Grande Expurgo
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O Grande Expurgo foi uma ação persecutória movida pelo ditador soviético Josef Stalin (1879-1953) contra seus opositores políticos, verdadeiros ou não, entre os anos de 1934 e 1939. Súbita e inexplicavelmente, Stalin liquidou cerca de dois terços dos quadros do Partido Comunista da URSS, ao menos 5.000 oficiais do Exército acima da patente de major, 13 de 15 generais-de-divisão do Exército Vermelho – criado durante a Revolução Russa por Leon Trotsky, seu dissidente mais conhecido – e inúmeros civis, considerando todos "inimigos do povo".
Como era de se esperar num tirano dessa natureza, Stalin jamais explicou os verdadeiros motivos de tamanha matança. É provável que algumas das vítimas de fato fossem dissidentes de suas reformas econômicas (conhecidas como Planos Qüinqüenais), mas a grande maioria das vítimas não apresentava nenhum indício de oposição direta ao ditador soviético.
De fato, os Planos Qüinqüenais – que Stalin promulgara com o intuito de transformar a União Soviética numa potência industrial-militar em tempo recorde – provocaram enorme descontentamento na população, muitas vezes forçada a sacrifícios de toda ordem para que as metas de produção industrial e de alimentos fossem cumpridas. Evidentemente, ninguém era louco de expressar abertamente seu desagrado com a política econômica stalinista, mas muitos denotavam um ar de insatisfação com os rumos traçados por Stalin.
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[editar] Sistemática de uma perseguição
Analisando-se o perfil das vítimas de Stalin, e os acontecimentos noticiados pela imprensa oficial da época, pode-se chegar a traçar um comportamento-padrão do Grande Expurgo. Mestre na intriga política, ele tratava de acusar políticos de médio ou alto escalão por crimes imaginários; as acusações eram cercadas de imensa publicidade, e o julgamento imposto à vítima era de forma alguma justo. Freqüentemente, os expurgados eram exilados para trabalhos forçados na Sibéria, onde morriam de fome, frio, doenças – ou de uma combinação destes três males.
Após silenciar a oposição no campo político, Stalin atacou o Exército Vermelho. A tropa criada por Trotsky para fortalecer a Revolução era agora uma potencial fonte de intrigas dentro do país, e o ditador soviético raciocinava que quaisquer conspirações destinadas a derrubá-lo passariam, direta ou indiretamente, pelos homens de quepe. Ao fim do expurgo, o alto comando do Exército Vermelho estava dilacerado, carente de oficiais competentes para comandar a defesa da URSS contra a Wehrmacht de Adolf Hitler.
[editar] A primeira vítima
Sergei Kirov era chefe do Partido Comunista em Leningrado. Reputado pelo carisma e pela competência administrativa, foi encontrado morto misteriosamente, a 1 de dezembro de 1934. Ninguém tem dúvidas de que Stalin ouvira falar e fora conivente com o crime, se é que não o ordenou pessoalmente. De qualquer maneira, usou a morte de Kirov como pretexto para iniciar uma perseguição implacável a seus oponentes políticos, que perduraria por cinco anos.
[editar] O caso Tukhachevsky
Mikhail Tukhachevsky era general-de-divisão na época do Grande Expurgo. Foi acusado – injusta e falsamente – de ser colaborador do Estado-Maior alemão. Sua morte foi a mais notável entre os generais do Exército Vermelho, por ser ele um veterano e bem reputado oficial. As provas seriam documentos forjados por Reinhard Heydrich, chefe do Sicherheitsdienst (serviço de segurança nazista), desejoso de enfraquecer o comando do Exército Vermelho e preparar o terreno para uma futura invasão alemã. Para que se tenha uma idéia, o Grande Expurgo matou mais oficiais de alta patente do que a II Guerra.
[editar] Conseqüências
Por mais que o povo soviético estivesse aterrorizado pelo Grande Expurgo, jamais ofereceu qualquer resistência ao delírio persecutório de Stalin. Muitas pessoas, temerosas de ser implicadas nas acusações, sempre as acatavam, por mais absurdas que fossem. A diplomacia ocidental ficou estarrecida com a dimensão da matança; em pelo menos uma ocasião, analistas militares britânicos afirmaram que a Polônia seria um aliado muito mais útil ao Reino Unido do que a Rússia stalinista.
Percebendo que os britânicos permaneciam indiferentes a suas propostas de aliança para conter o avanço nazista, e fiel ao homem inescrupuloso que era, Stalin concordou em fazer uma aliança com a Alemanha de Hitler. O acordo, conhecido como Pacto Ribbentrop-Molotov (uma referência aos ministros das Relações Exteriores de ambos países) ou Pacto de Não-Agressão, foi assinado entre a União Soviética e o Terceiro Reich em 23 de agosto de 1939, com validade de dois anos. Mas Hitler, é claro, jamais abriu mão de seu ódio aos que ele chamava de Untermensch (sub-humanos), atacando-os menos de dois anos depois, em 22 de junho de 1941.