Sorte
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Sorte é um quase-sinônimo de destino, com a principal diferença de admitir uma divisão entre "boa sorte" e "má sorte" (quando se fala em destino, essa divisão é inadmissível). No entanto, imaginar que existe uma sorte é algo que exige admitir a idéia de predestinação, ou seja, de que algo ocorreu por fatalidade, programação ou desígnio imposto por forças maiores, sejam estas cosmogônicas, metafísicas ou teológicas.
A questão da boa sorte em jogos de azar serviu de inspiração para a matemática. Conta-se que, durante a França do século XV, um certo jogador profissional chamado De Mére indagou um de seus amigos, o matemático francês Blaise Pascal, sobre como prever racionalmente os resultados de uma partida de cartas ou dados. De posse sobre as questões do jogador, Pascal iniciou uma vasta troca de correspondência com outros colegas de estudos e profissão. Os resultados desse debate evoluiriam posteriormente para uma bem-ordenada teoria da probabilidade.
A concepção de sorte é profundamente enraizada no imaginário popular. Na cultura popular, imagina-se que a sorte possa ser obtida através de artifícios "mágicos", como ferraduras de cavalo, trevos de quatro folhas, etc. A principal questão imposta por esta idéia é: por que a sorte ora é boa, ora é má.
[editar] A sorte no imaginário
Diversas figuras do imaginário popular representam e buscam explicar a sorte. Na mitologia grega clássica, a sorte é representada pelas Parcas, que são três mulheres de aspecto lúgubre, responsáveis por fabricar, tecer e cortar aquilo que seria o fio da vida de todos os indivíduos. Durante o trabalho, as Parcas fazem uso da Roda da Fortuna, que é o tear utilizado para se tecer os fios. As voltas da roda posicionam o fio do indivíduo em sua parte mais privilegiada (o topo) ou em sua parte menos desejável (o fundo), explicando-se assim os períodos de boa ou má sorte de todos. Conta-se que o deus Áries fora o único ser capaz de submeter as Parcas à vontade dele; fora esta exceção, as Parcas jamais foram manipuladas, e nada se pode fazer para detê-las, ou ganhar-lhes o favor (até porque as Parcas entendem que o trabalho delas está mesmo acima delas próprias).
A mitologia romana clássica oferece a figura da Fortuna, profundamente explorada por Nicolau Maquiavel em "O Príncipe", sua obra maior. Diferente das Parcas, a Fortuna é uma mulher disposta a conceder favores. De acordo com Maquiavel, este se obtém através da virtu, termo melhor traduzido não como viturde, mas virilidade. De acordo com o autor, se a Fortuna é mulher, nada mais natural que esta venha a se lisonjear com homens que estejam dispostos a domá-la. A ousadia, por exemplo, seria uma forma de "humilhá-la" e, portanto, lisonjeá-la.