Caipira

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O termo caipira em língua tupi significa "cortador de mato", nome que os índios do interior de São Paulo deram aos homens brancos. É, por extensão, uma designação genérica dada aos habitantes do interior do estado de São Paulo, no Brasil.

Entende-se por "interior", todos os municípios do estado de São Paulo que não pertencem à região metropolitana de São Paulo nem ao litoral paulista.

Seu congênere em Minas Gerais é conhecido como capiau.

Figura típica de um caipira

[editar] Origens

O núcleo original do caipira era o quadrilátero formado pelas cidades de Campinas, Piracicaba, Botucatu e Sorocaba, no médio Tietê.

Os caipiras tiveram sua origem, portanto, em uma região central do estado de São Paulo, onde viviam muito isolados e distantes da capital de São Paulo, do litoral paulista e da divisa ou fronteira de São Paulo com Minas Gerais.

[editar] A cultura caipira

Assim, bastante isolados, geraram uma cultura bem peculiar e localizada, e, por outro lado, preservaram muito da cultura paulista da época em que o Brasil era uma colônia de Portugal.

A chamada "cultura caipira", fortemente caracterizada pela intensa religiosidade católica tradicional e por superstições, pelo folclore rico e variado.

Sua música é chamada de música caipira ou música de raíz e se caracteriza por sua temática rural, por suas letras romântica e ingênuas e por um canto triste que comove que lembra a senzala e a tapera, mas sua dança é alegre.

Também é típico do caipira os "causos", (historietas contadas através de pai para filho durante séculos), que o caipira gosta de contar.

O caipira usa um falar ou dialeto caipira que, as vezes, preserva o falar do português arcaico.

Tem, o caipira, um jeito desconfiado quando está com gente da cidade, mas que se torna expansivo e franco quando está a sós com outros caipiras. É adepto do mutirão e da meação na agricultura.

A cultura caipira se expandiu para outras regiões de São Paulo, sofrendo muito a influência da imigração italiana para o interior de São Paulo, no final do século XIX e começos do século XX.

Apesar de ter sido mais vívida no passado, a cultura caipira está, até hoje, preservada, em muito da sua essência original, no interior paulista.

[editar] Os três tipos de caipira

O tipo humano do caipira e sua cultura tiveram sua origem no contato dos colonizadores brancos bandeirantes com os nativos ameríndios (ou gentios da terra, ou bugres) e com os negros africanos escravizados.

Assim, o caipira, se dividia em três categorias, segundo sua etnia, cada uma delas com suas peculariedades:

1- o caipira caboclo: - descendente de índios catequisados pelos jesuítas; Nele é que surgiu a inspiração para o personagem Jeca Tatu de Monteiro Lobato.

2- o caipira negro ; - descendente de escravos. Foi irmortalizado pelas figuras folclóricas da mãe-preta e do preto-velho. É, em geral, pobre. Sofre, até hoje, as consequëncias da escravidão.

3- o caipira branco ; - descendente dos bandeirantes, uma nobreza decaída, mas é, ainda, proprietário de pequenos lotes de terras rurais: os chamados sítios.

O tipo humano do caipira praticamente se tornou o arquétipo do paulista do interior.

[editar] O caipira na cultura brasileira

O caipira foi estigmatizado por Monteiro Lobato que conheceu apenas o caipira caboclo, tomando-o como paradigma e protótipo de todos os caipiras.

O cineasta Amácio Mazzaropi criou uma personagem, nos anos de 1950, que fez muito sucesso no cinema brasileiro: O Jeca, inspirado no caipira branco.

O cartunista Maurício de Sousa também tem um personagem caipira nas histórias da Turma da Mônica que é o Chico Bento: um menino caipira que representa o confronto da cultura caipira com a urbanização do Brasil.

O caipira foi retratado com precisão e maestria pelo pintor José Ferraz de Almeida Júnior nas suas obra-primas "caipira picando fumo" e "violeiro".

O maior estudioso do caipira foi Cornélio Pires que compreendeu, valorizou e divulgou a cultura caipira nos centros urbanos do Brasil.

Cornélio Pires foi o primeiro que lançou, em discos de 78 Rpm, a música caipira, hoje chamada de "música de raiz", em oposição à música sertaneja.