Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais
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Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (IPES), segundo a imprensa, foi fundado em 2 de Fevereiro de 1962, ficava no edifício Avenida Central no Rio de Janeiro, vigésimo sétimo andar, com treze salas.
A função primordial do IPES, era o mapeamento e controle do pensamento coletivo do povo brasileiro, alterando comportamentos através da propaganda institucional, e criação de factóides, para criar condições à mudança de rumos da política brasileira que estava indo para a esquerda, e segundo os conservadores, isto era temerário, pois o Brasil poderia se tornar um país comunista.
Índice |
[editar] Fundação
O IPES foi fundado por um grupo de empresários de São Paulo e do Rio de Janeiro com articulação inicial em novembro de 1961, logo após João Goulart assumir a Presidência do Brasil em setembro.
O Ipes foi dirigido pelo General Golbery do Couto e Silva, logo após pedir para passar para a reserva do Exército Brasileiro.
[editar] Financiadores
Os maiores financiadores do IPES foram cinco empresas: Refinaria União, Light, Cruzeiro do Sul, Icomi, Listas Telefônicas Brasileiras, além de trezentas empresas norte americanas de menor porte que viam no Brasil um grande mercado consumidor, desde indústrias alimentícias até farmacêuticas, além de diversas entidades de classe. O capital inicial liberado para o instituto foi de quinhentos mil dólares. Muitas entidades filantrópicas de senhoras cristãs, de orientação conservadora, também colaboraram com dinheiro em espécie, jóias além do trabalho voluntário.
[editar] Direção
O IPES foi dirigido pelo general Golbery do Couto e Silva, logo após pedir para passar para a reserva do Exército Brasileiro.
Anos mais tarde Golbery iria comandar o SNI, Serviço Nacional de Informações, levando consigo todos os documentos de cidadãos vigiados pelo IPES.
[editar] Objetivo
A função do IPES era coordenar a derrubada de Jango, e para tal tinha financiamento de grandes empresas nacionais e multinacionais, bancos particulares brasileiros e norte-americanos, além do governo dos Estados Unidos. Segundo a imprensa, o Instituto catalogou, e grampeou mais de três mil telefones de simpatizantes e colaboradores de Jango. Consta que as informações foram passadas para o serviço de inteligência dos Estados Unidos (CIA) e para a Escola Superior de Guerra, (ESG) das Forças Armadas brasileiras para tomar as medidas necessárias para "consolidar o binômio desenvolvimento e segurança".
O objetivo do instituto, era fazer um levantamento da maneira de expressão do brasileiro para inserir determinadas imagens em filmes publicitários, documentários, confecção de panfletos, e propagandas, de forma a mapear o comportamento social do público alvo, que era a classe média baixa da população, além dos formadores de opinião, como entidades religiosas diversas, e empresários de pequenos negócios e principalmente suas esposas e as esposas dos seus empregados.
[editar] Atividades
Basicamente o IPES trabalhava com pesquisas e estatísticas para coleta de informações para uso futuro, de forma a promover a manipulação da sociedade contra as reformas pretendidas por Jango.
O IPES criou e financiou entidades como a União Cívica Feminina, Campanha da Mulher pela Democracia, além de outras entidades ligadas à Igreja Católica, segundo consta, ...(sic) Um dos pontos estabelecidos para as militantes era nunca dizer que estavam combatendo o comunismo, mas, sim, trabalhando em defesa da democracia, assim se fez a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, em 19 de Março de 1964, que definitivamente desencadeou a queda de Jango.
Também encomendou a elaboração de documentários que seriam exibidos em salas de cinema, bairros de baixa renda, entre outros lugares. Os principais documentários foram: [1]
- A vida marítima
- Conceito de empresa
- Criando homens livres
- Deixem o estudante estudar
- Depende de mim
- História de um maquinista
- Nordeste problema número um
- O Brasil precisa de você
- O IPÊS é o seguinte
- O que é democracia
- O que é o IPÊS
- Portos Paralíticos
- Uma economia estrangulada
[editar] Nota
- ↑ Corrêa, Marcos. O discurso golpista nos documentários de Jean Manzon para o IPÊS (1962/1963). Campinas, São Paulo. 2005. Dissertação de mestrado, Universidade Estadual de Campinas.
[editar] Os métodos
Os métodos utilizados pelo IPES para fazer que houvessem manifestações eram simples, primeiro foram convocadas as esposas de empresários, doutrinadas sobre como o comunismo poderia ser prejudicial a elas e, principalmente seus filhos. Em seguida foram convocadas as esposas dos empregados das empresas participantes, sendo as mulheres doutrinadas pelas esposas dos patrões em reuniões de senhoras com fins filantrópicos e religiosos.
Simultaneamente eram distribuídos panfletos entre a população, supostamente endereçados aos fazendeiros e agricultores, outros panfletos davam ênfase à palavras chave, como democracia, subversão, liberdade, o clero fazia publicar mensagens dirigidas ao Presidente.
[editar] O papel do clero
Sob a égide da defesa da moral e dos bons costumes da família brasileira das tradições cristãs, da defesa da propriedade privada, contra a reforma agrária, e reformas de base, o IPES financiou campanhas publicitárias utilizando a mesma metodologia empregada pelo nazismo, filmes de curta e longa metragem, com o intuito de implantar o moralismo no sub-consciente coletivo, preparando desta forma, a sociedade para a censura, tão logo fosse derrubado o Presidente do Brasil, João Goulart.
[editar] Controle populacional
Outra estratégia delineada pelo IPES, segundo alguns, foi atingir as mulheres de baixa renda da sociedade, com campanhas publicitárias maciças para o controle populacional, contrariando inclusive a orientação da Igreja Católica. Segundo a imprensa da época, as empresas farmacêuticas viam um nicho de mercado para a venda dos anticoncepcionais recém criados.
[editar] O interesse econômico das multinacionais
Grupos estrangeiros não queriam perder o mercado brasileiro se houvesse um direcionamento da política nacional para o comunismo, o mercado consumidor iria se retrair violentamente, as multinacionais iriam ser nacionalizadas, ou encampadas, os lucros não iriam ser remetidos para o exterior.
[editar] Bibliografia
- Observatório da Imprensa, Propaganda e cinema a serviço do golpe (1962-1964), de Denise Assis, Mauad/Faperj
- DREIFUSS, Rene Armand. 1964: A Conquista do Estado. Petrópolis: Vozes, 1987. 814 p.
- Hernán Ramiro Ramírez "Os institutos econômicos de organizações empresarias e sua relação com o Estado em perspectiva comparada: Argentina e Brasil, 1961-1996". (Tese de Doutorado). Porto Alegre, UFRGS, 2005.