Maneirismo
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O Maneirismo foi um estilo e um movimento artísticos europeus de retomada de certas expressões da cultura medieval que, aproximadamente os anos de entre 1515 e 1610, constituíram manifesta reação contra os valores clássicos prestigiados pelo humanismo renascentista. Caracterizou-se pela concentração na maneira, o estilo levou à procura de efeitos bizarros que já apontam para a arte moderna, como o alongamento das figuras humanas e os pontos de vista inusitados. As primeiras manifestações anticlássicas dentro do espírito clássico renascentista costumam ser chamadas de maneiristas. O termo surge da expressão a maniera de, usada para se referir a artistas que faziam questão de imprimir certas marcas individuais em suas obras.
Um bom exemplo é o David de Michelangelo. A figura representada não obedece às proporções estabelecidas pelos tratados clássicos. As mãos e os pés são bastante desproporcionais.
Em Portugal, as fontes de inspiração italianas, francesas, flamengas e castelhanas colheram-se no estágio de artistas nacionais na Itália, como Francisco de Holanda, etc., na presença de mestres estrangeiros, como Chanterene, etc., na circulação de quadros e gravuras especialmente flamengas (Cornelius, etc.), na edição de Tratados (Medidas del Romano, etc.) na divulgação dos ensinos teóricos de Herrera, de Palladio, etc., e nos motivos ornamentais das artes gráficas.
Após o Alto Renascimento, aparece o primeiro maneirismo arquitectónico na reconstrução da capela dos Jerónimos (1540-41, Diogo de Torralva), no claustro principal do convento de Tomar, etc. Aparece depois a igreja de São Vicente de Fora, em Lisboa (1582, Filippo Terzi), edifício dominante do século XVII, durante o qual se construiram numerosos templos maneiristas: Sé Nova de Coimbra, de Baltasar Álvares, São Bento no Porto, de Diogo Marques. Genericamente, a arquitectura do exterior apresenta sobriedade, contrapondo-se a um interior extravagante decorado com azulejos, talha dourada em escultóricos altares, no caso das igrejas, nos palácios por baixelas, faianças porcelanas e mobiliário.
As igrejas foram para o Maneirismo português as construções mais importantes pelo fim doutrinal que representavam. Na Índia constróem-se a Catedral de Velha Goa (1597-1631) e a igreja da Graça (1597-1602) e em Macau a igreja inaciana, de directa inspiração italiana.
O Maneirismo português percorreu três etapas fundamentais de evolução que são: a inicial, onde são absorvidos os modelos de influência italiana; a do desenvolvimento do modo de trabalhar à maniera italiana ( Triunfo da Bela Maneira); a da necessidade de um discurso coerente, organizado e activo defensor dos valores da Contra-Reforma. A clientela maneirista era constituída pelo monarca, pela nobreza clerical ou leiga, pelos municípios e pelas mesiricórdias.
A influência das gravuras flamengas aparece já em Vasco Fernandes (Pentecostes), mas é o grupo de mestres da oficina lisboeta de Jorge Afonso que, com o mestre de São Quintino, constitui a primeira geração de pintura maneirista portuguesa: Gregório Lopes, Cristóvão de Figueiredo e Garcia Fernandes, que legou obra extensa, anti-renascentista. Na escultura, o novo estilo desponta com mestres franceses e flamengos radicados em Coimbra, que formam discípulos (Tomé Velho, Jerónimo de Ruão) e expandes a arte dos túmulos e altares, e a estatuária de pedra em que a figura aparece por vezes agitada Hodarte.