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Hicsos

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O termo grego Hicsos deriva do egípcio Hik-khoswet, e significa "governantes de países estrangeiros". Flávio Josefo, historiador judeu do Século I a.C., preferiu verter por "pastores cativos", em vez de "reis pastores". O único relato pormenorizado sobre os Hicsos em qualquer antigo escritor é uma passagem não fidedigna duma obra perdida de Máneto (sacerdote egípcio e historiador do Século III a.C.), citada por Flávio Josefo em sua réplica a Apião. É interessante que Josefo, afirmando citar Máneto palavra por palavra, apresenta o relato de Máneto como associando os Hicsos directamente com os israelitas.

Índice

[editar] Período dos Hicsos na História Egípcia

O "Período dos Hicsos" é um período ainda obscuro da história do Egipto e a sua suposta conquista é entendida muito imperfeitamente. É consensoal que os Hicsos foram uma vaga de povos asiáticos do corredor sirio palestino e dos desertos limítrofes que ocupou pacificamente e gradualmente o Delta do Nilo, em busca de alimentos. Em resumo, o periodo de Dominação Hicsa consistiu essencialmente na mudança de governantes e na forma de administração.

Felizmente que a morte do Faraó Sebekneferuré (aprox. 1780 a.C.) e a tomada de poder por Amósis I (aprox. 1570 a.C.), podem ser determinadas com uma certa segurança. Tendo a data da morte de Sebeknferuré ocorrido aproximadamente em 1780 a.C., e tendo Amósis tornado Faraó por volta de 1570 a.C., o Segundo Periodo Intermédio teve uma duração não superior a cerca de 220 anos.

Os historiadores modernos acreditam que as citações de Flávio Josefo não são exactas ao associarem o termo Hicsos excluivamente ao povo israelita. Mas, eles se apegam à ideia de uma conquista pelos Hicsos. Isto se deve principalmente a que podem achar pouca ou nenhuma informação nas antigas fontes egípcias para encher os registros do Segundo Período Intermédio que supostamente abrange as 14.ª a 17.ª Dinastia. Por este motivo, os eruditos presumem que houve uma desintegração de poder egípcio. Os vestigios arquelógicos conhecidos não confirmam o argumento de que os Hicsos conquistaram militarmente o Delta do Nilo.

Muitos comentadores bíblicos situam a entrada de José no Egipto, a sua ascenção a 2.º governante do Egipto ou Vizir, a entrada de Jacó e sua família, no que é popularmente conhecido como o "Período dos Hicsos", no Segundo Período Intermediário. O livro bíblico de Génesis mostra que o Egipto era bem receptivo aos estrangeiros desde do tempo do nómada Abraão. Mas é bem possível que o relato de Máneto sobre os Hicsos, seja a versão egípcia oficial dos sacerdotes no esforço de justificar a permanência do povo israelita no Egipto durante 215 anos e no destaque que José e Moisés obtiveram (José como Vizir e Moisés como um principe da Casal Real).

[editar] Alegada Conquista dos Hicsos

Máneto, segundo Flávio Josefo, apresenta os Hicsos como conquistando o Egipto sem batalha, destruindo cidades e "os templos dos deuses", e provocando matança e devastação. São apresentados como se fixando na região do Delta. Por fim, diz-se que os egípcios se sublevaram, travaram uma longa e terrível guerra, com 480 mil homens, cercaram os Hicsos na sua cidade principal, Avaris, e então, de modo estranho, chegaram a um acordo que permitiu que os Hicsos deixassem o país sem sofrer danos, junto com suas famílias e seus bens, e daí, esses foram para a Judeia e construíram Jerusalém. (Contra Apião, Vol. I, pág. 73-105 § 14-6; pág. 223-232 § 25-6). Numa referência adicional, Máneto supostamente aumenta a narrativa com uma história que Josefo chama de história fictícia. Menciona um grande grupo de 80 mil leprosos e doentes receber permissão para se estabelecer em Aváris, depois da partida dos pastores. Esses mais tarde se rebelaram, chamaram de volta os "pastores" [os Hicsos], destruíram cidades e aldeias, e cometeram sacrilégio contra os deuses egípcios. Por fim, foram derrotados e expulsos do país. (Contra Apião, Livro I, Cap. 26, 28)

[editar] Análise Cronológica

Por volta de 1800 a.C., iniciou uma onda migratória pacífica para o Egipto, oriunda da Ásia Ocidental; as regiões do oriente passavam por um período de seca e fome. Os povos nómadas asiáticos não eram pessoas bem-vindas ao Egipto, pois os egípcios desprezavam os asiáticos até então, referiam-se a estes como "vagabundos das areias". Todos os povos oriundos da Ásia eram instalados na região do Delta do Nilo, para evitar o acesso dos estrangeiros à parte mais civilizada e rica do país, e também evitar a miscigenação com a população natural. Nessas vagas de povos semitas ao Egipto, estariam os filhos de Jacó - os israelitas.

No final do reinado do Faraó Amenemhet III (1843 a 1797 a.C.), iniciou uma lenta e constante decadência do poderio do Império Egípcio. Eles derrotaram a fraca 13.ª Dinastia, cuja capital se situava perto de Mênfis, e governaram o médio e baixo Egipto por volta de 1700 AC por um período de cerca de 100 anos.

A invasão iniciou com um banho de sangue na região do Delta, seguido pelos saques às cidades: "Havia então um rei nosso chamado Timaios. Foi no seu reinado que isso aconteceu. Não sei por que os deuses estavam descontentes conosco. Surgiram de improviso, homens de nascimento ignorado, vindos das terras do Oriente. Tiveram a audácia de empreender uma campanha contra nossa terra e a subalugaram facilmente sem uma única batalha. Depois de haver submetido nossos soberanos ao seu poder, incendiaram barbaramente nossas cidades, destruíram os templos, os deuses, e todos os habitantes foram tratados barbaramente; mataram uma parte e levaram os filhos e as mulheres de outros como escravos. Por fim, elegeram rei um dos seus; o nome dele era Salatis; vivia em Mênfis e cobrava tributo ao Alto e Baixo Egipto; instalou guarnições em lugares convenientes... Escolheram no Distrito de Saís (no Baixo Egipto) uma cidade adequada para seus fins, que ficava à leste dos braços do Rio Nilo, junto a Bubaste, e chamaram-na de Aváris" - segundo o relato de Méneto. Esse sacertode e historiador foi exilado em sua época por registrar essa história em uma estela de pedra. Após a ocupação, coexistiram com a 13.ª Dinastia Tebana. Nesse tempo, a Síria e Canaã (a terra de Retenu) estavam sob domínio do Egipto. Era o início do período histórico conhecido como Segundo Período Intermediário.

Em 1704 a.C., tem início do reino do Faraó Aya (Merneferre). Desse ano até o ano de 1640 a.C., sucederam-se outros 43 Faraós no trono, mas, não sem oposição. Os vizires do Alto Egipto e Baixo Egipto adquiriram forças política cada qual em suas regiões administrativas e iniciaram a descentralização do país aproveitando a desordem que começou gradativamente com a chegada dos imigrantes asiáticos; o aumento das riquezas nivelou as famílias mais importantes, fragmentando em diversos nomos as 4 divisões em que Sesóstris III (1879 a 1843 a.C.) havia estabelecido no ano de 1878, agindo de forma independente. Os asiáticos se agrupavam cada vez mais no delta do Rio Nilo, chegaram a superar a população egípcia, muitos deles foram absorvidos pelas camadas mais pobres da sociedade, alguns alcançaram elevados postos na administração local; um dele, cujo nome era Khendjer (do semita hanzir que significa "javali") chegou a ser Faraó por 1 ano. Os Hicsos permitiram a princípio que a 13.ª e 14.ª Dinastia (que foram faraós remanescentes da 13.ª Dinastia, sem importância) se mantier no Alto Egipto, desde que pagassem o tributo anual.

[editar] Guerras entre Egipcios e Hicsos

Em 1640 a.C., no Baixo Egipto, teve início a 15.ª Dinastia Hicsa com Salitis (Swoserenre), o 1.º Faraó não-egípcio. Seus domínios se estendiam do Delta do Nilo (Baixo Egipto) até a cidade de Meir (Alto Egipto). Dessa cidade até até à 1.ª catarata, estavam os egípcios divididos em diversas unidades políticas tributárias dos governantes hicsos; da 1.ª até a 4.ª catarata estava o Reino da Núbia (Sudão), sediado na cidade de Kerma, aliados dos Hicsos.

Entre os anos de 1640 e 1585 a.C., sucederam-se 3 governantes hicsos no trono de Aváris: Salatis, Sheshi e Khian. Em 1585 a.C., passou a reinar Apófis (Awoserre). Apóphis provocava os egípcios com os motivos mais banais, tentando-os à guerra. Em xxxx AC, deu-se a primeira guerra entre o hicso Apófis e o Faraó Seqenenré Tao II (de cogonome "o Bravo") da 17.ª Dinastia. Exame da sua múmia mostrou que ele morrera violentamente, seu crânio apresenta uma perfuração, talvez tenha tombado em combate.

Em 1573 a.C., o sucessor do Faraó Seqenenré Tao II foi o Kamósis (Wadjkheperre). Diz-nos um Papiro, que Apófis terá mandado um mensageiro à Nô-Amom (Tebas), ordenando-lhe que matassem os hipopótamos que viviam no Rio Nilo próximo à Nô-Amom, pois o barulho feito por eles impedia o seu descanso; caso não fossem tomadas as devidas providências, ele mesmo invadiria o Alto Egipto para dar cumprimento às suas ordens. Kamósis I conclamou o Alto Egipto em levante contra o governante hicso; este se aliou com os Núbios no Sul, para conter a revolta. Os egípcios lutaram em duas frentes de batalhas, ao norte contra os hicsos e no sul contra os núbios e venceram ambas, levando a luta até as proximidades de Aváris no Norte, e Buhen no Sul. Mas, nada se sabe sobre ele depois dos 3 anos que durou o levante contra os invasores. Não sabemos como morreu e quandos anos reinou. A sua múmia, em mau estado de conservação, ficou reduzida a pó antes de poder ser examinada. Foi sepultado num sarcófago dos mais simples, o que parece indicar morte permatura e falta de tempo de realizar um funeral solene.

Em 1570 a.C., o Faraó Amósis I (Nebpehtire), filho de Kamósis, inaugura a 18.ª Dinastia. No Sul do Egipto, Amósis I derrotou os núbios, levando a fronteira até a 3.ª catarata, voltando à mesma posição da época da 13.ª Dinastia. Khamudi assume o trono de Aváris, e dá continuade à guerra contra os egípcios. Em 1532 a.C., sucede Amósis I. Este continuou a guerra de expulsão dos Hicsos, iniciada por seu pai conseguindo seu objectivo após 10 anos de guerra contra Khamudi. Termina os combates com vitória de Amósis I. Ele expulsou os Hicsos do Egipto, perseguindo-os pela Canaã, Fenícia e Síria, até a cidade de Carquemis (Karkemish) junto do Rio Eufrates, onde se deteve militarmente perante os hurritas do Reino de Mitanni.

[editar] = Razões para Invasão

As principais razões que atraíram os Hicsos foram:

1- Escassez de alimentos na Ásia Ocidental, enquanto no Egipto ambundava alimentos; 2- A desordem resultante da presença de estrangeiros e a falta de coesão; 3- O atraso técnico e militar do Egipto em comparação com alguns povos asiáticos; os exércitos egípcios eram formados essencialmente pela infantaria a pé. Como não dispunham de cavalos e não usavam carros de combate puxados a cavalo (pois, a roda não era "muito útil" no deserto), seriam um presa fácil para qualquer exército que tivesse cavalaria.

O período da ocupação Hicsa trouxe algumas vantagens para o Egipto:

  1. Vulgarizaram o uso do bronze até então raramente empregado no país;
  2. Substituíram da liga de bronze importada, pela de cobre-arsênico;
  3. Introduziram a roda de oleiro aperfeiçoada;
  4. O tear vertical;
  5. O boi indiano (Zebu), mais resistente que o boi egípcio;
  6. Novas culturas de hortaliças e frutas até então desconhecidas no Egipto;
  7. Uso do cavalo e o carro de guerra;
  8. A roda mais leve de arcos composto;
  9. Novas formas de cimitarras - sabre oriental de lâmina curva;
  10. Novas armas e táticas militares;
  11. Forma de dançar mudou em relação aos períodos anteriores;

Outras contribuições dos Hicsos:

  1. Abalo ao complexo de superioridade dos Egipcios.
  2. Com a insegurança provocada, os egipcios voltam-se mais a religião. solicitando as divinidades, que nao houvessem mais ameaças de fora, no caso os próprios Hicsos.
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