Nestorianismo
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O Nestorianismo é uma doutrina cristã, nascida no Século V, segundo a qual há em Jesus Cristo duas pessoas distintas, uma humana e outra divina, completas de tal forma que constituem dois entes independentes. A doutrina surgiu em Antióquia e manteve forte influência na Síria, e é sustentada ainda hoje pela Rosacruz e outras doutrinas ligadas à gnose.
O seu surgimento deu-se dentro das disputas cristológicas que sacudiram o cristianismo nos séculos III, IV e V, sendo proposto por Nestório, monge oriundo de Alexandria, que assumiu o bispado de Constantinopla. Isto lhe levou a opor-se a Cirilo de Alexandria, bispo daquela cidade, que defendia a tese da unidade entre a pessoa humana e divina de Cristo.
Tanto os nestorianos quanto os partidários de Cirilo foram chamados ao Concílio de Éfeso, no ano de 431. A disputa centrou-se fundamentalmente em torno do título com o qual se devia referir a Maria, se somente cristotocos (mãe de Cristo, a dizer, de Jesus humano e mortal), como defendiam os nestorianos, ou de theotocos (mãe de Deus, ou seja, também do Logos divino), como defendiam os partidários de Cirilo. Resolveu-se adotar como verdade de fé a doutrina proposta por Cirilo, concedendo a Maria o título de Mãe de Deus, e os nestorianos foram considerados hereges.
A diáspora nestoriana foi desterrada do Império Romano, encontrando refúgio no Império Sassânida. Todavia, em algumas regiões isoladas do Oriente Próximo é ainda possível encontrar nestorianos. Os nestorianos se propagaram pela Ásia Central, chegando até a China, e durante algum tempo influenciaram os mongóis, até a conversão destes ao lamaísmo, quando abandonaram o nestorianismo. Atualmente subsistem as igrejas nestorianas (conhecidas, de uma forma geral, como Igreja Assíria do Oriente) na Índia e no Iraque, Irã, China e nos Estados Unidos e em outros lugares onde haja migrado comunidades cristãs dos países citados.
A igreja nestoriana teve um papel fundamental na conservação de antigos textos gregos que foram traduzidos para o siríaco (um ramo do arameu). Mais tarde foram traduzidos para o árabe e no século XIII para o latim.