Luís VIII de França
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Luís VIII nasceu em (Paris, em 5 de setembro de 1187 e morreu em Montpensier (Montpensier-en-Auvergne) em 8 de novembro de 1226). Está sepultado na abadia de St. Denis. Era chamado Coração de Leão, depois o Leão.
Foi brevemente rei de França desde julho de 1223 até 1226, sendo sagrado em Reims em 2 de setembro de 1223 ao mesmo tempo em que era sagrada sua mulher, Branca de Castela, neta da primeira mulher de seu avô.
Era filho de Filipe II Augusto, da França, e Isabel de Hainaut. Foi o primeiro rei da dinastia Capeta que não foi associado ao trono pelo predecessor, porque seu pai se contentou em o fazer cavaleiro com muita solenidade. Pelo seu nascimento houve muito júbilo, pois as dinastias antiga de Carlos Magno e a nova de Hugo Capeto finalmente se uniam num herdeiro. Deixou, para a defesa do reino, um Tesouro real cheio, ouro e prata na Torre do Louvre; recebera do pai um domínio real quadruplicado. E legou ao filho uma tradição dinastica mais firmemente assentada na continuidade monárquica.
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[editar] Apreciação
O trono era considerado cada vez mais como hereditário. Consequentemente Luís tomou as rédeas do governo assim que o pai morreu, e agiu já como soberano antes de ser sagrado. Antes da morte de Filipe Augusto, este ouvira dos senhores ingleses rebelados contra João Sem Terra, pedido para invadir a Inglaterra, e tinha mesmo ido até este país em persegyição ao rei. Apesar de viva oposição do papa, que o ameaçava de excomunhão, nada o impediu de entrar vitorioso em Londres, sendo proclamado rei. Submeteu os que ainda eram do partido de seu rei destronado, mas João morreu logo e Luís, abandonado pelos que o tinham chamado, sitiado depois em Londres, só obteve licença para voltar para a França depois de jurar devolver aos ingleses tudo que Filipe II Augusto lhes tomara. Esta promessa foi a razão pela qual Henrique III não comparecer a seu sacre, como vassalo de um senhor suserano. Muito ao contrário: Henrique III enviou embaixadores para o fazer executar sua promessa, restituindo a Normandia e as outras províncias confiscadas a João Sem Terra. Luís respondeu que os ingleses tinham primeiro violado o tratado, apoiando-se nas constituições do reino, que não permitia ao rei desmembrar o reino de províncias sem primeiro consultar os senhores. Reuniu numeroso exército e entrou no Poitou, onde derrotou Savari de Mauléon, dos mais hábeis guerreiros de seu tempo, tomou Niort, Saint-Jean d'Angely, e sitiou La Rochelle, que obrigou a capitular apesar dos esforços de Mauléon, que para lá fora.
Tomou aos ingleses o Poitou, a Saintonge, o Angoumois, o Limousin, o Périgord e parte do Bordelais. Recebeu jura de fidelidade do Visconde de Limoges, do conde do Périgord, de todos os senhores da Aquitânia, até o rio Garonne e voltou triunfante a Paris.
Na primavera partiu dos portos ingleses uma frota de 300 velas comandada pelo irmão do Rei, Ricardo. O jovem príncipe desembarcou em Bordeaux, reuniu numerosos senhores, tomou Saint-Macaire e ia sitiar La Réole, quando foi repelido por seus habitantes. Advertido que chegavam reforços poderosos, reembarcou para a Inglaterra. Luís, nessa época, poderia sem muito custo submeter o resto das possessões inglesas e tal parece ter sido seu projeto. Em vão Henrique III fez com que o Papa lhe escrevesse cartas ameaçadoras. Mas o rei inglês foi mais feliz ao oferecer 30.000 marcos de prata em troca de uma trégua de quatro anos.
[editar] A cruzada albigense
O Papa Honório III, que se mostrava favorável aos ingleses, redobrou esforços e intrigas. Para ocupar Luís com outro tema, fez com que abraçasse a causa da Casa de Montfort contra o conde de Toulouse, Raimundo, e determinou colocá-lo à testa de uma cruzada contra os albigenses. Apesar das explicações que pareciam francas e leais do conde de Toulouse, Raimundo foi declarado herético pelo legado do papa, dando ao Rei de França a posse de seus enormes domínios.
Assim, Luis participou da grande cruzada contra os albigenses e subjugou todo o Languedoc, exceto Toulouse. Assumiu os direitos de Amaury de Montfort e em 30 de janeiro de 1226 se pôs à cabeça do exército poderoso, em companhia do legado do papa, atirando a monarquia no Sul. Raimundo de Toulouse fazia esforços para conservar a paz sem esquecer de se defender, de modo que Luís começara uma guerra sem qualquer precaução contra um inimigo que se preparara com prudência.
Sitiou Avignon e a tomou depois de três meses, em novembro de 1226, só quando os ferros inimigos, a fome e o contágio de doenças já tinha atacado parte de seus homens. Com a capitulação de Avignon, seu exército entrou no Languedoc, chegando a quatro léguas de Toulouse. A estação estava avançada e não se podia mais sitiar a cidade. No final do mês, voltando para a França, doente de disenteria, foi obrigado a parar em Montpensier, castelo em Auvergne. A doença havia piorado e sua morte foi anunciada em 8 de novembro de 1226. Alguns historiadores disseram que tinha sido envenenado por ordem de Teobaldo de Champagne, o que parece improvável. Outros alegaram um excesso de continência: Guillaume de Puylaurens conta mesmo que os médicos colocaram uma moça em sua cama, e quando o rei acordou ela lhe explicou o motivo de sua presença: «Non, ma fille, lui dit Louis, j'aime mieux mourir que de sauver ma vie par un péché mortel. » O que se traduz por: «Não, minha filha, lhe disse Luís, prefito morrer do que salvar a vida por um pecado mortal.»
Apesar do reinado muito breve, marcou seu lugar entre Filipe II Augusto e seu filho, São Luís. Sua expedição contra a Inglaterra denuncia seu espírito firme, acima de medo, nem da excomunhão, tão temíveis em sua época. Ganhou a estima da aristocracia inglesa, forçada a admrar sua coragem. Durante os três anos em que ocupou o trono não cessou de combater e de vencer: aumentou os domínios da coroa pelas armas e compras felizes. Como comenta o cronista Matthieu Pâris, Luís VIII foi muito diferente do pai.
[editar] Regência da esposa
Como, aos 39 anos, não tomara providências testamentárias, surgiu o risco de perder o trono para seu meio-irmão Filipe o Eriçado, e os poderosos Barões Teobaldo ou Thibaud, Conde de Champagne, Pedro Mauclerc, Conde da Bretanha e Hugo de Lusignan, conde de La Marche. Estes tinham abandonado em julho o exército, terminados os 40 dias obrigatórios. Fez saber, em ato inédito - de 8 de novembro mas guardado até 19 de abril, dia da Páscoa e portanto do início do ano 1227 - que punha seu filho e sucessor, o reino e seus outros filhos »sob a autoridade e tutela» da rainha Branca de Castela até que atingisse a «idade legal».
Seu apelido foi Coração de Leão, e não o Leão, como a posteridade o chamou, para aplicar a ele uma profecia de Merlin sobre o ano de seu nascimento, e segundo a qual o Leão Pacífico deveria morrer no ventre do Monte. Pretendeu-se que o Leão Pacífico era ele e a cidade de Montpensier, onde morreu, era a pança ou ventre do monte.
[editar] Casamento e posteridade
Casou na Normandia em 23 de maio de 1200 com Branca de Castela, nascida em Palencia, Castela em 4 de março de 1188 e morta em 1º de dezembro de 1252 em Melun, sepultada na abadia de Maubuisson. Filha do rei de Castela Afonso VIII e de Eleanor ou Alienor da Inglaterra. Ela morreu sobre uma cama de palha, aos 67 anos, chorada pelos parisienses que a amaram. O casamento fora determinado pelo Tratado du Goulet (1200) entre Filipe II Augusto e João Sem Terra, que era tio da noiva. Viúva, o levante feudal de Teobaldo IV de Champagne le chansonnier foi conjurado quando o novo rei Luís IX mal tinha 12 anos, graças a sua energia. Foi mãe autoritária e ciumenta, excelente estadista, deixando a Luís IX um reino pacificado. Teve o mérito de fazer fracassar a reação feudal e teve importante papel politico. Na VII Cruzada do filho, (1249-1252) assumiu pela segunda vez a Regência. Viveu 20 anos no Hôtel de Nesle, encostado na muralha de Filipe II Augusto (hoje rue Coquellière), morada bastante modesta, rodeada de prados e vinhas - não confundir com o Hotel de Nesle do quai Conti! Teve 13 filhos. Ao morrer o rei, sobravam uma filha, religiosa, e cinco varões: Luís IX, Roberto, Afonso, Carlos e João (este último, morto aos 14 anos). Dos três outros nascerão os ramos de Artois, Anjou, Maine, Provença e de Nápoles.
- 1 -filha (1205-1206).
- 2 - Filha (1207).
- 3 - Filipe (1209-1218) em 1217 casado com Agnes de Donzy.
- 4 - filha (1213).
- 5 - Luís IX (1214-1270 Canonizado como São Luís em 1297.
- 6 - Roberto I de Artois (1216-1249) o Valente. Tronco da casa capetiana de Artois.
- 7 - Filipe (1218-1220).
- 8 - João (1219-1232) Conde de Anjou e do Maine.
- 9 - Afonso III de Poitiers (1220-1271), conde de Poitiers e de Toulouse 1225.
- 10 - Filipe Dagoberto (1222-1232).
- 11 - Estêvão ou Etienne (1225-1226).
- 12 - Isabel ou Bem aventurada Isabel (1224-1269). Abadessa fundadora de Longchamp.
- 13 - 10º filho, o enfant terrible, Carlos I de França (1226 ou 1227-1297 Foggia), Conde e depois duque de Anjou, Rei de Nápoles e da Sicília.
Precedido por: Filipe Augusto |
Rei de França 1223 - 1226 |
Sucedido por: São Luís IX |