Clara Nunes
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Clara Francisca Nunes Pinheiro, mais conhecida como Clara Nunes (Cedro da Cachoeira, 12 de agosto de 1942 — Rio de Janeiro, 2 de abril de 1983) foi uma cantora brasileira, considerada uma das maiores de samba do país, ao lado de Beth Carvalho e Alcione.
[editar] Biografia
Nascida no interior de Minas Gerais no distrito de Cedro da Cachoeira, à época pertencente ao município de Paraopeba e depois emancipado com o nome de Caetanópolis. Ela trabalhava numa fábrica quando resolveu participar do concurso A Voz do Ouro ABC, em que foi vencedora na etapa mineira e terceiro lugar na final, em São Paulo, 1959. A partir daí, conseguiu emprego numa rádio belo-horizontina e se apresentava em casas noturnas da cidade onde viveu até 1964, quando mudou-se para o Rio de Janeiro.
Seu primeiro LP, A voz adorável de Clara Nunes, de 1966, mostrava um repertório cheio de conhecidos boleros e sambas-canções que foi um fracasso comercial. Só começou a cantar samba a partir do segundo, Você passa eu acho graça, em 1968, cuja faixa-título, de Ataulfo Alves, foi seu primeiro sucesso radiofônico, firmando-se como cantora desse gênero anos depois.
Com o LP Alvorecer de 1974 obteve grande sucesso com a canção Conto de areia (Romildo/ Toninho). Clara ganharia uma homenagem da cantora Simone dezessete anos depois, onde sua gravação desta música se sobrepôs à voz de Clara. Foi batendo o recorde de vendagem de 450 mil cópias - nunca antes feito por uma mulher no Brasil - quando rompeu com o tabu de que cantora não vendia discos e estimulou outras gravadoras que investissem em sambistas mulheres. Os discos que se seguiram a transformaram na maior intérprete de samba do Brasil. Seu disco seguinte Claridade (1975) vendeu ainda mais do que o anterior.
Nos discos seguintes, observa-se uma variedade maior de ritmos em seu repertório, que inclui baiões, baladas e até valsinhas, confirmando sua grande versatilidade de intérprete, além das canções calcadas no tema do candomblé sua religião, e por caractertísticas dela e por suas indumentárias características: vestidos longos brancos, colares e miçangas, de origem africana. Músicas que exaltam a religiosidade são: A deusa dos orixás, Guerreira, Filhos de Gandhi, e outras.
Na voz de Clara Nunes foram consagradas diversas músicas, dentre as quais: Você passa eu acho graça, Conto de areia, Canto das três raças, Ê baiana, Tristeza pé no chão, Nação, Na linha do mar, Morena de Angola, O mar serenou, Guerreira, Ilu Ayê - Terra da Vida, Coração leviano, As forças da natureza, A deusa dos orixás, Macunaíma, Alvorada, Menino Deus, Feira de Mangaio, Portela na Avenida, Serrinha, Misticismo da África ao Brasil, Lama, Sem companhia, Filhos de Gandhi, Deixa clarear, Derramando lágrimas, e outras.
Seu álbum mais vendido foi Brasil Mestiço (1980). Clara tem em seu acervo mais de quinze discos de ouro e é lembrada com muito carinho pelos brasileiros. Morreu na madrugada de 2 de abril de 1983 aos 39 anos, depois de 28 dias em coma: no princípio de março, ela se internou na Clínica São Vicente, no bairro da Gávea, no Rio de Janeiro, para se submeter a uma simples operação de varizes na perna esquerda, por motivo de fortes dores que sentia ao dançar. Sofreu parada cardíaca e paralisação da atividade cerebral, por falta de oxigenação, vítima de um choque anafilático ou de um erro médico.
Seu corpo foi velado na quadra da Escola de Samba Portela - uma de suas paixões - e sepultado no Cemitério São João Batista, em meio a muita emoção dos fãs, cantores e parentes. Alcione lhe dedicou um disco, como grandes amigas que eram onde só gravou músicas de seu repertório - o Claridade, de 1999.
Foi casada com o poeta Paulo César Pinheiro, de quem gravou várias composições.
[editar] Discografia
- 1966 A voz adorável de Clara Nunes
- 1968 Você passa eu acho graça
- 1969 A beleza que canta
- 1971 Clara Nunes
- 1972 Clara Clarice Clara
- 1973 Clara Nunes
- 1974 Brasileiro Profissão Esperança (com Paulo Gracindo)
- 1974 Alvorecer
- 1975 Claridade
- 1976 Canto das três raças
- 1977 Forças da natureza
- 1978 Guerreira
- 1979 Esperança
- 1980 Brasil Mestiço
- 1981 Clara
- 1982 Nação