Fator de risco cardiovascular
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Chama-se fator de risco cardiovascular a qualquer situação que aumente o risco de doença no coração ou nas artérias e veias. Na prática o termo é mais usado nas situações envolvidas na progressão da Aterosclerose.
Na sociedade ocidental, a aterosclerose ocorre na quase totalidade das pessoas. Nas estatísticas de óbito da virada do milênio, cerca de um terço das mortes na população ocorria devido a infarto agudo do miocárdio ou acidente vascular cerebral, que são doenças quase sempre relacionadas a aterosclerose. Ou seja, quase todas as pessoas tem aterosclerose, mas apenas uma em cada três morreria dela. A medicina tem procurado estudar o que poderia influenciar esta evolução. Que fatores seriam protetores e que fatores seriam agressores.
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[editar] Fatores de risco maiores
Também chamados de fatores de risco clássicos. São situações em que há concordância entre os estudiosos quanto a sua participação. São eles:
- Idade. A ateroclerose aumenta com a idade. Quanto mais velha a população, maior o risco cardiovascular.
- Sexo. O sexo masculino tem risco maior que o sexo feminino, sempre que os demais fatores de risco sejam iguais.
- História Familiar.Considera-se como história familiar quando um dos pais ou irmãos apresentou aterosclerose coronariana (Infarto ou angina) ou cerebral (Acidente vascular cerebral) precoce. Precoce significa antes dos 65 anos para mulheres e antes dos 55 anos para homens.
- Diabetes mellitus. A ocorrência de doença cardiovascular nos diabéticos não tratados é bem maior que nos não diabéticos.
- Pressão arterial. O risco de doenças cardiovasculares e pressão arterial é contínuo, não existindo um nível de pressão onde não possa ocorrer a doença. Para fins práticos, se identificam "níveis de corte", que são valores a partir dos quais passa a valer a pena intervir, ou seja, os benefícios de baixar a pressão arterial são maiores que os malefícios (Hipertensão arterial). Este níveis dependem de vários outros fatores, que determinam o contexto clínico da pessoa.
- Colesterol. A quantidade total de colesterol no sangue e a distribuição dele nas várias lipoproteínas que o transportam, tem grande influência no risco cardiovascular. O risco também é contínuo, conforme a pressão arterial, e a filosofia do momento de tratamento é a mesma (Dislipidemia).
- Fumo. O tabagismo é um dos poucos fatores de risco "por opção". O risco é igualmente contínuo com o nível de consumo, sem existir nivel seguro, abaixo do qual não ocorre a doença.
- Atividade física. Igualmente aqui o risco é contínuo. Quanto menor a atividade maior é o risco. O maior risco é no chamado sedentarismo. A tendência é considerar sedentário o indivíduo que, somando as atividades, se exercita menos de 30 minutos por dia.
[editar] Outros fatores de risco
Existem muitas outras situações que tem sido relacionadas ao risco cardiovascular, mas que ainda não são consenso, seja quanto a participação homogênea em toda a população, seja sobre a conveniência ou vantagem de diagnóstico ou tratamento. Entre eles:
- Proteína C reativa.
- Fibrinogênio.
- Homocisteína.
- Triglicerídeos.
- Ácido úrico.
[editar] A filosofia do manejo
- Uma linha de raciocínio possível é de que a vida humana é finita e nosso organismo sofre progressivo desgaste. Se não sofrer uma violência externa (acidente, agressão, afogamento, etc), em dado momento algum orgão nobre deixará de ter as condições mínimas para manter a vida. Como dizem os americanos, death and taxes são as únicas coisas certas na vida. Mesmo inevitável, a morte é postergável.
- Outra linha de raciocínio é a de considerar que não existe risco zero de doenças. Os riscos podem ser progressivamente menores, mas tal é a complexidade da vida, que o nunca é muito improvável.
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- O risco de morte de acidente aéreo existirá sempre que existir duas pessoas e um avião na face da terra, já que não é proibido que este avião, pilotado por uma delas, caia sobre a outra.
- Outro fator importante é o custo da diminuição do risco. O investimento para a diminuição de um risco é exponencialmente maior e com "efeitos colaterais" crescentes.
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- Para a maior parte das pessoas, contratar um guarda costas é um gasto financeiro e uma perda de liberdade muito grandes para que se justifique a diminuição do risco de assalto.
[editar] Cálculo do risco
Para determinar o tamanho do risco é importante determinar o contexto da pessoa.
- Supondo que uma pressão arterial de 140/80 mmHg torna o risco de doença o dobro do que o da pressão de 120/80 mmHg. Se uma pessoa de 20 anos tem um risco de um infarto de 1/5.000 em um ano, possivelmente não valeria a pena diminuir a pressão para atingir um risco de 1/10.000, já que protegeria apenas uma pessoa em cada 10.000. Já para um diabético, que já teve um infarto há alguns meses, fumante, com colesterol alto, com 65 anos, isto diminuiria por exemplo a chance de 1/5 para 1/10 e protegeria uma pessoa em 10.
- A medicina busca métodos de quantificar este risco. Um exemplo destes métodos é o Índice de risco de Framingham. Este índice atribui pontos aos fatores de risco. A somatória destes pontos está relacionado com o risco de doença em dez anos. Considera-se como risco baixo, abaixo de 10% de risco em 10 anos. Considera-se como risco alto, acima de 20% em dez anos.
[editar] Metas a atingir
Uma vez determinado o risco da pessoa, é preciso determinar quais fatores devem ser manejados e em que grau. Os números abaixo são apenas uma referência relativa e podem variar para mais ou para menos conforme o contexto.
- Pressão arterial - Abaixo de 140/90 mmHg.
- Colesterol total - Abaixo de 200 mg/dL.
- Fumo -Interrupção total.
- Diabetes - Glicemia de jejum abaixo de 110 mg/dL.
- Atividade física - Pelo menos três sessões semanais de 45-60 minutos de atividade aeróbica.
[editar] Acompanhamento
Uma vez cuidando dos fatores de risco, deverá haver uma estratégia de pesquisa da doença. De tempos em tempos, em geral uma vez ao ano, poderão ser feitos exames de triagem de doenças cardíaca, a ser determinados pelo médico. Além disto, quando, a critério da pessoa, ela passe a ter sintomas que a preocupem, pode também buscar orientação. Se um indivíduo passa a ter dor no peito e isto o preocupa, deve procurar ajuda. São exemplo de situações de alerta:
- Surgimento de dor no peito, ou mudança de intensidade e frequência de dor que já ápresentava.
- Surgimento ou agravamento de falta de ar.
- Surgimento ou agravamento de sintomas relacionados aos batimentos cardíacos, como sensações de palpitações.
[editar] Conclusão
O manejo dos fatores de risco pode ser seguido por uma pessoa para aumentar seu tempo de vida e sua qualidade de vida. As nuances deste controle são a área de atuação da medicina.
[editar] Ligações externas
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