Frei Luís de Sousa
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- Nota: Se procura pelo Arcebispo de Lisboa homónimo, consulte Luís de Sousa.
- Nota: Se procura pelo homem que inspirou a obra de Almeida Garrett, consulte Manuel de Sousa Coutinho.
Drama em três actos de Almeida Garrett, estreado em 1843 e publicado em 1844 com notas do autor, baseado livremente na vida de Manuel de Sousa Coutinho, que na vida eclesiástica assumiu o nome de Frei Luís de Sousa.
[editar] Resumo da Obra
A obra concentra-se no período da vida de Manuel de Sousa Coutinho imediatamente antes do seu ingresso, juntamente com a esposa D. Madalena de Vilhena, na vida monástica: um seu biógrafo atribuiu essa decisão ao facto de o primeiro marido de D. Madalena, D. João de Portugal, tido por morto na Batalha de Alcácer Quibir, estar ainda vivo e ter regressado a Portugal, tornando ilegítimo o casamento de D. Manuel e bastardos os seus filhos. Garrett acentua o carácter dramático desta situação, dando ao casal uma única filha adolescente, Maria de Noronha, e um aio ainda dedicado à figura do seu velho amo, D. João de Portugal. O desfecho trágico é desencadeado pelo nacionalismo de Manuel de Sousa Coutinho, que prefere pôr fogo ao seu palácio a nele acolher os representantes da opressão espanhola e se vê forçado a tomar residência no antigo paço que fora de D. João de Portugal; este regressa ao antigo lar, disfarçado de romeiro, e confirma as apreensões de D. Madalena ao se identificar com o retrato de D. João. Os esposos adúlteros, falecida a filha, decidem ingressar na vida religiosa.
[editar] Temas
Um dos temas mais importantes da obra é, sem dúvida, o da liberdade de amar, mesmo contra as convenções sociais da época. A personagem de Maria de Noronha, a filha adolescente perfeitamente inocente dos actos de seus pais, é a própria personificação da beleza e da pureza que pode ser engendrada mesmo por uma relação socialmente condenável. A recepção da obra não deixou de ver nisto um paralelo com a vida do autor, que se separara da primeira mulher para viver em mancebia com D. Adelaide Pastor, da qual tivera igualmente uma filha ilegítima. O tema do amor livre interessou igualmente Alexandre Herculano e foi abundantemente glosado no segundo romantismo português, nomeadamente por Camilo Castelo Branco.
[editar] Importância
Frei Luís de Sousa, que continua a ser considerado um clássico da literatura de língua portuguesa e uma das criações máximas do seu teatro, foi inicialmente apenas lido a um grupo selecto de amigos do autor (entre os quais Herculano). A primeira representação fez-se em privado, no teatro da Quinta do Pinheiro, no mesmo ano de 1843, tendo o próprio Garrett desempenhado o papel de Telmo. A peça só teve a sua estreia pública em 1847, no Teatro do Salitre, em versão censurada pelo regime cabralista. A versão integral só foi levada à cena no então Teatro Nacional (actual Teatro Nacional de D. Maria II) em 1850.
Teatro de Almeida Garrett |
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