Copa do Mundo de 1950
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Copa do Mundo de 1950 |
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Participantes | 13 (32 nas Eliminatórias) |
Anfitrião | Brasil |
Período | 24 de Junho - 16 de Julho |
Golos | 88 (média de 4 por partida) |
Campeão | Uruguai |
Vice-Campeão | Brasil |
Melhor marcador | Ademir de Menezes do Brasil (9) |
Público | 1,337,000 (60,773 por partida) |
Durante a década de 40 não tivemos a realização das Copas previstas. A tragédia da Segunda Guerra Mundial mobilizou o mundo para o esforço de guerra e impediu a realização dos certames. A FIFA entretanto permaneceu mobilizada e tão logo foi possível tratou de marcar a disputa da IV Copa em um país fora do continente europeu, ainda em reconstrução. A Copa do Mundo de 1950 contou com a participação de 13 países. Trinta e três países participaram das eliminatórias. O campeonato ocorreu no Brasil. Para o maior futebol do mundo, o maior estádio que o mundo já viu. Foi construído o Estádio Muncipal do Rio de Janeiro, o Maracanã. O Brasil organizou um mundial sensacional, com um público espetacular, que só foi superado décadas depois. O Brasil de Zizinho, Barbosa, Ademir de Menezes (que foi artilheiro da Copa) foi brilhante... mas perdeu. Na 1ª fase o Brasil venceu por 4 a 0 o México, empatou em 2 x 2 com a Suíça (neste jogo o Brasil atuou com jogadores paulistas, pois o jogo foi no Pacaembú o único fora do Maracanã, desfigurando a seleção) e venceu a Iugoslávia por 2 a 0. Na 1ª fase a grande decepção foi a Inglaterra, que perdeu por 1 a 0 dos Estados Unidos, numa das maiores zebras de todos os tempos. No seu grupo a classificada foi a Espanha, "a fúria" que venceu a Inglaterra por 1 x 0, o Chile por 2 x 0 e os EUA por 3 x 1. O Uruguai só enfrentou a Bolívia em Recife e goleou 8 x 0. A Itália, bi-campeã mundial, também caiu na 1ª fase, mas o time não era sombra de antes devido ao trágico acidente aéreo que vitimou o time inteiro do Torino, base da Squadra Azurra. Os classificados foram os suecos que ganharam da Itália por 3 x 2 e empataram com o Paraguai em 2 x 2 garantindo passagem para a fase seguinte. Na final, um quadrangular inédito e único em copas, Brasil, Suécia, Espanha e Uruguai. Brasil 7 a 1 na Suécia, Brasil 6 a 1 na Espanha, garantiam ao Brasil o empate para conquista do título frente ao Uruguai. Mas....
Índice |
[editar] Derrota do Brasil
O trágico jogo final é conhecido como maracanaço. O silêncio tomou conta do Maracanã às 16 horas e 50 minutos do dia 16 de julho. O Brasil precisava de um empate. Saiu ganhando e perdeu por 2 a 1. Desolados, os quase 200 mil torcedores demoraram mais de meia hora para deixar o estádio. O time brasileiro fez trinta lances a gol (dezessete no primeiro tempo e treze no segundo). Os jogadores cometeram quase o dobro de faltas, um total de 21, contra apenas onze do Uruguai.
O presidente da FIFA, Jules Rimet, conta um caso curioso no seu livro La historie merveilleuse de la Cope du Monde:"Ao término do jogo, eu deveria entregar a Copa ao capitão do time vencedor. Uma vistosa guarda de honra se formaria desde a entrada do campo até o centro do gramado, onde estaria me esperando, alinhada, a equipe vencedora (naturalmente, a do Brasil). Depois que o público houvesse cantado o hino nacional, eu teria procedido a solene entrega do troféu. Faltando poucos minutos para terminar a partida (estava 1 a 1 e ao Brasil bastava apenas o empate), deixei meu lugar na tribuna de honra e, já preparando os microfones, me dirigi aos vestiários, ensurdecido com a gritaria da multidão".
Aconselhado a descer devagar a escada até o vestiário, Jules Rimet ia acompanhado por delegados da FIFA, dirigentes brasileiros e guardas armados com a missão de proteger a taça de ouro.
"Eu seguia pelo túnel, em direção ao campo. A saída do túnel, um silêncio desolador havia tomado o lugar de todo aquele júbilo. Não havia guarda de honra, nem hino nacional, nem entrega solene. Achei-me sozinho, no meio da multidão, empurrado para todos os lados, com a Copa debaixo do braço"
Jules Rimet não conseguiu entregar a taça e decidiu se retirar. Mas logo depois voltou e Obdulio Varela recebeu a taça. Rimet disse: "Estou feliz pela vitória que vocês acabam de conquistar. Cheia de mérito, sobretudo por ter sido inesperada. Com minhas felicitações".
Na tentativa de encontrar um culpado para a derrota do Brasil, os superticiosos de plantão culparam a troca do local de concentração na véspera da final. O Brasil trocou a concentração de Joá pelo estádio do Vasco da Gama em São Januário. Outros culpam Flávio Costa pelas 2 horas de missa na manhã do jogo impostas pelo treinador aos jogadores, que rezaram de pé.
[editar] Portugal na Copa
Uma vez mais, Portugal não chegou à fase final e uma vez mais foi afastado pela Espanha em 2 jogos. A 2 de Abril de 1950, em Madrid, a Espanha ganhou 5-1 com golos de Zarra, Basora, Painzo (2) e Molowny, e Cabrita. Em Lisboa, a 9 de Abril de 1950, Portugal empatou 2-2 com golos de Travaços e Jesus Correia, e Zarra e Gainza.
Bem perto do início da fase final, diversas equipas desistiram, e a organização brasileira convidou Portugal a participar, mas o convite foi declinado.
[editar] Fase Inicial
[editar] Grupo 1
Time | Pts | J | V | E | D | GF | GS | SG |
---|---|---|---|---|---|---|---|---|
Brasil | 5 | 3 | 2 | 1 | 0 | 8 | 2 | 6 |
Iugoslávia | 4 | 3 | 2 | 0 | 1 | 7 | 3 | 4 |
Suíça | 3 | 3 | 1 | 1 | 1 | 4 | 6 | -2 |
México | 0 | 3 | 0 | 0 | 3 | 2 | 10 | -8 |
24 de junho de 1950 15:00 |
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Brasil | 4–0 | México | Rio de Janeiro, Estádio do Maracanã Público: +81000 Árbitro: Reader (Inglaterra) |
Ademir 31', 79' Jair 65' Baltazar 71' |
25 de junho de 1950 18:00 |
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Iugoslávia | 3–0 | Suíça | Belo Horizonte, Estadio Sete de Setembro Público: ~8000 Árbitro: Galeati (Itália) |
Mitić 60' Tomašević 70' Ognjanov 76' |
28 de Junho de 1950 15:00 |
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Brasil | 2–2 | Suíça | São Paulo, Estádio do Pacaembu Público: +42000 Árbitro: Azon (Espanha) |
Alfredo 3' Baltazar 43' |
Patton 17', 88' |
28 de junho de 1950 18:15 |
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México | 1–4 | Iugoslávia | Porto Alegre, Estádio dos Eucaliptos Público: +11000 Árbitro: Leafe (Inglaterra) |
Ortiz 89' pen | Bobek 20' Čajkovski 23', 51' Tomašsević 80' |
1º de julho de 1950 15:00 |
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Brasil | 2–0 | Iugoslávia | Rio de Janeiro, Estádio do Maracanã Público: +142000 Árbitro: Griffiths (País de Gales) |
Ademir 4' Zizinho 89' |
2 de julho de 1950 15:40 |
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México | 1–2 | Suíça | Porto Alegre, Estádio dos Eucaliptos Público: +3500 Árbitro: Eklind (Sweden) |
Casarin 89' | Bader 10' Antenen 44' |
[editar] Grupo 2
Time | Pts | J | V | E | D | GF | GS | SG |
---|---|---|---|---|---|---|---|---|
Espanha | 6 | 3 | 3 | 0 | 0 | 6 | 1 | 5 |
Inglaterra | 2 | 3 | 1 | 0 | 2 | 2 | 2 | 0 |
Chile | 2 | 3 | 1 | 0 | 2 | 5 | 6 | -1 |
EUA | 2 | 3 | 1 | 0 | 2 | 4 | 8 | -4 |
25 de junho de 1950 15:00 |
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Inglaterra | 2–0 | Chile | Rio de Janeiro, Estádio do Maracanã |
Mortensen 27' Mannion 51' |
25 de julho de 1950 15:00 |
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Espanha | 3–1 | EUA | Curitiba, Estádio Durival de Britto |
Basora 75', 78' Zarra 85' |
Souza 17' |
29 de Junho de 1950 15:00 |
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Espanha | 2–0 | Chile | Rio de Janeiro, Estádio do Maracanã |
Basora 17' Zarra 30' |
29 de junho de 1950 18:00 |
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EUA | 1–0 | Inglaterra | Belo Horizonte, Estádio Independência |
Gaetjens 38' |
2 de julho de 1950 15:00 |
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Espanha | 1–0 | Inglaterra | Rio de Janeiro, Estádio do Maracanã |
Zarra 48' |
2 de julho de 1950 18:00 |
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Chile | 5–2 | EUA | Recife, Estádio Ilha do Retiro |
Robledo 16' Riera 32' Cremaschi 54', 82' Prieto 60' |
Wallace 47' Souza 48' pen |
[editar] Grupo 3
Time | Pts | J | V | E | D | GF | GS | SG |
---|---|---|---|---|---|---|---|---|
Suécia | 3 | 2 | 1 | 1 | 0 | 5 | 4 | 1 |
Itália | 2 | 2 | 1 | 0 | 1 | 4 | 3 | 1 |
Paraguai | 1 | 2 | 0 | 1 | 1 | 2 | 4 | -2 |
25 de junho de 1950 15:00 |
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Suécia | 3–2 | Itália | São Paulo, Estádio do Pacaembu |
Jeppsson 25', 68' Andersson 33' |
Carapellese 7' Muccinelli 75' |
28 de junho de 1950 15:30 |
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Suécia | 2–2 | Paraguai | Curitiba, Estádio Durival de Britto |
Sundqvist 24' Palmer 26' |
A. Lopez 32' C. Lopez 89' |
2 de julho de 1950 15:00 |
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Itália | 2–0 | Paraguai | São Paulo, Estádio do Pacaembu |
Carapellese 12' Egisto Pandolfini 62' |
Índia saiu
[editar] Grupo 4
Time | Pts | J | V | E | D | GF | GS | SG |
---|---|---|---|---|---|---|---|---|
Uruguai | 2 | 1 | 1 | 0 | 0 | 8 | 0 | 8 |
Bolívia | 0 | 1 | 0 | 0 | 1 | 0 | 8 | -8 |
2 de julho de 1950 18:00 |
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Uruguai | 8–0 | Bolívia | Belo Horizonte, Estádio Independência |
Míguez 14', 45', 56' Vidal 18' Schiaffino 23', 59' Julio 73' Ghiggia 83' |
Turquia não foi
Escócia não foi
[editar] Rodada Final
Time | Pts | J | V | E | D | GF | GS | SG |
---|---|---|---|---|---|---|---|---|
Uruguai | 5 | 3 | 2 | 1 | 0 | 7 | 5 | 2 |
Brasil | 4 | 3 | 2 | 0 | 1 | 14 | 4 | 10 |
Suécia | 2 | 3 | 1 | 0 | 2 | 6 | 11 | -5 |
Espanha | 1 | 3 | 0 | 1 | 2 | 4 | 11 | -7 |
9 de julho de 1950 15:00 |
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Brasil | 7–1 | Suécia | Rio de Janeiro, Estádio do Maracanã |
Ademir 17', 36', 52', 58' Chico 39', 88' Maneca 85' |
Andersson 67' pen |
9 de julho de 1950 15:00 |
|||
Uruguai | 2–2 | Espanha | São Paulo, Estádio do Pacaembu |
Ghiggia 29' Varela 73' |
Basora 32', 39' |
13 de julho de 1950 15:00 |
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Brasil | 6–1 | Espanha | Rio de Janeiro, Estádio do Maracanã |
Ademir 15', 57' Jair 21' Chico 31', 55' Zizinho 67' |
Silvestre 71' |
13 de julho de 1950 15:00 |
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Uruguai | 3–2 | Suécia | São Paulo, Estádio do Pacaembu |
Ghiggia 39' Míguez 77', 85' |
Palmer 5' Sundqvist 40' |
16 de julho de 1950 15:00 |
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Suécia | 3–1 | Espanha | São Paulo, Estádio do Pacaembu |
Sundqvist 15' Mellberg 33' Palmer 80' |
Zarra 82' |
16 de julho de 1950 15:00 |
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Uruguai | 2–1 | Brasil | Rio de Janeiro, Estádio do Maracanã Árbitro: George Reader (Inglaterra) Público: 199,854 |
Schiaffino 66' Ghiggia 79' |
Friaça 47' |
[editar] Curiosidades
- O iugoslavo Rajko Mitic bateu a cabeça em uma viga do vestiário minutos antes do jogo contra o Brasil. O atacante foi obrigado a entrar em campo com atraso. Azar da Iugoslávia. Enquanto Mitic ainda estava no vestiário para receber seu curativo, o Brasil fez 1 x 0.
- Durante a Segunda Guerra Mundial, Jules Rimet transferiu a sede da Fifa de Paris para Zurique como forma de evitar a influência nazista. Falava-se que havia um plano de Hitler para levar a entidade a Berlim.
- Várias seleções desistiram de participar da Copa, como França, Turquia, Portugal, Escócia e até Índia e Birmânia. Em geral, os países se sentiram desencorajados pelo custo da viagem até o Brasil. Mas o caso da Escócia foi raro. Superados pelos ingleses nas Eliminatórias, os escoceses achavam que não havia motivos para disputar um torneio no qual participaria a Inglaterra.
- A vitória da seleção amadora dos Estados Unidos sobre a Inglaterra é considerada a maior zebra da história das Copas. Inventores do esporte, os ingleses participavam pela primeira vez de um Mundial e chegaram ao Brasil como favoritos ao título. Enquanto isso, os norte-americanos tinham uma equipe amadora, formada por imigrantes. O autor do gol foi Gaetjens, nascido no Haiti.
- Enquanto o Brasil goleava a Espanha, o público cantava a marchinha “Touradas de Madri”, composta por João de Barro, o Braguinha, em 1938.
- Cerca de 200 mil pessoas (cerca de 10% da população carioca na época) foram ao Maracanã para ver a decisão contra o Uruguai. Seria o maior público da história do futebol se não houvesse “apenas” 173.850 pagantes. Com isso, Brasil x Paraguai das Eliminatórias para a Copa de 1970, com 183.341, é o maior público oficial do futebol.
- Jornais da época dizem que a torcida, após a virada uruguaia, continuou incentivando a seleção brasileira, o que vai contra a lenda de que o Maracanã se silenciou nos minutos finais.