Pintura do neoclassicismo
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A pintura do neoclassicismo desenvolve-se durante o final do século XVIII a partir de França, como reacção aos excessos do barroco e do rococó, no contexto cultural do Iluminismo e da influência da Antiguidade Clássica, impulsionada pelas escavações das cidades da Roma Antiga, Pompeia e Herculano.
As alterações políticas da época, nomeadamente o término do absolutismo e a chegada da Revolução Francesa, levam a uma necessidade geral de ruptura com o passado próximo e com a sua estética associada, o barroco. Também a nova prioridade dada ao racionalismo e ao novo modo de percepção do mundo, que emerge com o Iluminismo, abala a fé religiosa e relega para segundo plano as temáticas artísticas relacionadas com o espiritual. Desaparecem quase por completo as cenas religiosas para dar lugar ao gosto pelo historicismo (principalmente da Roma Antiga), temas do quotidiano e ainda mitológicos.
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[editar] A busca da honestidade
No despontar de uma nova era, torna-se imperial para os artistas, e para a sociedade em geral, a busca pelo verdadeiro, a pureza, a integridade moral e a virtude cívica, e a fonte indicada para esse objectivo é a Antiguidade Clássica e a sua arte. A arte greco-romana é a “nobre simplicidade e a tranquila grandeza” [1], as linhas clássicas, claras e simples, surgem como um bálsamo para os que reagem contra as formas exageradas e excessivas do barroco. Mas esta interpretação do passado vai assumir características diferentes daquelas assumidas durante o Renascimento. Os artistas neoclássicos vão basear-se na sua estética, mas vão atribuir-lhe um novo significado e um novo conteúdo, vão usá-la como invólucro da mensagem contemporânea da nova visão do mundo e da sociedade. Mas a grande parte das peças da Antiguidade Clássica descobertas no século XVIII são tridimensionais: a escultura é uma das formas de expressão mais cultivada então, ao contrário da pintura. Desse modo, a maior influência pictórica assimilada pelos neoclássicos vai ser aquela deixada pela herança das pinturas dos artistas do Renascimento e do maneirismo.
- Características formais
A pintura neoclássica é uma pintura descritiva de forte realismo, onde o traço linear assume maior importância que a aplicação da cor (ao contrário da expressividade pictórica do Romantismo). As cenas vivem da composição formal, são harmoniosas, os elementos possuem contornos bem definidos e são dispostos em planos ortogonais equilibrados. De um modo geral as figuras assumem uma postura rígida, onde a luz artificial direccionada (em foco) ajuda à criação de um ambiente teatral, resultando numa imagem sólida e monumental. Esta frieza, conseguida pelo artificialismo da composição, distancia o observador, tornando a pintura numa imagem simbólica.
[editar] A nova concepção da arte
Após a Revolução Francesa, a concepção que a sociedade tem da arte transforma-se progressivamente. As peças de arte, até então mantidas sob o domínio do monarca francês, são tornadas públicas, e um dos primeiros espaços a se metamorfosear em museu é o palácio do Louvre. A arte passa, cada vez mais, a ser uma actividade pública exposta aos olhos de todos.
Também a figura do artista ganha mais liberdade. Não é mais obrigado a seguir um repertório iconográfico pré-definido, e de onde todas as obras originam. Ele próprio tem o poder de escolher o objecto da sua pintura, e ordená-lo como mais lhe aprouver de modo a transmitir a sua ideia.
A partir desta altura, em finais do século XVIII, os estilos pictóricos evoluem antes para momentos, onde é cada vez mais difícil apontar com precisão as directrizes condutoras de cada um. Vários estilos desenvolvem-se em paralelo, e dentro de cada estilo, cada artista segue o seu próprio caminho. Finaliza-se a unidade na arte, e abre-se o caminho à arte moderna.
[editar] Principais representantes
- Jacques-Louis David, francês. Considerado o pintor da Revolução Francesa, tornando-se mais tarde, o pintor oficial de Napoleão.
- Dominique Ingres, francês. Discípulo de David, busca nas suas pinturas a imagem ideal da beleza.
- Francisco Goya, espanhol. Entre o Romantismo e o neoclassicismo, com estilo muito próprio.
[editar] Influências
- Nicolas Poussin, pintor classicista do barroco.
- Carracci, família de pintores do maneirismo.
- Rafael, pintor do Renascimento.
[editar] Exemplos
A Morte de Sócrates, por Jacques-Louis David, 1787, Metropolitan Museum of Art, Nova Iorque. |
O Rapto das Sabinas, por Jacques-Louis David, entre 1796 e 1799, óleo sobre tela, 330 × 425 cm, Louvre, Paris. |
[editar] Ver também
- História da pintura
- Neoclassicismo - sobre o movimento artístico em geral.
- Classicismo - atitude artística em geral que usa como exemplo a arte da Antiguidade Clássica.
- Academicismo - na recta final do neoclassicismo, o estilo refugia-se nas academias de arte, reagindo ao Romantismo que se inicia. Caracteriza-se pela pintura com base em rígidos padrões de representação, e também sob influência da Antiguidade Clássica.
- Estilo império - estilo artístico contemporâneo do neoclassicismo, ligado ao gosto estético difundido por Napoleão I.
- Romantismo - estilo artístico que corre paralelo ao neoclassicismo.
[editar] Notas
- ^ :”edle Einfalt und stille Größe“, palavras do historiador alemão Johann Wickelmann, em Geschichte der Malerei – Von der Renaissance bis heute.
[editar] Bibliografia
- JANSON, H. W., História da Arte, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 1992, ISBN 972-31-0498-9
- KRAUßE, Anna-Carola, Geschichte der Malerei – Von der Renaissance bis heute, Tandem Verlag, Germany, 2005, ISBN 3-8331-1404-5