Antônio Manuel Correia da Câmara
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Antônio Manuel Correia da Câmara
Personagem curioso da História do Brasil na época da independência. Riograndense, pertencia à facção de José Bonifácio de Andrada. Pertenceu ao exército português e ao de Napoleão, viajou pela Europa e pela India, diz o historiador Delgado de Carvalho que «conhecia Buenos Aires e, em Lisboa, tomara parte num motim contra as Cortes». No Rio, era panfletário da facção andradina.
Foi escolhido por D. Pedro I, ainda como Príncipe Regente em 1822, para uma missão ao Prata para «obter uma série de coisas que um Talleyrand nunca teria conseguido.» Ver a respeito o texto sobre a Incorporação da Cisplatina.
O objetivo principal era conservar a autonomia e obter a simpatia das províncias platinas em sua luta contra as Cortes, sem todavia romper a união com a monarquia portuguesa. Consistia isso, diz Delgado de Carvalho em História Diplomática do Brasil, em reconhecer os Estados do Prata antes de estes Estados serem independentes, e o próprio Brasil; em enviar missão diplomática disfarçada, só exibindo credenciais se disso houvesse oportunidade; em demonstrar a impossibilidade de uma recolonização do Brasil, e por fim, expor a utilidade de um tratado ofensivo e defensivo entre o Brasil e os Estados platinos. A única coisa que Correia da Câmara não devia discutir era a situação da Província Cisplatina, o mais delicado problema da política brasileira.
E rcebera ainda instruções para obter o apoio do ditador Francia, no Paraguai, para nos auxiliar na defesa da Cisplatina.
O emissário foi bem acolhido pelo governo das Províncias Unidas mas sentiu a enorme oposição da opinião pública. A grande figura política era o ministro Bernardino Rivadávia, na presidência do General Martin Rodriguez. Buenos Aires acabava de assinar o Tratado Quadrilátero com as províncias de Santa Fé, Entre Rios e depois Corrientes. A desconfiança era explicável, a questão da Cisplatina era um golpe nas aspirações dos republicanos do Prata. Desde janeiro de 1823 o governo de Buenos Aires havia enviado ao Rio de Janeiro uma missão de Valentin Gomes, com instruções de negociar o que chamava a restituição da Banda Oriental do Uruguai, encontrando repulsa a respeito da separação da Cisplatina do Império do Brasil.
Das três soluções políticas, (1) a constituição de um Estado independente, impossível quase pela falta de garantias de estabilidade e de recursos, pois teria marcado a volta à situação de 1816 com lutas entre facções e caudilhos; (2) a anexação da Cisplatina às Províncias Unidas, o que seria um enorme erro político para o Brasil e (3) a manutenção da Província Cisplatina como parte integrante do Império brasileiro, D. Pedro es esforçava para realizar a última. Suas instruções até ingênuas a Correia da Câmara diziam: «fazendo gostar aos demais povos da América o sistema de governo que temos abraçado».
Consta que o emissário nada conseguiu no Rio da Prata mas agiu como espião do partido andradista, espreitando os liberais brasileiros refugiados, denunciando conspiradores, escrevendo artigos contra adversários políticos. Em dezembro de 1822 poediu mesmo a expulsão de Joaquim Gonçalves Ledo, o que Rivadavia recusou.
Sua missão ao Paraguai não teve mais sucesso. Numa primeira viagem a Assunção não conseguiu ser recebido por Francia. Na segunda, verificou que o ditador tinha «o gênio recheado de desconfianças» e não quis saber de tratado algum de Paz, Amizade e Comércio em que «não era solenemente reconhecida a Soberania e a Independência da República do Paraguai».