Cattleya granulosa
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| Cattleya granulosa |
Cattleya granulosa é, de entre todas as cattleyas bifoliadas, sem dúvida uma das mais belas.
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[editar] Introdução
No Brasil, o Estado onde essa planta melhor se desenvolve é o Rio Grande do Norte, porém é também encontrada em Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Paraíba. Não há registro de ocorrências suas no Piauí, Ceará e Bahia, nem na Guatemala como às vezes é referido na literatura.
Existe a Cattleya schofieldiana Rchb, uma planta muito semelhante à Cattleya granulosa, que ocorre no Espírito Santo e sul da Bahia, gerando divergências entre os botânicos quanto à sua classificação. É possível que se trate de outra espécie.
Ocupando uma faixa de 2 a 20 quilômetros próximo à orla marítima no Rio Grande do Norte, desde o município de Canguaretama, ao sul, até o município de Touros, ao norte, a Cattleya granulosa é encontrada desde o nível do mar até o topo de algumas dunas. Em Pernambuco e Alagoas existe a ocorrência na região litorânea, próximo ao nível do mar, e outra no interior, em regiões de altitude próxima aos 1000 metros, dividindo o espaço com a Cattleya labiata, onde ocorre o híbrido natural - a Cattleya Le Czar.
[editar] Descrição
As granulosas são plantas robustas e no Rio Grande do Norte têm porte médio entre 40 ou 50 centímetros, podendo variar desde 25 até 90 centímetros. No Nordeste, há a ocorrência de uma granulosa de tamanho muito pequeno, aproximadamente 15 centímetros, que produz uma flor idêntica às demais plantas de sua espécie.
Quanto ao número de flores por haste floral, freqüentemente encontramos 2 ou 3 flores. Esse número, porém, é muito variável, podendo ir desde uma flor até 18 flores por haste floral. É interessante ressaltar que o número de flores parece ser determinado também por um fator genético, pois há plantas bem desenvolvidas que só produzem uma única flor por haste todos os anos, detalhe que obrigatoriamente deveria ser considerado durante os julgamentos nas exposições.
Uma das causas de haver pouco trabalho publicado sobre as granulosas é a dificuldade de tentar agrupá-las em variedades segundo sua coloração, como acontece por exemplo com a Cattleya labiata.
As granulosas apresentam-se freqüentemente na cor verde-oliva, com algum pintalgamento vermelho distribuído nas pétalas e sépalas. Não existe uma planta geneticamente igual a outra.
Existe um grande universo de plantas, que varia sua coloração basicamente em torno de três pigmentos: o verde, o amarelo e o vermelho, que se mesclam em um cadinho mágico criando muitas vezes cores fantásticas.
De acordo com o predomínio do pigmento, existem as marrons clara e escura e até vermelhas ou marrons-avermelhadas, além de outras tonalidades de marrom que lembram a cor cúprea e a salmão.
Há as amarelas que estão mescladas mais com a cor verde, dando as amarelo-esverdeadas muito freqüentes, e as verdes, que contrastam muitas vezes com a cor vermelha ou rosa do labelo, desta maneira corresponderiam às semi-albas das labiatas. O pigmento azul é muito raro nas orquídeas, e na granulosa muito mais ainda, principalmente nas sépalas e pétalas, que são dominadas pelo verde. No labelo, onde há nas granulações (que emprestaram o nome à planta) predomínio da cor vermelha em um fundo branco ou rosa, é freqüente encontrarmos a cor vinho. Em algumas, a cor roxo-bispo e em outras, uma nítida tendência para a cor azul, o que nos levou a rotularmos essas como coerulenses ou cerulescences, apesar de continuarmos na busca de uma coerulea incontestável.
O albinismo é um fenômeno bastante raro em botânica e nas orquídeas em geral, e nas granulosas é mais raro ainda. Em Setembro de 1994, após 23 anos de pesquisa, tive a oportunidade de encontrar uma Cattleya granulosa albina - sépalas e pétalas de cor creme e o labelo totalmente branco, com os grânulos também brancos.
Existem outros parâmetros ainda para agrupar estas plantas, como por exemplo a presença ou não de pintas (pintalgadas e apintalgadas ou lisas, maculosas, venosas, flamescences).
[editar] Cultivo
Não se deve cultivar a granulosa da mesma forma que se cultiva a labiata. Sendo a granulosa uma planta de grande porte, é frequente os orquidófilos colocarem-na em grandes vasos e com muito substrato, o que consequentemente prolonga muito o tempo de umidade e as chances de apodrecimento das raízes, com o enfraquecimento e morte da planta.
Há várias maneiras de cultivar a granulosa. Pode-se usar em pequenas quantidades o xaxim ou a fibra de coco como substrato, geralmente em vasos de cerâmica, mas sempre com muito boa drenagem. A casca de pinus não se revelou um bom substrato para as granulosas no clima do Brasil. Podem também ser usados toros ou pedaços de madeira, como a casca de peroba, por exemplo, ou placas de xaxim com espessura fina. O caixilho pendurado, com pouco substrato (xaxim ou fibra de coco), em lugar bem arejado e com muita luz tem se mostrado uma maneira eficiente de cultivo.
Não deve ser dispensado o uso de adubação principalmente na fase de desenvolvimento vegetativo, ou seja, logo após o início da estação chuvosa. A rega deve ser feita diariamente pela manhã, nas regiões onde a aragem é constante.
[editar] O futuro
São preocupantes os desmatamentos próprios da expansão urbana, do cultivo da cana do açúcar em grandes extensões de terra, com a coleta indiscriminada e criminosa das espécies que escapam deste "desenvolvimento", porque a granulosa não tem a mesma capacidade resistiva e regenerativa da labiata e marcha célere para a extinção. Está sendo iniciado um tímido melhoramento genético, e é possível que o laboratório seja o único meio de amenizar e postergar essa devastação, embora esteja longe de imitar o belíssimo quadro da diversidade pintado pela natureza.
