Privacy Policy Cookie Policy Terms and Conditions A imagem da cachaça artesanal - Wikipédia

A imagem da cachaça artesanal

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A IMAGEM DA CACHAÇA ARTESANAL E A SUSTENTABILIDADE SÓCIO-AMBIENTAL NO MUNICÍPIO DE UBERLÂNDIA-MG

RESUMO O avanço da cana de açúcar é algo notório e continuo ao longo de toda a história do Brasil. Juntamente com este avanço a arte de se produzir à cachaça em antigos alambiques já se tornou fato histórico. Com a crescente industrialização, após a revolução industrial ocorrida no início no séc. XVIII e o surgimento da globalização em meados do séc. XX, as pequenas empresas se viram frente a duas situações, a primeira era acompanhar a modernidade e reestruturar todo o processo produtivo, podendo perder em qualidade e a segunda era continuar com o processo manual e assim perder mercado para as empresas industrializadas, que produziam em maior quantidade e com custos menores. Isto afetou principalmente as pequenas propriedades rurais, as quais funcionavam na maioria das vezes como empresas familiares, tais como os pequenos alambiques, produtores de cachaça artesanal. Em 2006 esta parcela que era minoria, no quis diz respeito à produção de cachaça, após as adequações de suas instalação para um melhor desempenho, gera um capital de aproximadamente U$ 407,5 milhões (quatrocentos e sete milhões e quinhentos mil) dólares ao ano. A organização da produção de cachaça artesanal poderá dinamizar não somente a economia rural, mas também a urbana desde que focada na sustentabilidade sócio-ambiental. Apesar disso nota-se que a imagem da cachaça no imaginário social urbano ainda é bastante deturpada e as qualidades e peculiaridades desconhecidas. Esta pesquisa procura investigar esse imaginário social buscando elucidar a opinião e a imagem elaborada pela população de Uberlândia sobre a cachaça artesanal e sua contribuição para o desenvolvimento social.


Palavras chaves: sustentabilidade sócio-ambiental, agricultura familiar, cachaça artesanal

Índice

[editar] INTRODUÇÃO

A cana-de-açúcar, Saccharum officinarum, é uma das seis espécies do gênero Saccharum, gramíneas altas provenientes do Sudeste Asiático. Dela se fabrica o açúcar e o álcool. A cana é proveniente da família Poaceae, com caule em colmos, e as folhas com lâminas de sílica em suas bordas e bainha aberta. O caule é processado (mastigado) dando origem ao caldo da cana, que passado por processo de fermentação e destilação dá origem ao rum e a cachaça. O processo de obtenção da água ardente, ou ácqua ardens, água que pegava fogo, passou por aprimoramentos desde os gregos, primeiros a produzi-la para fins medicinais, até os árabes, com a invenção das destilarias, processo este semelhante ao atual. A tecnologia inventada pelos árabes se difundiu para o resto do mundo, aos quais diferentes países adotaram sua produção de destilados próprios, como exemplo o uísque na Escócia, a vodka na Rússia e no Brasil a cachaça dentre outros (AMPAQ, 2004). O avanço da cana de açúcar e algo notório e continuo, ao longo de toda a história do Brasil, e juntamente com este avanço a arte de se produzir à cachaça em antigos alambiques já se tornou fato histórico. Com a crescente industrialização, após a revolução industrial ocorrida no início no séc. XVIII e o surgimento da globalização em meados do séc. XX, as pequenas empresas se viram frente a duas situações, a primeira era acompanhar a modernidade e reestruturar todo o processo produtivo, podendo perder em qualidade e a segunda era continuar com o processo manual e assim perder mercado para as empresas industrializadas, que produziam em maior quantidade e com custos menores. Isto afetou principalmente as pequenas propriedades rurais, as quais funcionavam na maioria das vezes como empresas familiares, tais como os pequenos alambiques, produtores de cachaça artesanal. Em 2006 esta parcela que era minoria, no quis diz respeito à produção de cachaça, após as adequações de suas instalação para um melhor desempenho, gera um capital de aproximadamente U$ 407,5 milhões (quatrocentos e sete milhões e quinhentos mil) dólares ao ano. A organização da produção de cachaça artesanal poderá dinamizar não somente a economia rural, mas também a urbana desde que focada na sustentabilidade sócio-ambiental. Apesar disso nota-se que a imagem da cachaça no imaginário social urbano ainda é bastante deturpado e as qualidades e peculiaridades desconhecidas. Esta pesquisa procura investigar esse imaginário social buscando elucidar a opinião e a imagem elaborada pela população de Uberlândia sobre a cachaça artesanal e sua contribuição para o desenvolvimento social.

[editar] A CACHAÇA NO BRASIL

No Brasil, a cachaça remota ao século XVI, sendo consumida inicialmente por escravos, passando assim, após o melhoramento de seus processos, a serem consumidas pelos senhores de engenho e por toda sociedade. A cachaça passou a apresentar uma importância significativa no Brasil Colônia, entre os séculos XVI e XVII, o que seria uma ameaça a Portugal quando se faz referência, principalmente à exportação de vinho. Não obtendo o resultado esperado, com a proibição do consumo e produção da cachaça, Portugal taxou a bebida, passando à mesma ser responsável pela maior parte das arrecadações de impostos que iriam para Lisboa (AMPAQ, 2004). O Brasil é o principal produtor de cana-de-açúcar do mundo. Seus produtos são largamente utilizados na produção de açúcar, álcool, e mais recentemente, bio-diesel.

[editar] A SUSTENTABILIDADE SÓCIO-AMBIENTAL E A PRODUÇÃO DE CACHAÇA ARTESANAL

A sustentabilidade é uma problemática no findar deste século, assumindo um papel de reflexões para com as dimensões do desenvolvimento e alternativas que se configuram. Para Jacobi (1994), o principio determinante do desenvolvimento, confluência das duas vertentes – economicista e ambientalista. E pensar em desenvolvimento sustentável nos leva a condicionar a redefinição das relações sociedade humana/natureza, havendo assim uma mudança no processo civilizatório. Por sustentabilidade sócio-ambiental entende-se, segundo Romeiro (1998:248) como um desenvolvimento que deve não apenas ser economicamente eficiente, mas também ecologicamente prudente e socialmente desejável. Deve estar associado ao uso, equilíbrio e dinâmica dos recursos da biosfera no presente e no futuro (MOREIRA, 1999:196). O crescente processo de mecanização da agricultura e ampliação das monoculturas de grãos e cana-de-açúcar para produção de álcool combustível tem trazido grande impacto no campo com a eliminação das pequenas propriedades e das agriculturas familiares. De acordo com o PRONAF - Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar, agricultura familiar é uma forma de produção onde predomina a interação entre gestão e trabalho; são os agricultores familiares que dirigem o processo produtivo, dando ênfase na diversificação e utilizando o trabalho familiar, eventualmente complementado pelo trabalho assalariado. O agro negócio familiar que mais se destacou na edificação do Brasil como nação foram os engenhos. A produção de cachaça a partir de 1755 se multiplicou, os engenhos passaram a dar maior importância ao produto fermentado, do que na produção de açúcar. A cachaça já foi inclusive moeda corrente para compra de escravos na África. No século XIX, foi o auge para o produto destilado, sendo então considerada símbolo da brasilidade e patriotismo frente à revoltas como a Revolução Pernambucana e Inconfidência Mineira (SOUZA LEAO, 2004:14). Em meados do século XXI, podemos notar a transformação progressiva dos antigos engenhos das propriedades camponesas, há muito restritos à produção de rapadura e cachaça, se transformarem em verdadeiras usinas, com uma produção em larga escala de açúcar e álcool. Os alambiques sofrem também com essa reestruturação, utilizando-se de novos métodos e técnicas de destilação e envelhecimento da bebida. Os antigos alambiques tiveram um notável salto qualitativo, o inimaginável há vinte anos atrás aconteceu, com a melhoria dos processos na produção e todo o equipamento utilizado na confecção da cachaça e no próprio envelhecimento da bebida aferiu a ela certa condição de status frente ao mercado globalizado.

[editar] A PRODUÇAO DE CACHAÇA ARTESANAL NO TRIÂNGULO MINEIRO: A VISÃO DOS PEQUENOS PRODUTORES

A produção de cachaça artesanal tem sofrido com a crescente industrialização dos meios de produção, mesmo assim tem se mantido estável. Dos 1,3 bilhões (hum bilhão e trezentos milhões) de litros produzidos anualmente no Brasil, 416 milhões (quatrocentos e dezesseis milhões) de litros são resultantes da produção em alambiques, na qual Minas Gerais detêm a liderança, com 208 milhões de litros, seguido da Bahia, Paraíba, Espírito Santo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul (AMPAQ, 2006). Os demais 884 milhões (oitocentos e oitenta e quatro milhões) de litros da produção nacional (68%), ficam sob responsabilidade da indústria, concentrada em São Paulo (44%), Pernambuco (12%) e Ceará (12%). A cachaça é o terceiro destilado mais consumido no mundo, e ocupa o segundo lugar entre as bebidas alcoólicas no país, perdendo apenas para cerveja. A cadeia produtiva da cachaça gera 400 mil (quatrocentos mil) empregos diretos no campo, 90% de pequenos produtores, e um milhão de empregos indiretos. Em 2002, as exportações de cachaça alcançaram 14,8 milhões (quatorze milhões e oitocentos mil) de litros, gerando uma receita de US$ 14,5 milhões (quatorze milhões e quinhentos mil dólares). Em 2003, as expectativas não se confirmaram e a cachaça reduziu o volume oficial exportado para 10 milhões de litros, com arrecadação US$ 10 milhões. “O resultado deve-se à retração dos programas do governo federal de divulgação externa da bebida e as indefinições na legislação internacional, o que fez a cachaça ser exportada na categoria de outras bebidas” (Murilo Albernaz, diretor-executivo da FENACA (Federação Nacional das Associações dos Produtores de Cachaça de Alambique)). Para ilustrar as condições da produção de cachaça em Uberlândia, foi realizada uma entrevista (questionário 01) com o Senhor Enoque Figueiredo, proprietário do alambique Generosa, localizado no Distrito Cruzeiro dos Peixotos. O alambique de propriedade do respondente está em funcionamento a 08 (oito) anos e não compra a cana-de-açúcar, por ser mais viável o plantio, cuja espécie cultivada é a paulistinha. Para manter o padrão de qualidade da cachaça artesanal produzida, o alambique utiliza testes e análises realizados pela Universidade Federal de Uberlândia, durante o processo. Na opinião do proprietário, o percentual da renda familiar que provém da produção da cachaça artesanal, atualmente não é significativa. Quando a pergunta foi em relação à quantidade de empregos diretos que o alambique gera ele nos informou que três pessoas estão empregadas, sendo que destas, duas são membros da família. Sobre a industrialização dos meios de produção da cachaça, o produtor artesanal afirma: “Na qualidade sim, quem aprecia aguardente industrial não sabe diferenciar o sabor de uma cachaça artesanal, e o preço é bem inferior na industrial em comparação com a produzida artesanalmente”.

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[editar] Ligações externas

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