Companhia Vale do Rio Doce
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A Companhia Vale do Rio Doce é uma empresa brasileira do ramo da mineração.
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História
A antiga estatal, criada no governo Getúlio Vargas é hoje uma empresa privada, com sede na cidade do Rio de Janeiro e é controlada pela Bradespar e fundos entre eles a Previ. Desde 1979 - e até hoje - é a maior exportadora de minério de ferro do mundo e uma das maiores mineradoras do planeta.
A Vale foi privatizada durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, com financiamento, subsidiado, disponibilizado aos compradores pelo BNDES, Banco Nacional (brasileiro) de Desenvolvimento Econômico e Social.
A empresa é uma das maiores produtoras de minério de ferro do mundo e comercializa este minério na forma de pelotas criadas pelo processo de pelotização. Existem mineradoras maiores que a Vale, porém extremamente diversificadas. Atualmente a Vale realiza investimentos importantes para a produção de cobre, tornando-se em poucos anos uma das maiores players mundiais desta commodity. Dentre os investimentos importantes que a Vale realiza, pode-se citar o incentivo à implantação de novas siderúrgicas no Brasil através de participação minoritária e o controle de uma das maiores estruturas de logística do país, incluindo ferrovias e navios.
Em outubro de 2006, a Vale comprou a canadense Inco, tornando se a segunda maior empresa de mineração do mundo, atrás da anglo-australiana BHP Billiton. A empresa brasileira comprou 75,66% das ações ordinárias da Inco por cerca de dezoito bilhões de dólares.
Forma, com a Petrobrás e a Embraer, o grupo de grandes empresas exportadoras do Brasil. Esta última exporta produtos que incorporam alta tecnologia.
Reservas
O ICEE-98 - International Conference on Engeneering Education, realizado no Rio de Janeiro em 1998, calculou que suas reservas de minério de ferro, só em Carajás, sem contar com outros minérios, possam durar 400 anos, com extração contínua aos níveis de então [1]. O diretor-presidente da Vale do Rio Doce, Roger Agnelli, estima que as reservas de minério de ferro de Corumbá perdurem por 30 anos, e as de manganês, por 80 anos. [2].
Privatização da Vale
A privatização da Vale do Rio Doce, realizada durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, foi controversa. Alguns a elogiam. Outros alegam que a forma em que a privatização foi executada foi bastante irregular, além de considerarem a privatização desnecessária.
O jornalista Elio Gaspari apelidou essa privatização de de privataria e Joseph E. Stiglitz apelidou esse processo, ocorrido no mundo todo, de briberization ("propinização") [3].
Mais de cem ações populares, para tentar anular a venda da Vale, (dentre elas a proposta por um grupo de juristas de São Paulo, liderados pelo professor Fábio Konder Comparato a quem se juntaram Celso Antônio Bandeira de Mello, Dalmo de Abreu Dallari, Goffredo da Silva Telles Jr. e Eros Grau) foram impetradas na Justiça, onde se arrastam até hoje, com remotas possibilidades de sucesso, segundo alguns especialistas . [4] [5]
A empresa, que desde sua fundação fora lucrativa, batia recordes de produtividade [6] e detinha uma grande infra-estrutura, reunindo navios, portos e ferrovias, foi vendida em 6 de maio de 1997. A venda foi concretizada por cerca de 3,3 bilhões de dólares, sendo somente 27% do total da empresa, antes pertencente à União, que representavam 41,73% das ações ordinárias (com direito a voto) da empresa [7]. As ações preferenciais ficaram na mão de acionistas privados. O preço total que o Tesouro Nacional do Brasil recebeu pela venda do controle acionário da empresa, no governo FHC em 1997, equivale hoje ao lucro trimestral da companhia. [8]
Esse enorme ganho de lucratividade se deveu, sobretudo, ao grande aumento havido no preço do minério de ferro - que dobrou de valor entre 2005 e 2006 [9] - graças ao aumento da procura mundial, sobretudo pela China - o que permitiu à Vale, a maior detentora de reservas de minério de ferro do mundo, fazer pesados investimentos e implementar controles de gestão, tornando-se ainda mais competitiva para atender, assim, às novas necessidades chinesas e, conseqüentemente, manter sua posição de maior exportadora de minério de ferro do mundo (alcançada pela primeira vez em 1979 e, desde então, mantida ininterruptamente).
Dois bancos internacionais foram chamados pelo governo FHC para fazer a avaliação da companhia que seria leiloada. Por uma razão que até hoje muitos economistas não conseguem entender [10], os bancos escolhidos por FHC avaliaram a Vale apenas sob o critério de fluxo de caixa existente à época, descontado[11], não levando em conta o valor potencial de suas reservas de minério de ferro [12] - capazes de abastecer o mundo pelos próximos 400 anos. [13] [14]. Estes critérios vêm sendo fortemente questionados até hoje e há certos setores da sociedade tentando organizar um plebiscito para reverter a privatização da Vale, que julgam ter sido feita de forma uma lesiva ao patrimônio do Brasil. [15]
Após a privatização, e em conseqüência do aumento do valor do minério de ferro - que subiu mais de 100% em dois anos (2005 e 2006) - a Vale pôde arcar com pesados investimentos, que até o momento somam a quantia de 16,5 bilhões de dólares, fazendo seu lucro anual subir de cerca de 500 milhões de dólares em 1996 para aproximadamente 12 bilhões de dólares em 2006. O número de empregos gerados pela companhia também aumentou desde a privatização - em 1996 eram 13 mil e em 2006 são mais de 41 mil. Atualmente, a União, através do BNDES, de fundos de previdência de suas estatais e de participação direta, detêm número expressivo de ações da CVRD. Em 2005, a empresa pagou 2 bilhões de reais de impostos no Brasil, cerca de 800 milhões de dólares ao câmbio da época. [16] [17]
O atual presidente da empresa é Roger Agnelli.
Ver também
Referências
- ^ FIORI, Mylena. CNBB defende plebiscito sobre privatização da Vale. Agência Brasil, 17/11/2006
- ^ Consulta sobre reversão da venda da Vale tem data fixada. São Paulo: O Estado de S. Paulo - Nacional, 26/11/2006
- ^ FRIEDLANDER,David e EXPEDITO Filho. A propina foi paga: Revista Época: São Paulo, Edição 208, 13/05/2002
- LEITÃO, Luís. Privatização ou privataria, eis a questão. Salvador: Jornal da Mídia, 23/10/2006
- ^ Propina da Vale foi Paga. Brasília: Correio Brasiliense - Política, 12/05/2002.
- ^ Justiça poderá anular privatização da Cia. Vale do Rio Doce. Curitiba: Agência Estadual de Notícias - Governo do Paraná, 09/12/2006
- ^ SILVA, Armando Francisco da. Fluxo de Caixa. São Bernardo do Campo: in Revista da Faculdade de Econonia e Ciências Contábeis, Ecco 1, UMESP
- ^ ((en))STIGLITZ, Joseph E. Making Globalization Work.W. W. Norton & Co.: New York, London, 2006. p. 142
- ^ ^ ^ HOFFMANN, Geraldo. Vale do Rio Doce, uma empresa com pulmão de ferro. Deutsche Welle: Brasil, 26.11.2006
- ^ Cia VALE do Rio Doce. A História da Vale.
- ^ Cia. VALE do Rio Doce. Fact Sheet.
- ^ Cia. VALE do Rio Doce. Demonstrações Contábeis de 2005 - BRGAAP
- ^ VALENTE, Jonas. Vale do Rio Doce: Parlamentares apóiam revisão do processo de privatização. Agência Carta Maior: Economia. São Paulo, 17/02/2006
- ^ VIANNA, Andrea. Privatização sub judice - O futuro da Vale nos tribunais. Vitória: Reportagens Especiais - Assembléia Legislativa do E. do Espírito Santo. 13/03/2006
- ^ ^ ((en)) Carajás Mining in the Amazon Region - Iron Ore. Rio de Janeiro: International Conference on Engeneering Education, 1998
- ^ Vale do Rio Docê prevê US$ 1 bilhão para pólo siderúrgico em Corumbá, MS. Fonte: Correio do Estado, 09/09/04