Manuel da Ressurreição
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Dom Frei Manuel da Ressureição , OFM, (Lisboa – Portugal, janeiro de 1718 — São Paulo, 21 de outubro de 1789) foi um frade franciscano, sacerdote católico português e terceiro bispo de São Paulo.
Era filho de Bento Alves de Carvalho e de Helena Maurícia de Amorim, tendo sido batizado a 9 de janeiro de 1718. Dom Frei Manuel era graduado em leis e Cânones. Era frade franciscano e foi ordenado sacerdote em 25 de fevereiro de 1741. Fez parte do Conselho da Inquisição.
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[editar] Episcopado
A sua nomeação régia para Bispo de São Paulo ocorreu no reinado de Dona Maria I . No dia 17 de junho de 1771, aos 53 anos, foi confirmado, por Breve do Papa Clemente XIV, Bispo de São Paulo.
Foi sagrado bispo, no dia 28 de outubro de 1771, pelas mãos de Dom Manuel do Cenáculo de Vilas-Boas, bispo da Beja, sendo consagrantes: Dom Bartolomeu Manuel Mendes dos Reis , bispo de Macau e depois bispo de Mariana e Dom Miguel Antônio Barreto de Meneses, bispo de Bragança e Miranda.
Tomou posse como bispo da Diocese de São Paulo, a 17 de julho de 1772, por procuração passada ao Cônego Antônio de Toledo Lara , em 7 de dezembro de 1771.
Fez sua primeira entrada solene na catedral, a 19 de março de 1774. Governou o bispado até 21 de outubro de 1789, quando veio a falecer.
[editar] Brasão
Descrição: Escudo eclesiástico, partido: o 1º de blau,com um braço humano vestido de sépia, movente do flanco dextro, e outro de carnação, movente do flanco senestro, passados em aspa e com ambas as mãos chagadas de goles, encimados de uma cruz latina de jalde – Armas da Ordem Franciscana; o 2º de goles, com cinco cabeças de mouro fotadas de argente e ensangüentadas, postas em sautor – Armas da família Amorim. O escudo está assente em tarja branca. O conjunto pousado sobre uma cruz trevolada de ouro, entre uma mitra de prata adornada de ouro, à dextra, e de um báculo do mesmo, a senestra, para onde se acha voltado. O todo encimado pelo chapéu eclesiástico com seus cordões em cada flanco, terminados por seis borlas cada um, tudo de verde.
Interpretação: O escudo obedece as regras heráldicas para os eclesiásticos. Os campos representam as armas da família religiosa e da família materna do bispo, nascido da nobreza lusitana. No 1º, a cor blau (azul) representa o manto de Maria Santíssima e, heraldicamente, significa: justiça, serenidade, fortaleza, boa fama e nobreza; os braços representam os membros de Nosso Senhor Jesus Cristo e de São Francisco de Assis, na recepção das chagas; a cruz é o sinal da fé cristã e da salvação, e seu metal, jalde, (ouro) simboliza: nobreza, autoridade, premência, generosidade, ardor e descortínio. No 2º, o campo goles (vermelho) simboliza o fogo da caridade inflamada no coração do bispo, bem como valor e socorro aos necessitados as cabeças de mouro decepadas representam a luta pela fé cristã, eo metal argente (prata) simboliza a inocência, a castidade, a pureza e a eloqüência, virtudes essenciais num sacerdote
[editar] Atividade e contribuições
Tendo tomado posse, pessoalmente, Diocese de São Paulo somente em 1774, após permanecer grande tempo na Bahia, governando aquela capitania. Tendo passado pela vila de Santos e observado o grande trânsito de militares, tratou logo de desobrigá-los das obrigações quaresmais. Foi no seu governo que o Papa Clemente XIV, por influência do Marquês de Pombal, extinguiu, ainda que por poucos anos, a Companhia de Jesus. Enfrentou também a insurgência do governador da capitania de São Paulo,Martins Lopes Lobo de Saldanha. Realizou importante Visita pastoral, no ano de 1776, ano em que realizou o censo dos habitantes. Intelectual,conseguiu reabrir o Seminário, que funcionou no Palácio Episcopal, onde incentivava as idéias iluministas. Fez o minucioso levantamento das côngruas pagas aos religiosos, com o qual fez requisições à rainha Dona Maria I. Durante o seu bispado,o Papa Pio VI decretou,em maio de 1782, Santana, mãe da bem-aventurada Virgem Maria, copadoeira de São Paulo, unindo-a aos padroeiros instituídos na bula de criação Candor Lucis Æternæ, de 6 de dezembro de 1745, São Paulo e Nossa Senhora da Assunção.
[editar] Governo-geral do Brasil
Frei Manuel da Ressurreição era arcebispo da Bahia e , por ocasião da morte do governador-geral Matias da Cunha, assumiu o Governo interinamente com o chanceler da Relação.
Enviou em 30 de novembro de 1688 carta à Câmara da Vila e ao capitão-mor de São Paulo, Tomás Fernandes de Oliveira, pois os índios, em defesa mútua, haviam formado uma confederação: estavam unidos os sucurus, paiacu, icó, ariú. Na carta, pedia os melhores cabos paulistas «para exterminar o flagelo». Portador da carta foi João Amaro Maciel Parente, filho de Estêvão Ribeiro Baião Parente, morto antes de novembro de 1679 (ver seu verbete).
"João Amaro levantou em São Paulo uma companhia e com o posto de capitão-mor lugar tenente de Matias Cardoso de Almeida, seguiu para a Bahia por mar e dirigu-se pelo sertão para as margens do rio São Francisco, na planicie do rio Verde, onde o esperava Matias. Formaram-se então em meados de 1692 numerosas companhias e a de João Amaro partiu para a barra do rio Jaguaribe, onde ergueu arraial, e de lá para o Rio Grande do Norte atual, onde permaneceu quatro anos destruindo tribos indígenas, queimando aldeias, aprisionando o gentio, pelo que teve a recompensa do posto de coronel e uma grande sesmaria na Bahia (que vendeu depois ao coronel Manuel de Araújo Aragão pois em 1703 estava no rio das Velhas), com o senhorio da vila que o pai erguera sob a invocação de Santo Antônio. João Amaro em 1693 abriu uma estrada pelas matas de Ilhéus que vinha cortando pelo rio Pardo, Jequitinhonha e Salsa, a qual, infletindo depois para o Norte, ia ter ao rio Paraguaçu e dai às margens do rio São Francisco - foi a primeira e maior via que se obteve no sertão baiano.
Em outra carta de 18 de dezembro de 1688 como governador interino o bispo escreveu a Matias Cardoso de Almeida, para o encarregar da guerra ao que chamava "bárbaros do Rio Grande do Norte". Dizia-se informado pelo mestre de campo Antônio Guedes de Brito que, do arraial da Manga, Matias Cardoso seguira viagem para a vila de São Paulo, de onde pretendia trazer grande quantidade de mantimentos e de armas. Por esse motivo o arcebispo lhe escrevia para São Paulo, pedindo-lhe aceitar a incumbência.
Há curiosa carta à Corte do Bispo da Bahia que governava juntamente com o desembargador Manuel Carneiro de Sá, chanceler da Relação, pois entre ambos havia constantes atritos, falta de harmonia. O chanceler retirou-se do governo e não deu mais sinal de vida. O Bispo escreveu a corte para perguntar como publicar a lei de 1688 - tinha dúvida se podia se aplicar ao Brasil lei relativa a moedas que aqui não corriam, e mandava que as patacas de menos de sete oitavas de prata fossem pesadas e valessem a tostão a oitava. Ora, a generalidade das patacas da Bahia não passava de 4 oitavas e meia, valiam 640; cada moeda perderia portanto, levada à balança, 190 réis. O prejuízo total seria 300 mil cruzados. Resolvera por isso o Bispo participar às cortes tal inconveniente e esperar.
Recém chegado à terra, o arcebispo tinha escrupulos, pois se haviam antecipado em Pernambuco. Mandou assim, ao som de caixas e tambores, proceder à publicação. Na carta enviada, estava satisfeito da sua obra.
Ora, apenas divulgada a lei, a câmara se encheu de povo descontente, redigindo papel contrário. O arcebispo convocou uma Junta de Governo e o desembargador Carneiro de Sá ñ compareceu. Votaram-se resoluções: eliminou-se a balança, fixou-se em dois cruzados o valor da pataca (2 patacas) que pesasse 6 oitavas e meia e daí para cima; em 700 rs a de 6 oitavas perfeitas até 6 e meia; as de 4 e meia até 6 continuariam a valer 640 rs. Antes da Junta, só se tratava de reunir as moedas de maior peso e conduzi-las a bordo, mas muitos navios não tinham lastro, outros só meia carga.
Depois da Junta apareceu dinheiro de peso, e espertavam-se as compras de açúcar, já embarcado, a frota pronta a seguir. A elevação da prata que devia vigorar apenas na Bahia se estendeu pelo Brasil e se firmou como uma conquista irrevogável! Como navegavam por monções, havia longa, incerta e intermitente navegação, a notícia do levantamento feito na Bahia apenas chegou a São Paulo em agosto de 1690.
No mesmo mês de junho de 1689, por ofício, o chanceler Carneiro de Sá explica à corte sua relutância: lembrava ue para tolher o açambarcamento das moedas de peso bastaria vistoria nos navios, pois levantar dinheiro era regalia de principe e não invejava as glórias do autor, se o ato fosse aprovado. Contentava-se em não ter concorrido para ele...
Precedido por: Dom Frei Antônio da Madre de Deus Galvão OFM |
Bispo de São Paulo 1771-1789 |
Sucedido por: Dom Frei Miguel da Madre de Deus da Cruz OFM |
[editar] Ligações externas
- Perfil em Catholic Hierarchy (em inglês)]