Novela
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- Nota: Se procura os folhetins de televisão, consulte telenovela.
Novela em português é uma narração em prosa de menor extensão do que o romance. Se bem que a distinção entre novela e romance não seja clara, pode dizer-se que a novela apresenta, por um lado, uma maior economia de recursos narrativos do que o romance e, por outro, um maior desenvolvimento de enredo e personagens do que o conto, com diversos personagens e linhas narrativas. Etimologicamente, folhetins televisivos de longa duração deveriam ser chamados em português de telerromances, mas o termo origem espanhola já está consagrado: telenovelas. No Brasil, os termos novela e telenovela são sinônimos, mas o primeiro é muito mais usado.
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[editar] A novela literária
Os estudos de gênero da literatura em língua portuguesa classificam uma narrativa, grosso modo, em Romance, Novela ou Conto. É comum dividirmos romance, novela e conto pelo número de páginas. Em média, a novela tem entre 50 e 100 páginas, ou seja 20 mil a 40 mil palavras. Entretanto, o romance tem diferenças estruturais importantes em relação à novela e ao conto, estes sim gêneros sem diferenciação em determinados países. Os equivalentes de novela em inglês e francês são novella e nouvelle, respectivamente, enquanto romance se diz novel em inglês e roman em francês.
Para Carlos Reis (2003), enquanto no conto a ação manifesta-se como uma ação singular e concentrada, no romance há um paralelo de várias ações e, na novela, uma concatenação de ações individualizadas.
Eikhenbaum, formalista russo, define a diferença entre um e outro em artigo de 1925. Para ele "o romance é sincrético, provém da história, do relato de viagem, enquanto novela é fundamental, provém do conto (Poe) e da anedota (Mark Twain). A novela baseia-se num conflito e tudo mais tende para a conclusão."
[editar] Primórdios da novela
As origens da novela enquanto género literário remontam aos primórdios do Renascimento, designadamente a Giovanni Boccaccio (1313-1375) e a sua grande obra, o Decameron, ou Decamerão, que rompe com a tradição literária medieval, nomeadamente pelo seu cariz realista. Trata-se de uma compilação de cem novelas contadas por dez pessoas, refugiadas numa casa de campo para escaparem aos horrores da Peste Negra, a qual é objecto de uma vívida descrição no preâmbulo da obra. Ao longo de dez dias (de onde decameron, do grego deca, dez), as sete moças e os três jovens, para ocuparem as longas horas de ócio do seu auto-imposto isolamento, combinam que todos os dias cada um conta uma estória, geralmente subordinada a um tema designado por um deles. Refira-se ainda outra obra, escrita em francês, com o mesmo tipo de estruturação: o Heptameron, da autoria de Margarida de Navarra (1492-1549), rainha consorte de Henrique II de Navarra. Aqui, são dez viajantes que se abrigam de uma violenta tempestade numa abadia. Impossibilitados de comunicarem com o exterior, todos os dias cada um conta uma estória, real ou inventada. Em jeito de epílogo, cada uma é concluída com comentários dos participantes, em ameno diálogo. Era intenção da autora que, à semelhança do Decameron, a obra compreendesse cem estórias, porém a morte impediu-a de realizar o seu intento, não indo além da segunda estória do oitavo dia, num total de 72 relatos . Será também a morte prematura que poderá explicar uma certa pobreza de estilo, contrabalançada porém por uma grande perspicácia psicológica.
[editar] Instituição da novela enquanto estilo literário
Mas será apenas nos séculos XVIII e XIX que os escritores fundam a novela enquanto estilo literário, regido por normas e preceitos. Os alemães foram então os mais prolíficos criadores de novelas (em alemão: "Novelle"; plural: "Novellen"). Para estes, a novela é uma narrativa de dimensões indeterminadas – desde algumas páginas até às centenas – que se desenrola em torno de um único evento ou situação, conduzindo a um inesperado momento de transição (Wendepunkt) que tem como corolário um desfecho simultaneamente lógico e surpreendente.
[editar] Grandes novelas da literatura mundial
- 1759: Cândido, ou o otimismo, de Voltaire
- 1882: O Alienista, de Machado de Assis
- 1886: A morte de Ivan Ilitch, de Tolstói
- 1887: Um estudo em vermelho, de Sir Arthur Conan Doyle
- 1891: Billy Budd, Herman Melville
- 1898: A volta do parafuso, de Henry James
- 1903: Tufão, de Joseph Conrad
- 1915: Metamorfose, de Kafka
- 1952: O Velho e o Mar, de Ernest Hemingway
- 1959: Adeus, Columbus, de Philip Roth
- 1962: Aura, de Carlos Fuentes
- 1973: O Exército de um homem só, de Moacyr Scliar