Luís I de Valois

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Luís I de Valois (13 de março de 1372—23 de novembro de 1407), assassinado na rue Vieille du Temple, em Paris. Era duque d'Orleães de 1392 até sua morte, além de duque de Touraine (1386–1392) e conde de Valois, de Blois (1397–1407), de Angoulême (1404–1407), do Périgord, de Dreux e de Soissons, de Dunois e de Beaumont. Em agosto de 1402 comprou o ducado de Luxemburgo, o condado de Chiny e a avouerie da Alsácia, que tinham sido cedidos ao margrave Josse da Morávia.

Filho de Carlos V e de Joana de Bourbon, e irmão de Carlos VI. Foi o tronco da CASA DE ORLEANS e de ORLEANS-ANGOULÊME que chegará ao trono com Francisco I.

Em janeiro de 1389, casou-se em Melun com sua prima Valentina Visconti, filha de Gian Galeazzo Visconti, duque de Milão (1351-1402) o financista que ajudara a levantar dinheiro para o resgate de seu avô, o rei João II o Bom, o qual, por isso mesmo, com ele casara em 1360 sua filha, Isabel de França ou de Valois (1348-1372). Valentina nascera em Milão em 1370 e morreria em 4 de dezembro de 1408 no castelo de Blois. Tiveram nove filhos. Não foi um marido fiel, pois segundo conta Brantôme, tinha instalado em seu Hôtel d’Orléans (antigo Hôtel da Boêmia) um Gabinete de Retratos com os retratos pintados de suas amantes.

Teve imoprtante papel político durante a Guerra dos cem anos. Com a crescente insanidade do irmão mais velho Carlos VI o Louco (esquizofrênico, sofria de porfiria ou distúrbio bipolar), disputou a regência e guarda das crianças reais com João o Temerário, duque de Borgonha.

A inimizade entre ambos era pública e uma fonte de instabilidade política na já problemática França. Luís teve a vantagem inicial, possuindo sangue real, mas sua personalidade difícil e rumores de um caso amoroso entre ele e a rainha consorte Isabel de Bavária fizeram-no extremamente impopular. Nos anos seguintes, os filhos de Carlos VI foram sucessivamente sequestrados e resgatados por ambas as partes, até que o duque de Borgonha conseguiu ser designado por decreto real como guardião do delfim, tornando-se regente de França.

Luís não desistiu e esforçou-se para sabotar o mandato de João, incluindo esbanjar o dinheiro levantado para libertar Calais, então ocupada pelos ingleses. Após esse episódio, João e Luís romperam em ameaças abertas e somente por meio da intervenção de João de Valois, duque de Berry e tio de ambos, é que foi possível evitar-se uma guerra civil. Em 20 de novembro de 1407 uma reconciliação solene foi jurada por ambos em frente à corte de França, mas apenas três dias depois Luís foi brutalmente assassinado na rua Velha do Templo, em Paris, por homens armados a mando de João, amputando seus braços enquanto ele montava a cavalo.

A França se recuperava do conflito com a Inglaterra após as vitórias de Du Guesclin e do rei Carlos V. Em 23 de novembro, o duque de Orléans foi assassinado por um banco de malfeitores mascarados. O crime teve lugar no bairro do Marais, onde se erguiam as mansões e palácios dos grandes do reino e do próprio rei. O amante da Rainha Isabel de Baviera, sua cunhada, foi morto diante da mansão ou hôtel Barbette onde ela residia. O duque integrava então o Conselho da Regência, que governava o país há 15 anos, desde a loucura do rei seu irmão, Carlos VI. Os tios do rei e da vítima, os duques de Anjou, de Berry e de Bourbon, participam também do Conselho, assim como seu primo, o duque da Borgonha João Sem Medo. A presidência cabia à Rainha, Isabel da Baviera. Os príncipes de sangue, como eram chamados os membros da família real, aproveitavam da enfermidade do rei para governar mas sua conviência estava perturbada pela ligação amorosa entre Luís e Isabel, que fazia com que muitos temessem que Luís I de Valois tomasse o lugar proeminente no Conselho. Descobriu-se depois, sem surpresa, que os assassinos agiam a mando do duque da Borgonha, João. Este tinha, como sua vítima, 35 anos.

O assassinato teve consequências dramáticas pois transformou em guerra aberta e declarada as rivalidades entre os partidos do duque de Orleans e do duque da Borgonha. O filho da vítima, o grande poeta Carlos de Orleans, pede apoio ao sogro, o conde Bernardo VII d'Armagnac. Bernardo VII é um senhor brutal, muito temido, por comandar uma soldadesca numerosa, originária da região de Adour e do rio Garonne. Sem hesitar, colocar-se ao serviço do genro. Por esta razão os partidários de Carlos de Orleans serão conhecidos pelo nome de Armagnacs e durante decênios o reino tremerá das disputas entre Armagnacs e os Borguinhões. A primeiro combate foi vencido por João Sem Medo. Apesar do crime, beneficia de uma enorme popularidade junto ao povo de Paris e domina a capital, aliando-se à facção popular comandada por Simon Caboche - denominados os cabochiens. Os insurgentes não temem atacar a Bastilha e matar o preboste de Paris.

Os universitários aproveitam para preparar uma reforma administrativa que ficará conhecida pelo nome de «ordonnance cabochienne» para quebrar o poder do monarca. O rei se vê obrigado a convocar os Estados Gerais, em janeiro de 1413 e assinar o decreto. Em sinal de aceitação, veste mesmo o capuz dos cabochiens. Mas as exações dos Borgonheses e «cabochiens» fazem logo os habitantes se rebelarem. Os «cabochiens» são exterminados e o duque da Borgonha tem que ceder lugar aos Armagnacs. O conde Bernardo VII se apodera de Paris e se faz nomear condestável pela Rainha Isabeau de Baviera.

As perturbações não passam desapercebidas de Henrique V que se aproveita para retomar a guerra contra a dinastia dos Valois, interrompida há 35 anos. Desembarca na Normandia com seu exército e os Armagnacs são vencidos em Azincourt, no dia 25 de outubro de 1415. A chamada «flor da cavalaria francesa» é derrotada e aniquilada nesta terra ao norte do rio Somme, pisada pelos arqueiros e soldados ingleses. O desastre relançou a Guerra de Cem Anos, depois da trégua que sucedeu às vitórias de Carlos V e de seu condestável Bertrand Du Guesclin. Azincourt se une assim aos desastres de Crécy e de Poitiers, assinalando a morte da cavalaria feudal.

[editar] Descendência

De seu casamento com Valentina Visconti:

• 1 - filha (1390)
• 2 - Luís (1391—1395)
• 3 - filho (1392)
• 4 - João Filipe (Paris, setembro de 1393 — castelo de Vincennes, 31 de outubro de 1393).
• 5 - Carlos d'Orleães, duque d'Orleães (1394–1465), pai de Luís XII de França
• 6 - Filipe (Paris, 1396–1420), conde de Vertus, pai de Filipe de Orleans (executado em 1445) bastardo de Vertus.
• 7 - Luís (1398)
• 8 - João, conde de Angoulême (1404–1467), avô de Francisco I de França
• 9 - Maria d´Orleans (castelo de Coucy, 1401)
• 10 - Margarida d´Orleans (1406–Abbaye-la-Guiche, 24 de abril de 1466), condessa de Vertus-en-Champagne, casada em 1423 com Ricardo da Bretanha (1395-1438), conde de Étampes, membro da segunda dinastia da Bretanha.

Seu filho ilegítimo com Maria, Mariette ou ainda Iolanda d'Enghien, filha de Jacques d´Enghien, João d'Orleães, mais conhecido como Dunois na história militar da França, é o ancestral dos duques de Longueville.