Jovem
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Jovem é entendido como sendo uma pessoa moça, com idade entre 15 e 24 anos [1]. Este grupo de pessoas não tem sido contemplado com a atenção necessária pelos setores sociais. Menos ainda o jovem do campo, que enfrenta enormes barreiras, principalmente no acesso a educação formal e informações em geral.
[editar] Jovem Rural
Segundo o jornalista Pe. Leonardo Hellmann, “no mundo do trabalho, só se salvarão os mais jovens audazes, que forem bilíngües e tenham uma sólida formação nos campos da macroeletrônica, e os especialistas em tecnologia de informação."[2] Porém essa tecnologia dificilmente é de acesso ao jovem rural.
De acordo com o censo demográfico 2000 do IBGE, jovens urbanos brasileiros com 18 anos ou mais, tem um nível de escolaridade 50% maior do que os que moram no campo. Faz-se necessário registrar que 10% dos jovens rurais são analfabetos e 80% da juventude do campo para ter acesso à educação, precisa deslocar-se a centros urbanos (censo demográfico 2000 IBGE).
Sabemos que a opção pelos estudos está entre os fatores que levam os jovens ao êxodo rural. O jovem que vai estudar na cidade mais próxima encontra um modelo de educação que não se adapta a realidade do campo. “No campo, o poder público responsabiliza-se apenas pelo ensino de 1o a 4o serie”, afirma a coordenadora da Comissão Nacional de Jovens do Conselho Nacional de Trabalhadores na Agricultura Simone Battestim.[3] Alem do ensino precário, as dificuldades de acesso ao serviço de saúde, a dependência econômica, e tecnologia, tem empurrado o jovem do campo as cidades, na ilusão de melhores condições de vida. Tudo isso tem trazido inchaço às grandes cidades, e consequentemente o crescimento das favelas, e tem levado muitos jovens a viverem uma vida ociosa e sem perspectivas para o futuro.
O mundo tem associado o meio rural como sinônimo de local degradante, atrasado, não modernizado, do contrario , tem visto o meio urbano como um lugar de progresso e modernidade. Da mesma forma Moreno (1982, apud Pereira, 2000 ) destaca que os jovens rurais que não estudam são estigmatizados por sua comunidades, expostos a exploração do trabalho. A isto soma-se o senso comum, estimulado a criar estereótipos, caracterizando o jovem rural com simplório, pouco dotado de inteligência, mais propenso ao trabalho manual, ou seja o peão. Do contrário, o jovem urbano é visto como hedonista, individualista, avesso as regras, produto de reflexo da sociedade.[4]
“Manter a juventude no campo satisfeita e motivada, mesmo que seja necessária a adoção de modernos conceitos como agricultura de tempo parcial, em que parte da população trabalha nas zonas agrícolas e mora nas áreas urbanas disposta a agregar tecnologia e produzir com eficiência, será vital para o futuro do pais”, afirma o presidente das cooperativas de Santa Catarina (Ocesc) Neivor Canton [5]. Essa constatação, justifica programas específicos de apoio e estimula as novas gerações de empresários rurais,(o colono como era chamado antigamente) e produtores. Canton diz ainda, que o êxodo rural persistirá por mais alguns anos, tornando cada vez mais rarefeita a densidade populacional do campo ate estabilizar-se e que o emprego de tecnologia compensará a perda dessa mão de obra. De qualquer forma, jovens do campo e da cidade compartilham preferências, no modo de vestir, falar, nos ídolos do momento, nos times preferidos, bandas musicais... Porém, deve-se levar em conta a individualidade de cada um, a juventude não deve ser vista como uma população homogênea.
Diariamente vemos e ouvimos inúmeras vezes jovens ou juventude recheando manchetes de jornais, noticiários de tevê, propagandas comerciais e rodas sociais. Vítima ou promotora de violências, carente de políticas de inclusão, massa de eleitores, delinqüentes, fase de aprendizado e sem responsabilidades, futuro da nação ou público consumidor, as juventudes são compreendidas de diversas formas equivocadas pelo senso comum, instituições mantenedoras do status quo e, inclusive, por alguns órgãos públicos:
- estado de espírito: compreensão de que ser jovem diz respeito a uma questão de disposição de energia, animação, vitalidade, alegria, liberdade, espírito desbravador, falta de responsabilidade ou alienação. Apresenta-se assim uma perspectiva de que ser jovem é apenas uma característica de humor, gostos ou apenas uma palavra, colocando a possibilidade de que se pode ser jovem várias vezes e em qualquer período da vida. Ignora-se, com isso, vários outros fatores que são específicos desse setor social;
- rebeldia: interpretação do fenômeno juvenil como detentor de uma tendência ideológica predeterminada, como se fosse naturalmente progressista, de esquerda ou revolucionário. Não se reconhece assim a condição de constante disputa ideológica que este setor sofre e propõe-se que a crítica social seja algo momentâneo, negando também os jovens e as jovens que se engajam em organizações reacionárias e até mesmo se colocam numa condição de alienação social;
- padrão de estética, moda e consumo: a cultura moderna impõe um ideal padronizado de beleza como expressão de jovialidade. O mercado, por exemplo, produz acessórios que chama de “moda jovem” com a intenção de padronizar valores estéticos. Compreende-se, assim, que essa tal beleza eternizasse um período da vida, como se o parecer fosse expressão do ser;
- faixa etária estanque e institucionalizada: para a Constituição Brasileira, através do Estatuto da Criança e do Adolescente, juventude é uma fase que vai dos 12 aos 18 anos. É relevante afirmar que o ECA é uma conquista fundamental no que diz respeito à garantia dos Direitos Humanos para este setor social, mas que vai apenas até os 18 anos, como se houvesse, no momento em que o sujeito faz aniversário, um conjunto de mudanças psicológicas, sociais, de direitos e deveres. Não aceitando essa conceituação de fixação etária, mas reconhecendo a necessidade de se delimitar a fase juvenil meramente para fins de políticas públicas ou estatísticas, pode-se aceitar uma proposta de contextualizar os jovens num período delimitado, mas talvez entre os 16 e os 29 anos.
Essas concepções dispersas não dão conta de formular uma teoria científica coerente do que significa ser jovem, negando o que de específico isso é. Defendemos uma concepção elaborada por diversos pesquisadores do tema, instituições e movimentos, que afirma uma condição juvenil como fase específica e singular de transitoriedade psicológica e sociológica: no que tange ao indivíduo, é um período de negação de verdades idealizadas e estabelecidas pelas instituições sociais, em conflito com a necessidade de descobertas, experimentações e afirmações (filosóficas, religiosas, sexuais, educacionais e profissionais); socialmente, o universo juvenil é caracterizado por uma condição de opressões e cobranças (materiais e ideais) das instituições sociais (família, escola, comunidade, igreja, estado...), em conflito com essa mesma necessidade de tomadas de decisões.
Alguns momentos específicos do período juvenil explicam esses conflitos: a escolha da profissão e, quando possível, do curso universitário, o que socialmente atribui às juventudes uma compreensão de mão-de-obra, barata na sua generalidade; a descoberta e a experimentação do corpo, da sexualidade e suas orientações, bem como a interpretação, rompimento, ou não, com a família e constituição da própria; as decisões filosóficas, ideológicas e políticas, como o 1° voto e o engajamento em organizações... Com essa gama de conflitos, os jovens e as jovens expressam suas contradições e dúvidas de diversas formas, como nos grupos de identidade, opiniões políticas e organizações, estilos, costumes, gírias, roupas, músicas, entre diversos outros. Daí o conceito de “Juventude” como compreensão de identidade e organização e, mais ainda, a necessidade de caracterização como “Juventudes”, reconhecendo essa diversidade.
(Artigo elaborado* para edição 2005 do Relatório Azul, importante publicação na área dos Direitos Humanos produzido pela Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul. Essa é a primeira edição do Relatório, em 10 anos, em que o tema Juventudes é abordado. O objetivo maior da elaboração da ONG Atitude! foi apresentar um debate quanto a necessidade de reconhecimento do segmento juvenil enquanto condição psicossocial vitima específico de violação de seus Direitos Humanos a partir da situação de subalternidade social por ele vivido. Além disso, o artigo trata da necessidade de organização, protagonismo e autonomia juvenil, bem como de políticas públicas públicas específicas a esse setor.)
- pelos jovens João Paulo Pontes e Silva, Leonardo de Castro Reiczak, Juliano de Sá, Marcio Zapican Abella, Rafael Rodrigues e Rebeca Campani Donazar, estudantes e ativistas da ONG Atitude! - Protagonismo Juvenil. Edson Giuliani é um pseudônimo criado pelos membros da ONG Atitude! a partir da homenagem à dois jovens lutadores da história recente: o estudante e militante secundarista Edson Luís, morto pela Ditadura Militar no RJ em 1968; e o ativista italiano Carlo Giuliani, morto em 2001 pela polícia italiana nas manifestações do movimento antiglobalização contra a reunião do G8 em Gênova.
[editar] Referências
[1] CENTRO INTERAMERICANO DE INVESTGACION Y DOCUMENTACÍON SOBRE FORMACION PROFISIONAL. Juventude brasileira: um estudo preliminar (capítulo 3: população jovem) Disponível em: http://www.cinterfor.org.uy/public/spanish/region/ampro/cinterfor/temas/youth/doc/not/libro61/iii/i/. Acesso em: 24 nov 2005
[2]HELLMAN, Leonardo. Uma sociedade em mudança. Disponivel em: http://an.uol.com.br/2004/out/21/0opi.htm. Acesso em: 10 nov 2005.
[3]BATESTIN, Simone. Educação. Disponível em http://www.andi.org.br. Acesso 5 nov 2005.
[4]PEREIRA, Josete Mara Stahelin. Os espaços dos jovens nos processos de transformação do meio rural : um estudo de caso no município de Camboriú. Florianópolis, 2001. 150 f. Dissertação (Mestrado) - Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal de Santa Catarina.
[5]CANTON, Neivor. Juventude rural e futuro . Disponível em http://an.uol.com.br/2004/out/21/0opi.htm. Acesso em 10 de novembro de 2005.
[editar] Ligações externas
Sites interessantes que tratam do assunto:
- OJovem.Net
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