Comando Vermelho

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Índice

1 Comando Vermelho o início
2 Os primeiros passos da criminalidade organizada
3 Livros Relacionados
4 Ver também
5 Ligações externas

[editar] Comando Vermelho o início

Com o nome de Falange Vermelha, batizado assim pela própria comunidade carcerária do Estado do Rio de Janeiro, o Comando Vermelho, criado entre 1975 e 1976, no Rio de Janeiro por encarcerados no Instituto Penal Cândido Mendes, conhecida igualmente como Presídio da Ilha Grande ou “Caldeirão do Diabo”, numa alusão ao presídio de Caiena, na ilha do Diabo, que lutavam contra as condições sub-humanas que os presos enfrentavam diariamente, algumas impostas pelo sistema carcerário, outras pelos próprios presos entre si. Graciliano Ramos, preso em 1936, relata em Memórias do Cárcere: “Enfim, não nos enganávamos. Estávamos ali para morrer”

A opinião mais qualificada quanto à origem do Comando Vermelho, identifica como momento preponderante a reunião de presos políticos com presos comuns na Galeria B do presídio da Ilha Grande, entre 1969 e 1975. Os presos comuns haviam sido condenados com base na Lei de Segurança Nacional, numa tentativa por parte do governo militar de equiparar os revolucionários de esquerda a criminosos.

Apesar de uma convivência por vezes pouco pacífica, foi nascendo um respeito e admiração por parte dos presos comuns à organização, disciplina e companheirismo existente entre os revolucionários de esquerda, o que lhes permitia sobreviver aquele inferno. Os internos da Galeria B, presos comuns e revolucionários, passaram a partilhar experiências, tendo os presos comuns adquirido, através de longos encontros, o modus operandi das guerrilhas revolucionárias.

Entre outros ensinamentos, que mais tarde se revelaram fundamentais, a organização interna dos presos contra os abusos das autoridades carcerárias mostrou ser um dos pilares sustentadores do sucesso desta organização, junto com a proibição de ataques, roubos ou violência física e sexual entre presos.

[editar] Os primeiros passos da criminalidade organizada

Uma das primeiras medidas do Comando Vermelho foi a instituição do “caixa comum” da organização, alimentado pelos proventos arrecadados pelas atividades criminosas daqueles que estavam em liberdade, o dízimo. O dinheiro assim arrecadado serviria não só para financiar novas tentativas de fuga, mas igualmente para amenizar as duras condições de vida dos presos, reforçando a autoridade e respeito do Comando Vermelho no seio da massa carcerária.

No início dos anos 80, os primeiros presos foragidos da Ilha Grande começaram a pôr em prática todos os ensinamentos que haviam adquirido ao longo dos anos de convivência com os presos políticos, organizando e praticando numerosos assaltos a instituições bancárias, algumas empresas e joalherias. Nos dois primeiros anos dessa década, os membros do Comando Vermelho, mostraram ao poder público carioca que um novo tipo de criminoso havia surgido: organizado, criterioso, bem equipado, atacando com planejamento cuidado e, sobretudo, eficaz nas suas operações.

Exemplo desse planejamento criterioso ocorre no Conjunto Residencial dos Bancários, na Ilha do Governador, na Zona Norte do Rio de Janeiro. Uma quadrilha associada ao Comando Vermelho infiltra-se nesse conjunto, convivendo com os bancários, obtendo assim informações quanto aos métodos operacionais e as medidas de segurança dos bancos, obtendo assim uma apreciável vantagem organizacional nos assaltos ás instituições bancárias.

Essa quadrilha, comandada por José Jorge Saldanha, o Zé do Bigode, um dos fundadores do Comando Vermelho, ocupa o número 313, da Rua Altinópolis, que no dia 3 de Abril de 1981, seria palco de uma sangrenta batalha entre as forças policiais e o líder do grupo. Durante longas horas, Zé do Bigode repele todas as ofensivas policiais, matando e ferindo vários policiais que tentavam capturá-lo. Em sua posse encontravam-se diversas armas e farta munição, o que lhe permitiu defender a sua posição ao longo de toda a noite, apesar do evidente desequilíbrio de forças envolvidas. Zé do Bigode acabaria morto, já de manhã, sob o poder e fúria dos policias.

Este episódio revela uma situação até aí inexistente no seio da comunidade criminosa: uma determinação indestrutível e irreversível do criminoso contra as forças policiais, mesmo perante a impossibilidade de fuga. No pensamento de José Jorge Saldanha, o Comando Vermelho foi o início de uma caminhada de libertação, e para proteger essa caminhada, a própria vida seria passível de sacrifício. Nota-se então um propósito, uma razão de viver, imbuída no espírito do que representa o Comando Vermelho. Assim nasce uma nova espécie de bandido, com determinação, imbuído de um espírito quase profético, com a consciência que as suas ações ultrapassam a sua pessoa, extrapolando-se para o universo que compõe o Comando Vermelho. A cada morte, o Comando Vermelho e os seus membros tornar-se-iam mais fortes, destemidos, unidos, no desígnio que os reuniu, qual seja, a luta contra o injusto sistema carcerário, e num plano mais abrangente, a luta contra uma sociedade desigual que oprime e destrói diversas camadas da população mais carente.

Num prisma sociológico, a emergência do Comando Vermelho tem fundamental importância, como reflexo da injusta sociedade brasileira que perpetua as desigualdades e não oferece alternativas ás populações pobres das periferias e morros. É talvez este o ponto mais relevante do aparecimento do Comando Vermelho, que bebeu dos Revolucionários de Esquerda, ainda que de modo transviado e deturpado, os fundamentos da luta de classes. Esses ensinamentos seriam continuamente diluídos pelas sucessivas comissões dirigentes,diversas vezes renovadas; e transmitidos a organizações dissidentes. Uma espécie de ressurgimento do bantitismo social, com uma retórica mais apurada e organização mais forte.

Ainda que os sucessos tenham sido relevantes, os assaltos a bancos são extremamente arriscados, pelo que, no final de 82, muitos daqueles que haviam sido resgatados da Ilha Grande foram recapturado ou simplesmente mortos.

A primeira grande ofensiva do Comando Vermelho fora das quatro paredes do presídio havia-se revelado uma derrota parcial. No entanto, uma política de segurança do Estado acabou por se revelar fundamental na propagação da força e hegemonia do Comando Vermelho pelos presídios mais importantes do sistema carcerário carioca. Em vez de isolar os líderes do Comando Vermelho de volta na Ilha Grande, entendeu-se que seria mais prudente separar a comissão dirigente e colocá-los em diversos presídios, de modo a desintegrar a organização (Anos mais tarde a mesma tática foi implementada em São Paulo com efeitos semelhantes, reforçando o poder do PCC – Primeiro Comando da Capital, prova que a história e o passado pouco ensinam, pelo menos para os estrategistas das secretarias de segurança publica estaduais e serviços de inteligência das policias)

A história revela que esse foi um erro de julgamento de conseqüências desastrosas. Sinteticamente, os líderes do Comando Vermelho organizaram e arregimentaram novos membros para o Comando Vermelho, estendendo e cimentando o poder do Comando Vermelho dentro dos presídios cariocas. Quando esses líderes foram novamente reunidos na Ilha Grande, a influência do Comando Vermelho já se encontrava plenamente enraizada e douradora.

A primeira comissão fundadora e dirigente do Comando Vermelho, então apenas intitulada "Falange Vermelha" é composta por pelo menos quinze integrantes, todos eles criminosos com provas dadas no mundo do crime, com extensos antecedentes criminais, outros por seu elevado grau de QI ou de periculosidade. Eram eles:

William da Silva Lima
Carlos Alberto Mesquita
Paulo Nunes Filho, o Careca
Paulo César Chaves, o PC Branco
José Jorge Saldanha, o Zé do Bigode
Eucanan de Azevedo, o Cana
Paulo David, o Padre
Iassy de Castro, o Iaçy
Apolinário de Souza, o Nanai.
Ernestoh Che Guevara, o Tche
Adevani Fumero, o Arara.

Principais líderes: Fernandinho Beira-Mar, Isaías do Borel, Elias Maluco ,Dão, Sapinho.

Favelas controladas pelo CV: Complexo do Alemão, Andaraí, Mangueira, Borel, Formiga, Jacaré, Manguinhos, Mandela, Parque Arará, Providência, Barreira do Vasco, Complexo da Maré (Nova Holanda e Parque União), Cidade Alta, Kelsons, Vila Cruzeiro, Fé, Sereno, Chatuba, Complexo do Lins, Matriz, São João, Cerro Corá, Dona Marta, Matinha, Pavão-Pavãozinho, Chapéu Mangueira, Tabajaras, Cidade de Deus, Cruzada São Sebastião, Camarista Méier, Vila Kennedy, Metral, Dique, Furquim Mendes, Vigário Geral, Chapadão, Antares, Cesarão, Rola, Barbante, Vila Joanisa, Bateau Mouche, Turano, Salgueiro, Chacrinha, Pereirão, Santo Amaro, Galinha, Tuiuti, Faleti, Prazeres, Bandeira 2, Fernão Cardim, Eng.da rainha,Vila Triagem,Babilonia Rocha,cavalão,arvoral,caniçal,Inferninho,Esperança,Grota,Preventorio,palacio, Morro do Quadro em Vitória,bairro Manoel Plaza , Sossego , Carapina , Jardim Carapina e Bairro de Fátima na Serra ES, e Outros.

[editar] Livros Relacionados

Quatrocentos contra um: uma história do Comando Vermelho,(William da Silva Lima)
Abusado, (Caco Barcellos)
Falcão - Meninos do Tráfico, (MV Bill/Celso Athayde)

Comando Vermelho de Carlos Amorim editora record bandeirantes