Manuel de Araújo Porto-alegre
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Manuel José de Araújo Porto-alegre, primeiro e único barão de Santo Ângelo, (Rio Pardo, 2 de Novembro de 1806 — Lisboa, 29 de Dezembro de 1879) foi um escritor do romantismo, pintor, caricaturista, arquiteto, crítico e historiador de arte, professor e diplomata brasileiro.
[editar] Biografia
Filho de Francisco José de Araújo e Francisca Antonia Viana, seu nome de batismo era Manuel José de Araújo, modificado para Pitangueira por espírito nativista, quando da Independência e, mais tarde, chegando à forma definitiva: Manuel de Araújo Porto-alegre, sendo equivocada a grafia Manuel de Araújo Porto-Alegre que alguns de seus biógrafos utilizam.
Porto-alegre chega ao Rio de Janeiro em janeiro de 1827, com noções de pintura e desenho (tendo sido, inclusive, pintor de cenários de teatro) e se matricula na Academia Imperial de Belas Artes onde foi aluno de Jean Baptiste Debret.
Em 25 de julho de 1831 viaja para Paris, em companhia de seu mestre e amigo Debret, que deixava definitivamente o Brasil. Na Europa, estuda na Escola de Belas Artes de Paris e viaja pela Itália, Inglaterra, Países Baixos e Bélgica. Volta para o Rio de Janeiro em maio de 1837 e passa a desenvolver atividades variadas como arquiteto, professor de desenho, poeta e, inclusive, crítico e historiador de arte, área na qual também é considerado como fundador da disciplina no Brasil.
Manuel de Araújo Porto-alegre foi vereador no Rio de Janeiro, e nomeado diretor da Imperial Academia de Belas Artes em 1854, cargo que ocupou até 1857, quando iniciou sua carreira diplomática, primeiramente na Prússia, depois em Dresden (1860) e Lisboa, onde chegou em 1866 e permaneceu até sua morte.
Em 1874 foi homenageado pelo imperador D. Pedro II com o título de Barão de Santo Angelo.
Casou no Rio de Janeiro em 1838 com Ana Paulina Delamare, baronesa de Santo Ângelo, falecida no Rio de Janeiro em 1901. Tiveram cinco filhos, dentre estes Carlota Porto-alegre, que foi a mulher do pintor Pedro Américo.
Seus restos mortais foram trazidos ao Brasil em 1922.
[editar] A primeira charge
Porto-alegre foi o primeiro artista a publicar uma caricatura no Brasil. Entre 1837 e 1839, de volta de sua viagem à Europa, Manuel de Araújo Porto-alegre produziu uma série de litografias satíricas que eram vendidas em unidades separadas nas ruas do Rio de Janeiro. A primeira circulou em 14 de dezembro de 1837, vendida por 160 réis, tinha por título A campainha e o cujo, não era assinada (sua autoria só seria reconhecida posteriormente) e apresentava o jornalista Justiniano José da Rocha, diretor do jornal Correio Oficial, ligado ao governo, recebendo um saco de dinheiro.
Porto-alegre lançou ainda, em 1844, a revista Lanterna Mágica, primeira publicação de humor político da imprensa brasileira, que circulou por onze edições, incorporando a charge e a caricatura, que deixaram assim de ser vendidas separadamente. A publicação, que tinha o subtítulo Periódico plástico-filosófico, apresentava dois personagens que criticavam as situações do momento, Laverno e Belchior, à semelhança dos tipos Robert Macaire e Bertrand, criados pelo caricaturista francês Honoré Daumier e que tinha em Rafael Mendes de Carvalho seu principal desenhista.