della Vallee Sgonico e com a Eslovênia .
Trieste foi uma importante cidade do Império Austro-Húngaro, do qual era o principal porto.
Índice |
[editar] História
[editar] Da Pré-História ao domínio dos Habsburgo
Em tempos antigos (século II a.C.), Trieste tornou-se colônia romana com o nome de Tergeste. Essa prosperou sob o domínio romano e, depois da queda do Império Romano do Ocidente, ficou sob o controle de Bizâncio até 788, quando passou ao controle dos francos. No século XII tornou-se uma cidade livre e depois de séculos de batalhas contra a rival Veneza, Trieste pôs-se sob a proteção (1382) do duque de Áustria conservando porém uma certa autonomia até o século XVII.
[editar] O Porto Franco
No ano de 1719 tornou-se porto franco e, como única saída ao mar do Império Austríaco, Trieste foi objeto de investimento e se desenvolveu tornando-se, em 1867, capital da região de Litoral Adriático do lmpério (o "Küstenland"). Apesar de seu estado privilegiado de único porto comercial da Cisleitana e principal porto da Áustria-Hungria, Trieste manteve sempre em primeiro plano, nos séculos, os elos culturais e linguísticos com a Itália; de fato, embora a língua oficial da burocracia era o alemão, o italiano (ou melhor o dialeto triestino), que no curso do século XVIII substituiu o antigo dialeto friulano, permanece sempre a língua mais falada pelos habitantes.
[editar] O Irredentismo e a anexação à Itália
Trieste foi, junto com Trento, o centro do irredentismo, movimento que buscava a anexação à Itália de todas aquelas terras habitadas a séculos por populações de cultura italiana (ou itálica) mas que ainda não faziam parte da Itália da época (terras "irredentes"). Deve-se recordar que no caso de Trieste, Gorizia, Ístria e Dalmácia, viviam, e vivem ainda hoje, também outras populações (eslovenos e croatas). Em 1918, depois da Primeira Guerra Mundial, Trieste e sua província foram anexadas à Itália com grande alegria e festa da população italiana ainda que aquele momento coincida com a perda de importância da cidade que, de segunda cidade e porto mais importante de um império se torna uma das tantas cidades medianamente importantes da Itália. Começaram, então, para a população eslovena e croata, tentativas de nacionalização e de absorção cultural pela parte italiana. Nasceu assim nesta terra o assim chamado "Fascismo de fronteira", precursor daquilo que seria depois o fascismo a nível nacional.
[editar] A ocupação nazi e o fim da guerra
No período que vai do armistício (8 de setembro de 1943) ao imediato pós-guerra, Trieste foi o centro de uma série de vinganças que marcaram profundamente a história da cidade e da região circundante e suscitam ainda hoje acesos debates. Durante a ocupação nazi a Risiera di San Sabba- hoje Monumento Nacional - foi destinada a campo de prisioneiros e de passagem para os deportados para a Alemanha e Polônia e a campo de detenção e eliminação de partigianos italianos e eslavos, detidos políticos e judeus.
A Risiera foi único campo de concentração na Itália e na Europa Meridional, munido de forno crematório, posto em funcionamento em 4 de abril de 1944.
Era triestina a primeira mensageira partigiana da Itália deportada a Auschwitz (Ondina Peteani).
Em 30 de abril de 1945 insurgiu-se o Comitê de Libertação Nacional CLN de Trieste, apenas um dia antes da chegada das forças iugoslavas. As tropas alemãs resistiram até a tarde de 2 de maio, rendendo-se somente quando chegaram à cidade os primeiros soldados neozelandeses. O exército iugoslavo manteve o controle de Trieste até o dia 12 de junho (os quarenta dias de Trieste), durante os quais ocorreram execuções sumárias e infoibamentos no Carso triestino. Posteriormente os aliados assumiram o controle da cidade.
[editar] O Governo Militar Aliado e os acordos com a Iugoslávia
As reinvindicações iugoslavas e italianas bem como a importância do porto de Trieste para os Aliados foram o motivo em 1947, sob a hégide da ONU, da instituição do "Território Livre de Trieste" (TLT), na prática um Estado em si. Pela impossibilidade de nominar un Governador escolhido em acordo entre angloamericanos e soviéticos, o TLT permanece dividido em duas zonas de ocupação militar: a Zona A administrada pelos Aliados e a Zona B administrada pelos iugoslavos. Esta situação continuou até 1954 quando o problema foi resolvido simplesmente dividindo o território livre de Trieste segundo as duas zonas já designadas: assim, a Igoslávia chega até os montes da periferia da cidade. Tal situação provisória foi em definitivo resolvida só em 1975, com o Tratado de Osimo entre a Itália e a então Iugoslávia.
Alguns movimentos locais relembram porém que os artigos do Tratado de Paz - firmado e ratificado pela Itália e por 21 nações envolvidas no Tratado de Paris (1947) - que instituíram o TLT, de jure jamais foram revogados. Recentemente, respondendo a uma de suas petições, o Secretariado das Nações Unidas confirmou por escrito que até agora qualquer país membro da ONU poderia requerer à mesa a ordem do dia com a designação do Governador do Território Livre.