Funcionalismo (ciências sociais)
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O funcionalismo (do Latin fungere, ‘desempenhar’) é um controverso ramo da antropologia e da ciências sociais. Uma doutrina que pretende explicar aspectos da sociedade em termo de funções realizadas ou suas consequências para sociedade como um todo.
Segundo as teses de Talcott Parsons, a sociedade e a respectiva cultura formam um sistema integrado de funções. Ao mesmo tempo que ocorria o choque da revolução behaviorista, desenrolava-se, nos domínios da ciência política, o processo de recepção das idéias de função, estrutura e de sistema, principalmente a partir das teorias gerais da antropologia e da sociologia.
Nas ciências sociais, especificamente na sociologia e na antropologia sociocultural, o funcionalismo (também chamado análise funcional) é uma filosofia sociológica que originalmente tentava explicar as instituições sociais como meios coletivos de satisfazer necessidades biológicas individuais. Mais tarde se concentrou nas maneiras como as instituições sociais satisfazem necessidades sociais, especialmente a solidariedade social. O funcionalismo é associado com Émile Durkheim e mais recentemente com Talcott Parsons. Visto que a análise funcional estuda as contribuições feitas pelo fenômeno sociocultural para os sistemas socioculturais dos quais fazem parte, muitos funcionalistas argumentam que instituições sociais são funcionalmente integradas para formar um sistema estável e que uma mudança em uma instituição irá precipitar uma mudança em outras instituições; expressas por Durkheim e outros como uma analogia orgânica. O funcionalismo, nascendo como uma alternativa a explicações históricas, foi uma das primeiras teorias antropológicas do século XX, até ser superada pela análise estruturo-funcional ou estrutural-funcionalismo.
O estruturo-funcionalismo tem a visão de que a sociedade é constituída por partes (por exemplo: polícia, hospitais, escolas e fazendas), cada uma com suas próprias funções e trabalhando em conjunto para promover a estabilidade social. O estruturo-funcionalismo foi a perspectiva dominante de antropologistas culturais e sociólogos rurais entre a II Guerra Mundial e a Guerra do Vietnã. Juntamente com a teoria do conflito e o interacionismo funcionalismo é uma das três principais tradições sociológicas.
Uma função social é, "a contribuição feita por qualquer fenômeno a um sistema maior do que o que o fenômeno faz parte" (Hoult 1969: 139) . Esse uso técnico não é o mesmo da idéia popular de função como um "evento/ocasião" ou uma obrigação, responsabilidade, ou profissão. Uma distinção, primeiramente feita por Robert K. Merton, é feita entre funções evidentes e funções latentes (Marshall 1994: 190-1) e também entre funções com efeitos positivos (funcionais ou positivamente funcionais) e negativos (disfuncionais) (Hoult 1969: 139). "Qualquer enunciado que descreva uma instituição como sendo 'funcional' ou 'disfuncional' para os homens[sic] pode ser prontamente traduzido sem perda de significado para um que se diz 'recompensadora' ou 'punitiva'." (Homans 1962:33-4)
Alternativa funcional (também chamada equivalente funcional ou substituto funcional) indica que, "assim como o mesmo ítem pode ter múltiplas funções, a mesma função também pode ser diversamente representada por ítens alternativos." (Merton 1957: 33-4) O conceito pode servir como um antídoto para "as suposições injustificadas da indispensabilidade funcional de estruturas sociais particulares." (ibid: 52)
Nos anos 60, o funcionalismo era criticado por ser incapaz de se responsabilizar por mudanças sociais ou contradições estruturais e conflito e dessa maneira frequentemente chamada teoria do consenso. No entanto, Durkheim usou uma forma radical de socialismo corporativo juntamente com explicações funcionalistas, o Marxismo reconhece contradições sociais e utiliza explicações funcionais, e a teoria evolucionária de Parsons descreve os sistemas e subsistemas de diferenciação e reintegração desse modo causando menos conflito temporário ante a reintegração (ibid). "O fato da análise funcional poder ser vista por alguns como de natureza conservadora e por outros como de natureza radical sugere que ela pode ser nem uma nem outra."(Merton 1957: 39)
Críticos mais fortes incluem o argumento epistemológico que diz que o funcionalismo tenta descrever instituições sociais apenas através de seus efeitos e assim não explica a causa desses efeitos, ou coisa alguma, e o argumento ontológico que a sociedade não pode ter "necessidades" como os seres humanos, e até que se a sociedade tem necessidades elas não precisam ser satisfeitas. Anthony Giddens argumenta que explicações funcionalistas podem todas ser reescritas como descrições históricas de ações e consequências humanas individuais. (ibid)
Anterior aos movimentos sociais dos anos 60, o funcionalismo foi a visão dominante no pensamento sociológico; depois daquele tempo a teoria de conflito desafiou a sociedade corrente, defendida pela teoria funcionalista. Conforme alguns opositores, a teoria funcionalista sustenta que conflito e disputa pelo status quo é danosa à sociedade, tendendo a ser a visão proeminente entre os pensadores conservadores.
Jeffrey Alexander (1985) enxerga o funcionalismo como uma ampla escola e não como um método ou sistema específico, como o de Parson, que é capaz de tomar o equilíbrio (estabilidade) como ponto de referência ao invés de suposição e trata a diferenciação estrutural como principal forma de mudança social. "O nome 'funcionalismo' implica uma diferença no método ou interpretação que não existe." (Davis 1967: 401). Isso remove o determinismo criticado acima. Cohen argumenta que mais do que necessidades, a sociedade tem fatos tendenciais: característica do ambiente social que sustenta a existência de instituições sociais particulares mas não as causa. (ibid)
[editar] Funcionalistas Famosos:
Bronislaw Malinowski, Alfred Reginald Radcliffe-Brown, Émile Durkheim, Talcott Parsons, Niklas Luhmann, George Murdoch, Kinglsey Davis e Wilbert Moore's, Jeffrey Alexander's (Neofuncionalismo) (1985), G. A. Cohen, Herbert J. Gans's.
[editar] Fonte de Pesquisa:
Marshall, Gordon (1994). Dicionário Oxford de Sociologia Hoult, Thomas Ford (1969). Dicionário de Sociologia Moderna Merton, Robert (1957). Teoria Social e Estrutura Social, revisto e ampliado.