Francisco Dias Velho
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Francisco Dias Velho foi um bandeirante paulista natural de São Vicente que viveu no século XVII.
Silva Leme estudou sua família no volume VIII pag 25 da «Genealogia Paulistana» e comenta: Francisco Dias Velho casou com Maria Pires Fernandes e tiveram 12 filhos. E acrescenta o comentário de Pedro Taques: «Foi o fundador e capitão-mor povoador da Ilha de Santa Catarina onde fez relevantes serviços à real coroa, porque em aumento dela conquistou os índios bravos daquele sertão, e fundou a vila em dita ilha. » «Nesta ilha faleceu o dito capitão-mor povoador dentro da mesma igreja matriz, que a sua custa tinha feito construir de pedra e cal, e armar com altar maior e colaterais e imagens, quando os belgas, saltando naquela ilha para a roubarem, como fizeram, pondo fogo a tudo, se passaram para a igreja para executarem o sacrílego atentado contra as sagradas imagens, que o dito capitão-mor com a resolução católica e brioso animo quis defender com a espada e broquel, até perder a vida dentro do mesmo sagrado tempo, como mártir pela fé de Jesus Cristo em 1692.»
Filho de Francisco Dias e Custódia Gonçalves, morta em São Paulo em 5 de outubro de 1681. Casou em São Paulo com Maria, filha do capitão Salvador Pires de Medeiros e Inês Monteiro, dita a Matrona. Descendia de uma índia tapuia e sua bisavó foi casada com um padre, Pero, que abandonou a ordem dos jesuítas. Segundo informação dePedro Taques, era um capitão-mor. O pai era «opulento de arcos, cujos índios conquistou com armas no sertão, e gostando desta guerra, tornou para a mesma conquista no sertão dos Patos e Rio de São Francisco para o Sul, até o Rio Grande de São Pedro. Faleceu em 1645.»
E mais: «O capitão-mor Francisco Dias Velho, tendo acompanhado a seu pai na entrada que fez ao sertão dos gentios dos Patos, ficou-lhe herdando a disciplina e valor para conquistar gentios bravos do sertão da costa Sul. No ano de 1673 mandou ao mesmo sertão seu filho José Pires Monteiro, com cento e tantos homens de sua administração, com o intento de fazer povoação onde melhor sitio descobrisse; e com efeito descobriu as excelentes terras na Ilha de Santa Catarina o dito José Pires Monteiro, e logo nelas fez plantas.
Em 1675 foi em pessoa o capitão Francisco Dias Velho com novos gastos, para se conseguir a dita povoação, onde esteve três anos. (Pedro Taques, in «Nobiliarquia Paulista», pág. 85) «Voltou no de 1679, em que todo o referido expôs no requerimento que então fez na vila de Santos ao governador da capitania, pedindo-lhe de sesmaria duas léguas de terra em quadra no distrito da ilha de Santa Catarina, onde já tinha igreja de Nossa Senhora do Desterro, correndo costa brava, e mais meia légua de terras de uma alagoa, onde já tinha fazenda de culturas, e mais duas léguas de terra defronte do estreito ou terra firme onde também já tinha feito uma feitoria com uma légua de sertão e outra de testada nas cabeceiras onde chamam Cabeça de Bogio; e duas léguas em quadra começando do rio Araçativa. Tudo se lhe concedeu por sesmaria em atenção ao grande serviço que fazia a Sua Majestade com a nova povoação e fundação das terras de Santa Catarina. Registro no cartório da provedoria da fazenda real de S. Paulo.
Entre 1675 e 1678 edificou uma capela, no mesmo local onde hoje se ergue a catedral de Florianópolis. Em 1679 retornou, em que tudo o referido expôs no requerimento, que então fez na vila de Santos, ao governador da Capitania" (Pedro Taques in «Nobiliarquia Paulista», pág. 85)
«Nesta ilha fez o capitão-mor povoador muitos serviços à real coroa, impedindo aos castelhanos não se estabelecerem nas terras da costa do Sul. Conquistou os índios que infeccionavam o sertão. Dentro da mesma ilha em 1687 entrou um patacho inglês de arribada, cujo capitão era Thomaz Frins e pirata; o capitão-mor Francisco Dias Velho foi a bordo, prendeu este capitão e os mais ingleses, e baldeou para a terra por inventário todo o cabedal que lhe achou, e os remeteu presos a sua custa à vila de Santos, onde se achava então de correição o dr. Ouvidor geral da repartição do Sul Tomé de Almeida e Oliveira. Procedeu este ministro a ato de perguntas com o capitão inglês por intermédio do intérprete Lourenço Pereira Veneziano, com a presença do procurador da coroa Diogo Ayres de Aguirre, a 26 de fevereiro de 1688. Constou, pela confissão do dito capitão inglês, que da Inglaterra tinha saído em uma frota de navios pequenos para Panamá de Porto Belo com 900 homens, e andaram feito piratas em terras da coroa de Castela, sendo seu general Samolay, ao qual perdera de vista no porto de Callao de Lima, e não descobrira mais, nem a outros navios da sua conduta de seis meses a que o procurara ; que na barra da ponta em altura de 5 graus tivera encontro com castelhanos que lhe mataram muitos homens, por cujo destroço os ingleses em vingança da rota lhes deram vários assaltos de pilhagem, até que em um assalto no lugar de Porto Santo ficaram destruídos os ingleses em altura de 9 graus da costa do Sul, ficando só ele capitão com 7 homens em o seu navio, e já falto de água, para cujo remédio e concerto de sua embarcação destroçada tinha tomado o porto de Sta. Catarina, onde fora preso pelo capitão-mor Francisco Dias Velho, o qual lhe havia mandado inventariar toda a fazenda que se achava em dito navio, que constava do mesmo inventário que havia remetido com ele capitão e seus companheiros. Este grande cabedal ficou à Real Fazenda, devido ao zelo do capitão-mor Francisco Dias Velho, cujo prêmio foi a morte que lhe deram os hereges, quando em 1692 voltaram sobre a mesma ilha, armados de força de gente, e lhe tiraram a vida dentro do próprio templo, como temos referido. Na mesma ilha de Santa Catarina prendeu um navio corsário que tinha roubado e saqueado a vila da Ilha Grande de Angra dos Reis, de cujo assalto tinham recolhido grosso cabedal, assim dos moradores como dos templos, tendo dantes feito estes piratas várias presas em embarcações da costa com grande cabedal, o que tudo assim melhor consta no cartório da provedoria de Fazenda Real de São Paulo, livro de registro n.º 4, tit. 1686, pág. 10.»
Incorporou-se à expedição de Jorge Soares de Macedo ao Sul, ficou na ilha de Santa Catarina, de que era grande conhecedor, para onde tinha transportado sua família, irmãos, relações e muitos escravos.