Lobo Solitário e Filhote
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Lobo Solitário e Filhote (em japonês 子連れ狼 - Kozure Ookami) ("Lone Wolf & Cub" em inglês) é um mangá (mais especificamente, um gekigá) que começou a ser publicado no ano de 1970 no Japão, com criação e roteiro de Kazuo Koike (nascido em 1936), também criador de Crying Freeman), e arte de Goseki Kojima (1928-2000).
Ainda hoje é considerado uma das obras primas do mangá, pelo excelente argumento e os belíssimos desenhos de Goseki Kojima, e inspirou várias adaptações para cinema nos anos 80. (Os filmes baseados em Lobo Solitário e Filhote são conhecidos por sua fidelidade à história do mangá).
Entre seus fãs ocidentais está o roteirista e desenhista Frank Miller, que fez as capas para a edição norte-americana.
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[editar] História
As histórias de Lobo Solitário e Filhote se passam no Período Edo da história do Japão. Os personagens principais são Ogami Itto (拝 一刀) -- ou Itto Ogami, dependendo da tradução -- ex-executor do shogun (uma espécie de assassino político) e seu filho Daigoro (大五郎).
Os membros do clã Ogami eram destinados a se tornar os executores (kaishakunin), a única autoridade com permissão para matar um daimyo (senhor Feudal). Mas a família Yagyu arquitetou uma farsa para que Itto fosse acusado de traição e condenado ao seppuku: executou todo o clã Ogami, exceto por Itto e seu filho recém-nascido; escondeu em seu templo pessoal uma tábua funerária com o símbolo do shogunato; e preparou uma falsa confissão zankanjo dizendo onde o objeto estaria escondido. Uma confissão zankanjo era uma declaração de culpa assinada com o sangue de um samurai que se matava em seguida. Se o plano tivesse funcionado, o executor seria condenado, se suicidaria e seu posto ficaria vago. O clã Yagyu -- que já tinha a função de assassinos secretos do shogun -- passariam a ser também os kaishakunin. Eles já controlavam os ninja kurokuwa, a terceira polícia política do shogun.
Itto não aceitou a sentença de suicídio. Escolheu no lugar disso trilhar a estrada do assassino. Na tentativa de impedir que Itto escapasse à sentença, o líder do Yagyu propôs-lhe um duelo. (O simples assassinato do Ogami consistiria de um crime, porque ele ainda carregava a Rosa-malva, um emblema oficial do shogunato). Num duelo de apenas um golpe, Itto matou seu oponente Yagyu, demonstrando sua excepcional habilidade, mesmo em situações desvantajosas: Itto lutou carregando o filho nas costas e com o sol contra o rosto. Esta frase de um dos Yagyu descreve bem a dificuldade que Itto enfrentou no duelo:
- Kurato luta com o sol poente nas costas... e Ogami está com o filho nas dele[...]Nenhum dos dois luta sozinho, mas o desfecho está claro!
Após a recusa ao suicídio, Ogami Itto passa a andar pelo Japão como um assassino de aluguel, sendo contratado geralmente para matar alvos difíceis e pessoas influentes.
[editar] Personagens
[editar] Ogami Itto
É o protagonista da série. Provavelmente o maior espadachim do Japão, ele conhece uma enorme gama de estilos, inclusive o estilo "suyo" próprio dos executores.
As habilidades do Lobo Solitário não se resumem ao manejo da espada, entretanto. Ele é um grande conhecedor de estratégia militar, do cenário político do Japão e do modo de pensar de seus conterrâneos. Nada surpreende Ogami Itto, que parece conhecer plenamente os planos de seus inimigos antes que se consumem. Curiosamente, essa sua infalibilidade e quase onisciência lembram o personagem Sherlock Holmes, que também quase nunca deixa de prever um movimento de seus ardversários.
Ogami sabe se valer tanto do anonimato quanto de sua reputação. Logo na primeira história do primeiro volume de Lobo Solitário e Filhote, Ogami faz com que seus inimigos saibam de sua chegada a um han (feudo) e se deixa capturar, para chegar mais facilmente ao seu alvo. Já em outra história, ele se passa por um ladrão comum para ser preso e ter acesso ao interior da cadeia. Ambos os casos mostram sua plena autoconfiança, mesmo em situações difíceis.
Apesar de ser uma pessoa comedida, Ogami não tem restrições ao escolher seus alvos, desde que lhe sejam devidamente explicados os motivos dos contratantes, cobra 500 ryos por serviço, mas também pode aceitar o trabalho por outros motivos. Numa história do segundo volume, ele mata um monge que não só era um defensor dos camponeses como também era tido como a reencarnação do próprio Buda. Entretanto esse tipo de história costuma terminar em casos de justiça poética. Na do exemplo, os políticos que contrataram Ogami decidem matá-lo depois de ter cumprido o contrato; assim conseguiriam recuperar a confiança dos camponeses por ter vingado a morte do monge. Acabam todos sendo mortos pelo Lobo Solitário.
[editar] Ogami Daigoro
O filho de Itto é uma criança prodígio. Aparenta não ter mais de quatro anos, mas foi educado na ética inflexível do pai. Quando Itto decidiu tornar-se um assassino, ele era apenas um bebê. Seu pai lhe ofereceu uma bola e uma espada e caso a criança escolhesse a bola, ele a mataria:
"Daigoro! Você deve achar seu próprio caminho! Escolha a dotanuki e junte-se ao seu pai na estrada do assassino. Escolha a temari e eu te mandarei para junto de sua mãe em yomi, a terra dos espíritos."
O pai de Daigoro não tem receio em usar o filho como isca. Numa história ele fez com que o filho urinasse num nobre para ter um pretexto para exigir um duelo. Em outra ele chega ao ponto de abandonar o filho num rio para matar o homem que vem salvá-lo. No fim da mesma história, ele torna a usar o filho de isca para atingir seu verdadeiro alvo, e justifica o risco a que expõe a criança, alegando uma espécie de empatia:
"Um pai conhece o coração do filho, como só o filho conhece o do pai. Um estranho não entenderia."
Por outro lado, Daigoro está longe de ser indefeso. Ele já chegou a ferir adultos, embora derrotado em seguida e até mesmo a matar. Além disso ele segue os preceitos do bushido da mesma forma que o pai, como não demonstrar medo, por exemplo. Mesmo nessa batalha em que foi derrotado por um adulto, seu adversário se espantou com a postura tão madura que o menino tomou com a espada. (Ele ergueu a espada para um golpe apropriado para derrubar o cavalo do inimigo. A atitude se mostra lógica se comparamos a diferença de estatura entre um homem montado e um homem a pé com a entre uma criança e um adulto.)
[editar] Publicação no Brasil
No Brasil, a saga do Lobo Solitário começou a ser publicada em 1988, um ano depois do lançamento nos Estados Unidos, trazida pela editora Cedibra (em nove edições, todas em formato americano). Em 1990, a editora Sampa começou a publicar o título. Porém, em 1993, a publicação foi interrompida.
Mas no ano de 2005 a publicação foi retomada, desta vez pela Editora Panini, após um longo processo de aprovação.
Alé do Lobo Solitário, Kazuo Koike e Goseki Kojima criaram os mangás Kubikiri Asa (Samurai Executor), em 10 Volumes (1972-1976), e Hanzo no Mon (O Caminho do Assassino), em 15 Volumes (1978-1984), ambos ainda inéditos no Brasil e igualmente inspirados nos samurais do Período Edo.