Rio Trancão
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Vista do Rio Trancão em Sacavém. Ao fundo, a Auto-Estrada do Norte (A1) |
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Comprimento | 29 319 km | |||
Altitude da nascente | N/D m | |||
Débito médio | N/D m³/s | |||
Área da bacia | N/D km² | |||
Nascente | Póvoa da Galega (Milharado, Mafra) |
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Foz | Tejo | |||
Delta | N/D | |||
Curso de água - hidrologia |
O Trancão (antigamente chamado de rio de Sacavém) é um pequeno rio português (cerca de 29 km) do Distrito de Lisboa.
Índice |
[editar] Geografia
O Trancão tem a sua nascente na povoação da Póvoa da Galega, freguesia do Milharado (município de Mafra), atravessando depois a freguesia da Venda do Pinheiro, de poente para nascente, até entrar no concelho de Loures pela freguesia de Bucelas.
Nesta inflecte o seu rumo para sul, seguindo depois por São Julião do Tojal até à fronteira com as freguesias de São João da Talha e Unhos.
A partir desse ponto, faz de fronteira natural entre as demais freguesias da zona oriental do concelho, até alcançar a sua foz, em Sacavém: separa Unhos, na margem sul do rio, de São João da Talha e da Bobadela, na sua margem norte; junto à foz, em Sacavém, separa o território desta cidade do da vizinha Bobadela.
[editar] Afluentes
O Trancão tem por tributários, ainda em Bucelas, a ribeira das Romeiras, e encontra na fronteira com Unhos e São João da Talha, a ribeira da Póvoa (ou de Frielas), um curso de água resultante da união, em Frielas, de dois outros flúmens: o rio de Loures e a ribeira de Odivelas. Já em Sacavém, recebe como tributária a ribeira do Prior Velho.
O próprio Trancão é, ele mesmo, um afluente do Tejo, vindo desaguar no seu largo estuário, defronte do Samouco, em Alcochete.
[editar] História
O rio Trancão foi em tempos chamado rio de Sacavém, posto que era não só a localidade mais importante da região envolvente, como também pelo facto de a freguesia abarcar então as duas margens do rio, junto à sua foz (a separação de São João da Talha verificar-se-ia apenas em 1387).
Foi nas suas margens que se travou o primeiro recontro entre D. Afonso Henriques e os mouros, em 1147, logo antes da tomada de Lisboa – a chamada batalha do rio de Sacavém, nas imediações da velha ponte romana.
Foi uma via de comunicação preferencial até ao século XIX, por parte das pessoas da zona saloia a norte de Lisboa; estava então pejado de embarcações que transportavam os produtos hortícolas até Lisboa. Foi também através dessas mesmas embarcações que subiram pelo rio as pedras usadas na construção dos torreões do Convento de Mafra, no tempo do rei D. João V.
Após a Restauração, aventou-se várias vezes a ideia (designadamente nos reinados de D. João IV e D. Afonso VI, com a guerra contra Espanha a decorrer), de ligar o Rio de Sacavém ao Oceano Atlântico, fazendo-o desembocar na praia do Baleal, constituindo este curso de água que ia desde Sacavém a Peniche uma linha de defesa natural da capital; o projecto nunca foi levado avante, e foi-se gradualmente desvanencendo, embora ainda fosse recordado quando, no início do século XIX, se construíram as Linhas de Torres Vedras para deter os invasores franceses.
Após o violento Terramoto de 1755, que assolou a capital, iniciou-se um lento processo de assoreamento do rio, que tem desde então impedido a sua navegabilidade; até aí, em conjunto com os afluentes, formava um vasto e muito mais largo sistema aquífero, de que a velha ponte romana (no seguimento da estrada que ligava Lisboa a Braga), ainda existente no século XVI (e desenhada por Francisco de Holanda), que contava com treze arcos, constituía bem a prova disso mesmo.
Ainda hoje o rio é atravessado não só pela ponte que liga Sacavém à Bobadela (EN10), como também por um grande viaduto sobre o qual corre a Auto-Estrada do Norte (A1).
[editar] O Trancão hoje
Desde meados do século XX, o Trancão tornou-se tristemente célebre pelas descargas poluentes efectuadas por fábricas de ambas as margens do rio, ao longo de toda a sua extensão, que fizeram dele um rio moribundo e de odor nauseabundo. No entanto, no seguimento do projecto da EXPO 98, foi contemplada a sua completa despoluição, processo que se vem verificando desde então, e que passou, nomeadamente, pela construção de uma ETAR em Frielas tendo em vista a sua reabilitação. Hoje é comummente considerado um modelo a seguir na despoluição dos cursos aquíferos.