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Micronacionalismo

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Micronacionalismo, País-Modelismo ou Simulação de País é um dos hobbies que lidam com simulações de países. O Micronacionalismo é uma atividade tão antiga quanto a própria política, se considerarmos que as primeiras comunidades humanas começaram exatamente da mesma forma que as micronações: um grupo de pessoas que se une para formar uma organização social que mais tarde levará a um Estado. As micronações (ou países-maquete, ou micropaíses) como hobby doméstico começaram a se desenvolver mais rapidamente com o surgimento de Ely-Chaitlin, na Califórnia (EUA), nos anos 1960, fundada por Marc Eric Ely. Mais tarde, em 1979, sob influência de Ely, o menino Robert Ben Madison, então com 13 anos, fundou na cidade de Milwaukee um país cujo território era seu próprio quarto: o Reino da Talossa, país fundador da Liga dos Estados Secessionistas. Durante a década de 1980, proliferaram-se micronações na Austrália, Nova Zelândia, Estados Unidos e Europa.

Existem mais de 400 micronações pelo mundo, várias delas com "representação" na Internet. Há micronações que se utilizam dos mais curiosos sistemas de governo (monarquias são, porém, o sistema de governo mais utilizado, tanto constitucionais como absolutas), países que se relacionam como se realmente soberanos fossem. Para servir de mediadora entre tantos países, foi criada a Liga dos Estados Secessionistas, a L.O.S.S., conhecida como a principal "ONU das micronações". São membros da Liga as nações auto-denominadas "mais influentes" do chamado Mundo Micronacional. Os micropaíses ou microestados, como também são chamados são alvo de estudos de sociólogos e outros acadêmicos; a micropatriologia é ciência humana em sua essência, tendo sido assunto principal de livros e teses que tratam da possibilidade de se criar, de maneira - digamos - artificial, uma sociedade.

Entre os maiores estudiosos da matéria estão o professor francês Fabrice O 'Driscoll, presidente do Instituto Francês de Micropatriologia, que publicou, com a colaboração de Cláudio de Castro, no final de 1999 seu livro "Ils ne siègent pas a l´ONU", através da editora Les Presses du Midi (pode ser adquirido via internet, por cerca de 20 euros); o diplomata brasileiro Alberto Fioravanti e o escritor francês Patrice Chairoff, autor do livro Bible des Micronations, que traz uma extensa e explicativa lista das micronações do mundo.

O movimento micronacional se divide, classicamente, em três tipos de micronação: as derivatistas (que se utilizam somente de elementos reais; seus membros utilizam-se de nomes verdadeiros, a nação localiza-se, geralmente, onde mora seu líder ou fundador, e sua história começa a partir de sua fundação, sem qualquer elemento fictício; como exemplo, Talossa), as modelistas (aquelas que misturam a ficção com a realidade; seus membros podem usar pseudônimos, mas jamais assumir personagens distintos. Sua localização pode ser em qualquer lugar do globo terrestre, mesmo que nem um cidadão sequer seja morador daquela localidade. Podem adotar histórias fictícias até o dia de sua fundação, e a partir daí começa a ser escrita sua verdadeira história. Os modelistas têm plena noção de serem praticantes de um hobby, uma simulação. Exemplos célebres são Porto Claro e o Sacro Império de Reunião) e as peculiaristas (são quase que completamente fictícias; seus membros podem assumir vários personagens, inclusive não-humanos, sua localização pode ser em um outro planeta ou dimensão e sua história é sempre fantástica. Nenhuma micronação é melhor exemplo desta subdivisão do que L´lome). Existem graus de peculiarismo: uma nação assim classificada pode ter, por exemplo, localização em Saturno e habitantes não-humanos, mas seus acontecimentos são verdadeiros, e ela é extremamente activa. Por outro lado, pode uma micronação peculiarista localizar-se na Bolívia e seus acontecimentos, mesmo diários, serem fruto da imaginação de seus membros.

Segundo alguns, haveria também as micronações virtualistas, as quais seriam aquelas que, apesar de terem caracteres de qualquer uma das três categorias retromencionadas, consideram-se "países irreais" ou até "cidades virtuais"; porém cremos ser esta classificação errônea pelo simples fato de não serem micronações, e sim jogos de RPG "on-line", que vêm e vão num piscar de olhos (seriam exemplos as defuntas Web Island e Santa Clara). Acredita-se que a palavra "virtual" seja uma antítese de "micronação", já que uma micronação é formada de pessoas reais, que protagonizam acontecimentos reais.

Muitos micropatriólogos (estudantes do micronacionalismo) acreditam na existência das chamadas "one-man nations", micronações formadas apenas de um habitante ou mesmo por várias, que por vaidade ou qualquer outro motivo, têm seu fundador como única pessoa que realmente decide o que deve ser feito, como único cidadão activo. Nós preferimos ignorar esta classificação, já que pode ser diluída entre as três outras, dependendo de seu sistema. Existem também aquelas organizações que cobram dinheiro por títulos de nobreza ou até pela cidadania; não são por nós consideradas verdadeiras micronações, já que estas não devem ter fins lucrativos. Zugesbucht e Chocônia seriam exemplos flagrantes.

Há ainda aquelas classificadas como concretistas, que seriam as supostas micronações reconhecidas como soberanas e independentes por uma ou mais macronações, não sendo, porém, membros da O.N.U. O internacionalista Celso Duvivier de Albuquerque Mello acredita que, com raras exceções, para que seja considerado Estado, uma nação deve fazer parte da ONU. Já os micronacionalistas Harold D. Thomas e Thomas Leys discordam desta concepção, acreditando se tratarem de microestados, e não micronações. Exemplos seriam Seborga e Sedang. A diferença entre microestados e micronações reside no facto de que estas não lutam - ou são incapazes de fazê-lo - pelo seu reconhecimento diplomático por macronações, já que não têm argumentos legítimos à luz do direito internacional para requisitar jurisdição total sobre um território.

Também são mencionadas nos meios micronacionais as chamadas micronações projectistas, que seriam projetos de uma nação ideal, onde um sistema de governo e estrutura social são montadas, porém sem a intenção de tornar aquilo que foi criado um micropaís activo (por activo entende-se o micropaís que intenciona funcionar, seja através de uma lista nacional de mensagens ou mesmo de qualquer mecanismo que possibilite a sua governabilidade). Muitas surgem como trabalho escolar ou até mesmo para ilustrar as idéias de um determinado partido político. Alphistia e a URSP seriam ótimos exemplos. Acreditamos, contudo, que as projectistas seriam uma sub-espécie das modelistas, pois se enquadram perfeitamente em sua descrição.

Com o advento da world wide web, as micronações fictícias de todo o mundo puderam se comunicar e começaram uma intensa integração. Em 1992, foi fundada a primeira micronação na América Latina: o Reino do Porto Claro. O fundador, Pedro Aguiar, pioneiro no micronacionalismo latino-americano, divulgou seu país na Internet a partir de 1996 e com isso deu o passo maior para o surgimento de mais micronações, no Brasil e em outros países. Poucos meses depois, levemente inspirada no projeto portoclarense, nasceu o Sacro Império de Reunião, fundado por Cláudio de Castro, primeira micronação latina a alcançar fama internacional, sendo alvo de reportagens em meios de comunicações mais diversos, desde o New York Times até o francês La Liberátion. Em poucos anos, já havia algumas centenas de micronações cadastradas em todos os continentes, sendo que quase um quinto delas era lusófona (ou seja, falante de português).

Uma das micronações de origem lusófona, o Principado de Sofia, passou a ser um projeto oficial de uma ONG Brasileira, o Instituto Apolo, em dezembro 2004. Segundo o Instituto, investir em uma micronação como um projeto é algo extremamente válido devido ao enorme potencial de uma país micronacional em gerar um protagonismo juvenil, incentivar e ensinar a cidadania, estimular o protagonismo político e participação na gestão da coisa pública, todos objetivos da ONG. O micronacionalismo foi defendido em âmbito Legislativo Estadual no Paraná, como forma de educação, pelo atual presidente do Instituto Apolo, Jorge Augusto Derviche Casagrande, em discurso na Assembléia Legislativa do Paraná, durante reunião de entidades para elaboração de sugestões para o “Plano Nacional para a Juventude” – PL 4530/04 – que destina-se a jovens entre 15 e 29 anos (Livro Ata - Plano Nacional para a Juventude, Encontro Regional do Paraná, 28 de outubro de 2005, Seção da Tarde, fls 45 e 46). Hoje discute-se a formação de uma institutição para abrigar tão somente o país virtual ou uma associação de diversas micronações que se voltem à promoção do protagonismo político e ensino de noções de cidadania e participação polular.

Entre as principais micronações fictícias lusófonas, destacam-se: Porto Claro, Sacro Império de Reunião, Principado de Sofia, Federação Ibero-Americana, República de Orange, República de Havana, Reino Unido dos Açores, República Federativa de Mallorca, Reino Insular da Normandia, Comunidade Livre de Pasárgada, República de Marajó, Reino de Ludônia, Andorra Imperial, República Participativa de Campos Bastos, Cordial Reino de Kelterspruf, Reino Teocentrista de Valquíria, Sacro Reino de Pathros, Reino Unido de Portugal e Algarves; e, entre as já extintas, algumas das principais foram Nação Independente de Avalon, Reino Unido de Sayed, Confederação dos Reinos Unidos, Império Ultramarino de Sinon, Grão-Ducado de Chuberry, Califado Malê do Brasil, The Island, Econia, Republica Democratica de Ilha Nova e República de Mariana, esta última anexada recentemente por outros países.


Matérias publicadas em jornais de todo o mundo sobre o Micronacionalismo

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