Cubozoa
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Cubozoa | ||||||||
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Os cubozoários de Ernst Haeckel, numa ilustração do livro Kunstformen der Natur |
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Classificação científica | ||||||||
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Famílias | ||||||||
A classe Cubozoa, juntamente com a respectiva ordem Cubomedusae é um grupo pouco estudado do filo Cnidaria, que inclui os animais vulgarmente chamados de cubozoários. Apesar das semelhanças morfológicas do corpo, constituido por um sifão e numerosos tentáculos, os cubozoários não são estritamente medusas (classe Scyphozoa). O grupo é típico do Oceano Pacífico e inclui alguns dos mais venenosos animais existentes na actualidade, responsáveis pelo que se designa em medicina como síndrome de Irukandji. O nome da classe refere-se ao aspecto visual dos sifões, que lembram um cubo (ao contrário das medusas, que são circulares).
Os cubozoários, ao contrário das medusas que são animais planctónicos filtradores, são predadores activos, com capacidade de deslocação própria. Estudos preliminares realizados por cientistas da Universidade de James Cook da Austrália demonstraram que os cubozoários não se limitam a acompanhar as correntes oceânicas e podem percorrer cerca de um quilómetro em meia hora. Este modo de vida activo implica a necessidade de períodos de descanso, que os cubozoários realizam durante as noites que passam assentes no fundo do mar.
Outra característica especial dos cubozoários é serem dotados de visão. Estes animais têm 24 olhos agrupados em conjuntos de seis e dispostos nas quatro faces que compõem o sifão do cubozoário. Cada um destes conjuntos tem dois tipos de olhos: fossas que detectam a luz (semelhantes às observadas nos outros cnidários) e olhos propriamente ditos, extremamente complexos e com a mesma estrutura que o olho humano composto por lente, retina e córnea. Apesar desta complexidade, não está claro como é que estes animais processam a informação adquirida pelos olhos, uma vez que não possuem cérebro. Em vez de um sistema cognitivo central, os cubozoários têm zonas de elevada densidade de nervos junto aos conjuntos de olhos, que podem ser centros de processamento de informação. Para justificar a evolução de um sistema visual tão elaborado foi sugerido que os cubozoários procuram e caçam activamente as suas presas, que incluem krill, pequenos caranguejos e peixes.
O tipo de presas que os cubozoários consomem é a explicação para o facto de terem desenvolvido venenos tão tóxicos. Dada a sua constituição frágil, estes animais têm obrigatoriamente que matar a sua presa depressa, para que esta não se debata e não tenha oportunidade de lhes provocar danos. O veneno dos cubozoários é injectado nas presas através dos cnidócitos presentes nos tentáculos, que disparam ao menor contacto. O tipo de toxina presente é ainda desconhecido e parece variar de espécie para espécie, mas a sintomatologia associada a encontros com estes animais sugere que ataque o sistema nervoso central. Todos os anos há centenas de pessoas na Austrália e outras regiões do Pacífico que sofrem de encontros com cubozoários, alguns com consequências fatais. O animal não ataca deliberadamente o Homem, mas o facto de serem transparentes e praticamente invisíveis para quem está desatento faz com que os acidentes aconteçam. As vítimas descrevem um intenso mal estar, acompanhado por dores lancinantes na área afectada, vómitos, náusea e tensão arterial extremamente elevada. Estes sintomas foram descritos como síndrome de Irukandji (sendo Irukandji o nome de uma tribo de aborígenes australianos). Presentemente ainda não existe nenhum antídoto para esta toxina e a única acção que parece resultar é a aplicação de vinagre nas zonas afectadas pelos tentáculos, o que impede o disparo dos cnidócitos que permanecem fechados mas que em nada reduz o mal que já está feito. Alguns encontros com cubozoários resultam, na melhor das hipóteses, em cicatrizes permanentes de cor vermelha na pele da vítima.
[editar] Classificação dos cubozoários
- Família Chirodropidae
- Família Carybdeidae
- Carukia barnesi – responsável pelas principais ocorrências de síndrome de Irukandji
- Manokia stiasnyi
- Tripedalia binata
- Tripedalia cystophora
- Tamoya haplonema
- Tamoya gargantua
- Carybdea alata
- Carybdea xaymacana
- Carybdea sivicksi
- Carybdea rastonii
- Carybdea marsupialis
- Carybdea aurifera
[editar] Referências
- Graham Lawton. Armed and dangerous, New Scientist, 8 de Novembro 2003