História do Maranhão
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Documentação retirada do site oficial do Governo do Estado do Maranhão
[editar] Maranhão Colônia
SÉCULO XVI
A C O L Ô N I A
[editar] Ano de 1500 – 22 de abril – Descobrimento do Brasil
Assunto polêmico, que ainda hoje divide opiniões: acaso ou conhecimento prévio da existência de terras para o ocidente? Cabral não mantinha ciosamente guardado o manuscrito que lhe dera Vasco da Gama, em Lisboa, e não ouvira dele o conselho para que navegasse mais para Oeste e escapasse das calmarias do golfo da Guiné? E Colombo já não indicara o caminho, descobrira a América, embora pensando ter chegado às Índias? Há, portanto, justificadas razões de suspeitas, reforçadas pelas velhas lendas da existência da Atlântida, e de uma ilha misteriosa em meio do oceano, chamada Hy-Brasail. Por outro lado,havia o interesse de tomar posse das terras que couberam a Portugal no “testamento de Adão” (que era como Francisco I, de França, chamava ironicamente o Tratado de Tordesilhas, de 1494), que dividia o mundo entre Portugal e Espanha. Assim, a 22 de abril do ano de 1500, capitão e tripulantes da esquadra de Pedro Álvares Cabral, depois de 15 dias de viagem, pois partira de Lisboa a 8 de março, avistaram um monte muito alto e redondo, a que deram o nome de Monte Pascoal. O Brasil havia sido “descoberto”. Descobriu-se o já sabido; Cabral voltou a Portugal e deu seu recado ensaiado: - Terra à vista! Vera Cruz! Santa Cruz! Brasil!
[editar] Ano de 1534 – Donatarias ou Capitanias hereditárias e a cidade de Nazaré
Esquecendo as não infundadas notícias de que fenícios, tirrênios, egípcios e cartagineses tenham visitado o Brasil em remotíssimas eras, é fora de dúvida que piratas de várias procedências (nórdicos, genoveses, franceses, holandeses, e também portugueses, freqüentavam nossas costas, fazendo o escambo regular com os índios, habitantes da região, como Diogo de Teive (1452), Gonçalo Taveira e João Vogado (1453), João Coelho (1493), Alonso de Ojeda, Juan de La Cosa e Américo Vespúcio (1497), além de Juan Vergara e Garcia Ocampo (1449 e 1500). Vale a pena lembrar o que um tal Johan, bacharel, que ia na armada de Cabral, escreveu ao Rei: “Quanto, Senhor, ao sítio desta terra, mande V. A. trazer um mapa-mundi que tem Pero Vaz Bisagudo e por aí poderá ver que o sitio desta terra é MAPA-MUNDI ANTIGO.” (grifos nossos).
Durante três décadas ficou ela esquecida, empenhado o rei D. Manuel em dilatar suas conquistas no Oriente. Seu sucessor, D. João II, compreendeu a urgência de promover a colonização, visto como seria perigoso deixar o desguarnecido Brasil à cobiça de tantos estrangeiros. Dividiu o território em 12 capitanias hereditárias, confiando as do norte (as que aqui nos interessam) a João de Barros e Fernão Álvares de Andrade que, associando-se a Aires da Cunha, intentaram apossar-se dela, sem resultado. Eram lotes enormes, de cerca de 350 km de largura, até à linha estabelecida pelo Tratado de Tordesilhas, interior a dentro até algum lugar desconhecido. “Dez anos depois de criadas, as desordens internas, as lutas com os índios e a ameaçadora presença dos franceses acabaram provocando o colapso do sistema que o rei e seus conselheiros haviam optado por aplicar ao Brasil” (Eduardo Bueno, “Capitães do Brasil”)
A capitania de João de Barros (intelectual, autor da “História da Índia” e“Décadas da Ásia”) não foi adiante; na primeira tentativa toda a frota de 10 navios, segundo a História, perdeu-se nos baixios do Boqueirão, defronte da ilha do Medo. Contrariando essa versão, ficou-nos a notícia da existência de uma cidade, chamada Nazaré, fundada pelos sobreviventes do naufrágio, gente “que logo contraiu amizade com seus tapuias seus habitadores, assim refere o chantre da Sé de Évora, Manuel Severino de Faria, e o comprova Antônio Galvão, nos seus “Descobrimentos do Mundo, no ano de 1531”, segundo José de Souza Gaioso, em “Compêndio Histórico-político dos Princípios da Lavoura do Maranhão”. Quanto à Nazaré, se de fato existiu, não vingou; Bernardo Pereira de Berredo, nos “Anais Históricos do Estado do Maranhão”, estranha que, decorridos apenas oitenta anos, a expedição de Jerônimo de Albuquerque não haja encontrado vestígios desse sítio, o que não impede que estudiosos do assunto afirmem ainda ser verídica sua existência, esposando a tese de ter São Luís origem lusa e não francesa.
O segundo donatário do Maranhão, Luis de Melo e Silva, não foi mais feliz e, enquanto isso, os franceses, ingleses e holandeses estabeleciam nas costas abandonadas suas feitorias para o negócio do pau-brasil, âmbar, etc., com os índios.
[editar] Ano de 1549 – Governo Geral do Brasil
É implantado o Governo Geral do Brasil e nomeado para exercê-lo Tomé de Souza, que funda a cidade de Salvador - (BA) regime que vigorou até 1640, quando o Brasil foi elevado à categoria de vice-reino.
[editar] Ano de 1565 – Expulsão dos franceses do Rio de Janeiro
Men de Sá, Governador Geral de 1557 a 1572, expulsa os franceses de Villegaignon da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, por ele fundada a 1o. de março de 1565.
SÉCULO XVII
[editar] Ano de 1612 – 8 de setembro – Fundação da França Equinocial
Desde 1594 Jacques Riffault estabelecera em Upaon-açu (ilha de São Luís) uma feitoria, deixando-a a cargo de seu compatriota Charles dês Vaux, que havia conquistado a amizade dos silvícolas, e tinha inclusive o domínio da língua nativa. Dês Vaux, indo à França, provocou a vinda de Daniel de La Touche, mandado por Henrique IV numa viagem de reconhecimento do terreno. Não obstante ter sido o rei assassinado nesse meio-tempo, e entusiasmado La Touche com a terra, conseguiu com Maria de Medicis, regente na menoridade de Luís XIII, concessão para estabelecer uma colônia ao sul do Equador, 50 léguas para cada lado do forte a ser construído.
Ano de 1612 -A 26 de julho chega ao Maranhão a expedição de Daniel de La Touche, Senhor de La Ravardiére, fundeando em Upaon-mirim (futura ilha deSaint’Ánne, e depois, Trindade, onde os sobreviventes do naufrágio de Aires da Cunha teriam fundado a cidade de Nazaré).
12 de agosto - Tendo os franceses passado à Ilha-grande, foi rezada a primeira missa e erguida uma cruz.
8 de setembro -Solenemente, fundaram a colônia, a França Equinocial, com a colaboração espontânea dos índios, tendo à frente o cacique Japiaçu e iniciaram a construção do forte, chamado de São Luís, em honra ao rei-menino, o qual “posto que feito de estacadas é forte por arte de grandes terraplenos, com seus baluartes altos e casamatas com fosso de quarenta palmos de largo e dez de alto. (Alexandre de Moura, “Relatório” de 1616).
Haviam-se associado à empresa o rico Barão de Molle e Gros-Bois, Senhor de Sancy e François de Rasilly, Senhor de Aunelles e Rasilly, que financiaram a armação das naus “Regente” e “Charlotte” e o patacho “Saint’Anne”.
-Integraram a expedição os padres franciscanos Yves d’Evreux, Claude d’Abbeville, Arsene de Paris e Ambroise d’Amiens, dando início ao culto católico, muito embora fosse La Ravardiére protestante, e à decantada catequese dos indígenas que alcançaria seu paroxismo com os Jesuítas que, a serviço do poder real, apoiaria a escravidão e, assassinando não só o corpo, mas a própria alma dos índios, implantaria o catolicismo hipócrita do crê ou morre.
1º. de novembro – Ao lado da cruz colocaram as Armas da França e, diante de todos, franceses e índios, especialmente convocados de todas as aldeias, juraram fidelidade à Sua Majestade Cristianíssima, o Rei, dando-se à colônia recém-fundada uma constituição, a segunda do Brasil (Regimento dado a Tomé de Souza, em 1549, quando da implantação do Governo Geral) e a primeira do Maranhão, da qual destacamos os seguintes artigos:
- ordenamos a todos e a quem quer que seja, que honrem e respeitem os reverendos padres capuchinhos, enviados por Sua Majestade a fim de implantarem entre os índios a Religião Católica, Apostólica e Romana, sob pena de serem punidos os infratores segundo o caso e a ofensa perpetrada; - ordenamos, para manutenção desta companhia e da sociedade, que vivam todos em paz e amizade, respeitem-se mutuamente, segundo as condições e qualidade pessoais, e desculpem uns aos outros suas fraquezas, como Deus manda, e isso sob pena de serem considerados perturbadores do sossego público; - ordenamos que o autor de qualquer homicídio, a menos de perpetrado comprovadamente em legítima defesa, seja punido de morte para exemplo; - ordenamos que quem quer que se encontre furtando, seja, pela primeira vez, açoitado ao pé da forca, ao som da corneta, e sirva durante um ano nas obras públicas, com perda, nesse espaço de tempo, de todas as dignidades, sal[ários e proveitos; da segunda vez. seja o infrator enforcado. Em se tratando de criado doméstico, seja já no primeiro roubo; - depois de estabelecido o que diz respeito a esta companhia, tanto em referência aos bons costumes, relações mútuas, proteção de suas vida e honra, como à segurança de seus bens, ordenamos, para conservação dos índios entregues à nossa proteção, e também para atraí-los pela doçura ao conhecimento de nossas leis humanas e divinas, que ninguém os espanque, injurie, ultraje ou mate, sob pena de sofrer castigo idêntico à ofensa; - ordenamos que não se cometa adultério, por amor ou violência, com as mulheres dos índios, sob pena de morte, pois seria isso não só a ruína da alma do criminoso, mas também da colônia; igualmente ordenamos, sob pena idêntica, que não se violentem as mulheres solteiras; - ordenamos que se não pratiquem quaisquer atos desonestos com as filhas dos índios, sob pena, da primeira vez, de servir o delinqüente como escravo da colônia por espaço de um mês; da segunda, de trazer ferros aos pés por dois meses; da terceira, de ser conduzido à nossa presença para o castigo que julgarmos justo; - proibimos ainda quaisquer roubos contra os índios, seja de suas roças, seja de outras coisas que lhes pertençam, sob as penas supramencionadas.
Frei Vicente do Salvador, na sua “História do Brasil”, diz que os portugueses, nas arremetidas pelo território indígena, além de tomarem as terras e fazerem escravos, destruírem as tabas e consumirem os alimentos encontrados, passavam a fazer novas culturas muitas vezes usando as mesmas covas dos índios. E quanto à violação das mulheres e a carnificina feita nos índios... Que diferença!
- Construção do forte, batizado de São Luís, em homenagem ao Rei-menino. O nome de São Luís estendeu-se a toda a povoação; a ilha de Upaon-açu chamou-se sucessivamente: Ilha dos Tupinambás, Ilha das Vacas, Ilha de Nazaré, Ilha do Ferro e Ilha de Todos os Santos. Por ignoradas razões, ou força do Destino, só vingou o de São Luís, aliás, a única lembrança que nos deixaram os franceses.
- Fundado o Conventinho de São Francisco, de folhas de palmeira, erguido “um pouco acima de uma fonte de excelentes águas vivas e claras, cercada de árvores grandes e copadas”.
[editar] Ano de 1613 – 16 de abril – A Colônia francesa
Segundo a maioria dos historiadores, coube aos franceses a primazia da colonização do Maranhão, pois seu comércio, posto que incipiente, foi além dos produtos da indústria extrativa do pau-brasil e do âmbar, com o cultivo do algodão e do fumo, além da descoberta de minas de ouro, prata e enxofre. Por outro lado, foi essa ocupação do território que abriu os olhos à Coroa para a necessidade de promover a efetiva posse da Capitania, até então desprezada.
-Chegam ao Maranhão, com Du Pratz, 300 pessoas, oficiais de todos os ofícios mecânicos (carpinteiros, alvanéis (pedreiros), tecelões, fundidores, serralheiros, canteiros, sapateiros, alfaiates), inclusive gentis-homens, além dos astrólogos De Faus e Janet, e 10 capuchinhos, sob as ordens de frei Arcângelo de Pembroch.
Data dessa época a construção dos fortes de Itapari, Sardinha e Cahur, o Des Cahors dos franceses, o nosso muito familiar Caúra, defronte de Ribamar.
-26 de outubro – Chegada dos portugueses
Jerônimo de Albuquerque e Diogo de Campos chegam a Guaxenduba, próximo da foz do rio Munim e dão início à construção do forte de Santa Maria.
- 28 de outubro – É rezada a primeira missa pelos portugueses, os padres Miguel Gomes e Diogo Nunes, vindos com Albuquerque na “Jornada Milagrosa”. Foram os primeiros religiosos portugueses a por os pés no Maranhão, muito embora seja provável a chegada de outros padres nas expedições de João de Barros/Aires da Cunha e a de Luís de Melo e Silva, como era de praxe. No entanto foi daqueles que a História fez registro.
19 de novembro – Batalha de Guaxenduba.
300 franceses e 2.000 índios, sob o comendo do próprio La Ravardiére, entrincheiram-se no outeiro defronte do forte lusitano. Jerônimo de Albuquerque divide suas forças em duas colunas, cada uma com 70 soldados e 40 índios, assumindo o comando de uma, enquanto Diogo de Campos e Antônio de Albuquerque (filho de Jerônimo) acometia os franceses, na praia. Apesar da inferioridade numérica, obtiveram os portugueses retumbante vitória; romperam-se as linhas gaulesas com o ataque de Diogo de Campos e a debandada foi geral. Quando os silvícolas, sob o comando do capitão Madeira, atacaram, os franceses perderam seu comandante Du Pezieux e mais de 100 combatentes, abatidos na luta, ou afogados na fuga, ou devorados pelos tubarões. Os cronistas portugueses dão apenas 10 mortos e 30 feridos como baixas, e entre os últimos, Antônio de Albuquerque, Estevão de Campos e Belchior Rangel.
Sobre a vitória portuguesa criou-se a lenda do Milagre de Guaxenduba, que o padre José de Morais assim descreve: “Foi fama constante (e ainda hoje se conserva por tradição) que a Virgem Senhora fora vista entre os nossos batalhões, animando os soldados em todo o tempo de combate”; e Humberto de Campos imortalizou no magnífico soneto “O Milagre de Guaxenduba”:
Minha terra natal, em Guaxenduba: Na trincheira, em que o luso ainda trabalha, A artilharia, que ao francês derruba, Por três bocas letais pragueja e ralha.
O leão de França, arregaçando a juba, Saltou. E o luso, como um tigre, o atalha. Troveja a boca do arcabuz, e a tuba Do índio corta o clamor e o medo espalha.
Foi então que se viu, sagrando a guerra, Nossa Senhora, com o Menino ao colo, Surgir, lutando pela minha terra.
Foi-lhe vista na mão a espada em brilho...
. . . . . . . . . . . . . . . . . (Pátria, se a Virgem quis assim teu solo, Que por ti não fará quem for teu filho?)
27 de novembro – Tratado de trégua
Concordaram os adversários em suspender hostilidades e enviar representantes dos dois lados à Europa, submetendo o litígio à decisão dos governantes de seus países, devendo o vencido retirar-se do Estado dentro de dois meses.
24 de dezembro – Inauguração do Convento de São Francisco (Abbeville)
[editar] Ano de 1614 – 1o. de novembro – Expulsão dos franceses
Alexandre de Moura, à frente de uma expedição de 600 soldados, mandou Albuquerque tomar o forte de São Luís. Jerônimo, com tal reforço de tropas, falando ao trato do armistício, deu a La Ravardiére o ultimato de evacuar a ilha, dentro de cinco meses.
[editar] Ano de 1615 -31 de setembro – Rendição dos franceses
-200 franceses entregam, sem luta, o forte de São Luís. Há indícios de que La Ravardiére, reagindo ao abandono que lhe votou o governo francês, haja negociado, por 2.000 cruzados, a entrega do sonho da França Equinocial aos portugueses. São dúvidas que permanecem na História.
[editar] Ano de 1616 – 9 de janeiro – Primeiro capitão-mor do Maranhão
Assume o governo da colônia Jerônimo de Albuquerque Maranhão (como passou a assinar) com o título de Capitão-mor da Conquista, retirando-se Alexandre de Moura. São nomeados: Ouvidor e Auditor Geral, Luís Madureira; Sargento-mor,. Baltazar Álvares Pestana; Capitão do mar, Salvador de Melo; Capitão das entradas, Bento Maciel Parente; Capitão de Cumã, Martin Soares Moreno; Ambrósio Soares, Comandante do forte de São Felipe (o forte de São Luís teve o nome mudado para de São Felipe, em honra a Felipe II de Espanha, a cujo reino estava sujeito Portugal, a partir de 1580, com a derrota do exército lusitano do prior do Crato, D. Antônio); Álvaro da Câmara, Comandante do forte de São Francisco e Antônio de Albuquerque, do forte de Itapari.
O Capitão-mor tratou da remodelação do forte principal, de acordo com a planta do Engenheiro-mor do Brasil, capitão Francisco Frias de Mesquita, bem como da disposição das ruas, segundo o plano do mesmo engenheiro, e outras providências, inclusive a construção da residência dos governadores. Daí a discussão acadêmica acerca da cidade de São Luís, para alguns, fundada pelos portugueses e não pelos franceses. Minúcias de especialistas.
Iniciou-se assim, com Jerônimo de Albuquerque, o governo dos Capitães-mores, que se estendeu até 1824, com a nomeação de Miguel Inácio dos Santos Freire e Bruce, primeiro presidente constitucional da Província do Maranhão, já no Brasil independente. -Bento Maciel sobe o rio Pindaré à procura de minas, sem resultado, e aproveita a viagem para mover guerra aos guajajaras.
11 de fevereiro - Construção da igreja de Nossa Senhora da Guia, na ponta do Bonfim.
Esboço !
Predefinição:Esboço-históriabr/Maranhão