Adolfo Gutkin
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Adolfo Gutkin (n. Buenos Aires - Argentina, 1936), encenador português.
Integra, em Buenos Aires o grupo independente Nuevo Teatro onde, sob direcção de Pedro Asquini e Alejandra Boero se profissionaliza como actor. Entre 1953 e 1956 salienta as interpretações de Mãe Coragem de Bertold Brecht, Androcles e o Leão de Bernard Shaw e Leoncio e Lena de Büchner. Ainda na década de 50 recebe formação em história da arte e do teatro, dança moderna, direcção teatral, foniatria, voz e dicção e pedagogia teatral.
Funda e dirige, conjuntamente com Augusto Fernandes, Agustin Alezzo e Carlos Gandolfo, o grupo Juan Cristobal que posteriormente passou a chamar-se La Mascara. Integra o Teatro Popular Bonaerense e começa, em 1962 a viajar por diversos países da América Latina, fixando-se em Cuba em 1962, onde desenvolve actividade profissional como actor, professor e director de teatro e prossegue estudos superiores de Psicologia, Estética, Filosofia e História da Arte. É fundandor da primeira escola de teatro de Santiago de Cuba e do Conjunto Dramático de Oriente, do qual é director geral e artístico, e professor de interpretação. Durante este período encena e interpreta obras de Ben Johnson, Brecht e Lizarraga e dirige outras peças, como A Senhora Júlia de August Strindberg, Guernica de Fernando Arrabal ou O Amante de Harold Pinter. É premiado no 1º Festival Latino Americano de Teatro pela direcção de O Diabo e o Bom Deus de Jean Genet e no Festival Nacional de Teatro de Cuba com Una Libra de Carne de Cuzzani. Membro Oficial da Union de Artistas y Escritores de Cuba e membro de honra do movimento Nueva Trova Cubana colabora em diversas publicações, como Columna, Cultura 64, The Crow, Casa de las Americas, Conjunto, Cronos.
Chega a Lisboa em 1969, depois de aceitar o convite para encenador do Grupo de Teatro da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. Dirige Volpone de Ben Johnson, obtendo o Prémio da Associação Portuguesa de Críticos de Teatro e o Prémio da Casa da Imprensa, como melhor espectáculo do ano. Nesse ano, de regresso a Buenos Aires, põe em cena uma nova versão de Cementério de Automoviles de Fernando Arrabal, no Teatro IFT de que fora fundador, e no Teatro Solis de Montevideo.
Em 1970, de novo em Lisboa, convidado pelo Grupo de Teatro da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa repõe Volponne e estreia Melin 4 (novamente seleccionado como Melhor Espectáculo do Ano pela Crítica), participando com ambos espectáculos no Festival Internacional de Teatro de San Sebastian (Espanha, 1970). Dirige acções pedagógicas de encenação e interpretação para a Fundação Calouste Gulbenkian e torna-se Membro de Honra da Associação Académica da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa.
Em 1973, perseguido pela PIDE é expulso de Portugal. Volta a Cuba, dirigindo novamento o Conjunto Dramático de Oriente, onde assina alguns espectáculos musicais. Co-criador de uma nova estação televisiva cubana, em Santiago de Cuba, dirige ciclos de cinema para a televisão e participa como actor em algumas produções.
Na década de 80, a convite da Universidade de Coimbra (Teatro de Estudantes de Coimbra) volta a Portugal. Coordena os textos e faz a encenação da criação colectiva História de Zé e Maria com que participa no Festival Universitário de Lyon, Nantes e Rennes. Funda, com profissionais portugueses o Teatro do Mundo, com o qual se instala por curto período no Teatro Aberto e percorre alguns festivais internacionais. Volta a leccionar na Fundação Calouste Gulbenkian e funda um novo grupo - Maizum - como qual dirige, entre outras, a peça Um Jipe em Segunda Mão, de Fernando Dacosta, seleccionado pela Crítica e pela Secretaria de Estado da Cultura para o Prémio Nacional Almeida Garrett (1987). Alterna o seu trabalho como director dos grupos Maizum - Teatro Profissional, em Lisboa e com o TEUC - Teatro Universitário, em Coimbra, grupo do qual foi director artístico durante sete anos consecutivos. Com o TEUC leva a peça Homo Dramaticus de Albert Adelach, a Dublin e a Moscovo, conseguindo em 1981 o Prémio de Encenação no Festival Internacional de Sitges (Espanha).
Em 1981 apresenta à Fundação Calouste Gulbenkian o projecto para a criação do Instituto de Formação, Investigação e Criação Teatral visando, entre outros objectivos, a formação de quadros culturais e técnicos teatrais para as ex-colónias portuguesas em África. Ministra conferências em Angola e Moçambique e, mais tarde, em Cabo Verde (1987). Apoiado pelo Fundo Social Europeu o IFICT forma milhares de profissionais de teatro, mantendo-se Gutkin, como director desde 1982. Paralelamente exerce outras actividades de formação, para o Ministério da Cultura, AR.CO e outras organizações. Dirige festivais de teatro e, através do IFICT e não só, diversas produções teatrais, para o Teatro da Trindade, Teatro São Luiz ou Fundação Calouste Gulbenkian. Presidiu a cimeiras internacionais sobre teatro, organizou eventos, estreou o restaurado Café-Teatro Santiago Alquimista, representou Portugal como encenador, no Conselho Europeu em Bolonha (1988) e colaborou em inúmeras publicações, seminários e conferências.
Adolfo Gutkin é cidadão português desde 1994.