Candido Portinari
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- Nota: Se procura a musa de Dante Alighieri, consulte Beatriz Portinari.
Candido Torquato Portinari (Brodowski, 29 de Dezembro de 1903 — Rio de Janeiro, 6 de Fevereiro de 1962) foi um pintor brasileiro. Portinari pintou quase cinco mil obras, de pequenos esboços a gigantescos murais. Foi o pintor brasileiro a alcançar maior projeção internacional.
Nasceu numa fazenda de café, Santa Rosa, no interior de São Paulo, filho dos imigrantes italianos Giovan Battista Portinari e Domenica Torquato, que tiveram doze filhos, sendo ele o segundo. De família humilde, cursou apenas o primário, porém desde criança manifestou sua vocação artística. Aos seis anos de idade, Portinari começa a desenhar e aos nove participou durante vários meses dos trabalhos de restauração da igreja de Brodowski, ajudando os pintores italianos. Aos nove anos, desenhou o retrato de Carlos Gomes, como via numa caixa de cigarros.
Em 1918 Portinari, também chamado carinhosamente de "Candinho" pela família, viajou para o São Paulo, para ingressar no Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo. Matricula-se na Escola Nacional de Belas Artes, na qual estudou desenho e pintura, tendo como professores Rodolfo Amoedo, Batista da Costa, Lucílio de Albuquerque e Carlos Chambelland. Em 1922, Portinari executou um retrato para o Salão de Belas Artes, e ganhou medalha de bronze pelo seu trabalho.
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[editar] Trajetória
Em 1928 conquistou o "Prêmio de Viagem ao Estrangeiro", da Exposição Geral de Belas-Artes, de tradição acadêmica. Em 1929 Portinari partiu para a Europa, viajou pela Itália, Inglaterra, Espanha e se fixou em Paris, onde permaneceu até 1930. Ia diariamente aos museus e lá descobriu a pintura moderna. Discutia sobre arte nos cafés e não tinha quase nenhum tempo para pintar. Foi em Paris que Portinari conhece Maria Martinelli, com quem mais tarde se casou.
Regressando ao Rio de Janeiro, passou a trabalhar num ritmo intenso, além de participar da comissão destinada a promover a reforma do Salão Nacional de Belas-Artes, no qual os artistas modernos seriam admitidos pela primeira vez.
Em 1932, Candido Portinari expôs individualmente. Três anos depois, seu quadro Café recebeu a segunda menção honrosa da Exposição Internacional do Instituto Carnegie, nos Estados Unidos. Em 1936 pintou o seu primeiro mural, para o Monumento Rodoviário na Estrada Rio-São Paulo. Nessa época, foi nomeado professor de pintura do Instituto de Artes da Universidade do Distrito Federal. Em novembro de 1939 expôs 269 trabalhos no Museu Nacional de Belas-Artes. Antes havia executado três grandes painéis para o pavilhão brasileiro na Feira Mundial de Nova Iorque. No mesmo ano nasceu seu único filho, João Cândido.
[editar] O sucesso
O sucesso começou a despontar na vida de Portinari. No início da década de 1940, ele participou da exposição de arte latino-americana no Museu Riverside, em Nova Iorque, e realizou sua primeira exposição individual na mesma cidade, no MoMA, que adquiriu sua tela Morro. Em dezembro de 1941, a editora da Universidade de Chicago publicou um livro sobre o pintor, chamado Portinari, his life and art, com inúmeras reproduções de suas obras.
Em 1942, executou quatro painéis para a Biblioteca do Congresso, em Washington. Seguiram-se o impacto da exposição na Galerie Charpentier, em Paris (1946).
Em 1954, Portinari realizou, para o Banco Português do Brasil, o painel Descobrimento do Brasil. Neste mesmo ano, começaram os primeiros sintomas de intoxicação por tintas, que lhe seria fatal.
Em reconhecimento ao seu trabalho, em 1955, o "International Fine Art Council'", de Nova Iorque, conferiu-lhe uma medalha como o melhor pintor do ano.
Em 1956 fez os desenhos da série D. Quixote e viajou para Israel, a convite do governo daquele país. No mesmo ano executou os monumentais painéis Guerra e Paz, para a sede da ONU, em Nova Iorque. No mesmo ano, Portinari recebeu o prêmio "Guggenheim´s National Award", da Fundação Guggenheim de Nova Iorque. Enquanto isso, no Rio, o Museu de Arte Moderna editou o livro Retrato de Portinari, de Antônio Callado.
Em 1958, foi o único artista brasileiro a participar da exposição "50 Anos de Arte Moderna", no Palais des Beaux Arts, em Bruxelas, e como convidado de honra, em sala especial, na "I Bienal de Artes Plásticas" da Cidade do México.
Em 1960, Portinari continuou expondo seus painéis, quadros e desenhos por toda a Europa e Estados Unidos. Nesse mesmo ano, foi convidado a participar do júri da II Bienal do México, e suas obras foram exibidas numa mostra fotográfica, em Moscou.
Portinari também era político. Foi membro do partido comunista, tendo se candidatado a deputado, porém, não obteve êxito. Contudo, não abondonou a política.
[editar] Outra paixão: a neta Denise
Em 1960 nasceu sua neta Denise, que passou a ocupar boa parte de seu tempo. Pintou muitos quadros com o retrato dela. Quando não estava com Denise, Portinari, passava horas fitando o mar, sozinho. No ano seguinte escreveu um ensaio de oração para a neta.
[editar] A morte
Em janeiro de 1962 sofreu nova intoxicação por chumbo, que já o atacara em 1954. Adoecido, não mais se recuperou. Nessa época, preparava uma grande exposição, com aproximadamente duzentas obras, a convite da prefeitura de Milão. Em 6 de fevereiro Portinari morreu, vítima de intoxicação pelas tintas que utilizava, mas cumprindo a promessa de homenagear a sua terra e o seu povo, através da sua arte.
- "Daqui fiquei vendo melhor a minha terra. Fiquei vendo Brodowski como ela é".
[editar] Bibliografia
- Filho, Mário – A infância de Portinari, Edições Bloch, Rio de Janeiro - 1966.
- Moreira, Marcos – A vida dos grandes brasileiros - Editora Três - 2003.
- Drummond de Andrade, Carlos - Estive em casa de Candinho. In: Confissões de Minas. In: Poesia e prosa: volume único. 8ª ed. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1992. p.1354-1356. (Biblioteca luso-brasileira. Série brasileira).
[editar] Homenagens, títulos e prêmios
- 1940 - Chicago (EUA) - A Universidade de Chicago publica o primeiro livro sobre o pintor, Portinari: His Life and Art, com introdução do artista Rockwell Kent
- 1946 - Paris (França) - Legião de Honra, concedida pelo governo francês
- 1950 - Varsóvia (Polônia) - Medalha de Ouro, pelo painel Tiradentes (1949), concedida pelo júri do Prêmio Internacional da Paz
- 1955 - Nova Iorque (EUA) - Medalha de Ouro, como melhor pintor do ano, concedida pelo International Fine Arts Council
- 1956 - Nova Iorque (EUA) - Prêmio Guggenheim de Pintura, por ocasião da inauguração dos seus painéis na sede da ONU
[editar] Obras
As telas Meninos e Piões e Favela são parte do acervo permanente da Fundação Maria Luisa e Oscar Americano.
[editar] Ver também
[editar] Ligações externas
- Museu Casa de Portinari
- Projeto Portinari (exposição virtual de mais de cinco mil obras)