Vilar Barroco
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Concelho | Oleiros |
Área | 23,59 km² |
População | 159 hab. (2001) |
Densidade | 6,7 hab./km² |
Orago | S. Sebastião |
Freguesias de Portugal |
Vilar Barroco é uma freguesia portuguesa do concelho de Oleiros, com 23,59 km² de área e 159 habitantes (2001). Densidade: 6,7 hab/km². É constituída pelas povoações de Vilar Barroco (sede), Vilarinho, Póvoa de Cambas, Póvoa da Ribeira e Malhadancha e pelos lugares de Aziral, Moledo, Malhadégua e Borralhal. Todas elas, aldeias ou lugares com pouca população e em vias de desertificação. Extremamente isolada, esta freguesia é uma das mais distantes da sede de concelho, e não possui comércio nem indústria de vulto.
A freguesia encontra-se profundamente marcada pelo percurso da ribeira da Malhadancha, que desagua no rio Zêzere junto a Cambas. E também pela Serra do Moradal e os seus afloramentos rochosos, pois nela se encontra o seu ponto mais alto. Quer na serra no sopé da qual se encontram a maioria das aldeias, quer no vale da dita ribeira, existem lugares praticamente inexplorados e de extraordinária beleza, com quedas de água, poços gravados na rocha e uma paisagem deslumbrante, nalguns locais em estado quase selvagem.
Destaque para o troço de ribeira entre a Póvoa da Ribeira e a sede de freguesia, num vale a pique, com elevações rochosas de ambos os lados e acima da qual se situa um miradouro.
Ao longo do curso de água, abundam restos de antigas levadas escavadas na rocha ou na encosta, antigos açudes e represas, antigos moinhos de água e paredes já quase sumidas pela vegetação. Entre as espécies piscícolas contam-se a truta, a boga e o bordalo. Ao nível de animais terrestres, destaque para raposas, texugos, coelhos e javalis e ao nível de aves destaque para a perdiz e o melro peixeiro, entre as menos vulgares.
[[HISTÓRIA]]
Nada se sabe sobre os princípios do povoamento do território desta freguesia, sabe-se apenas que foi criada a partir da de S. João de Cambas. Era este território o de Guidintesta, que D. Afonso Henriques doou aos Hospitalários, aos quais se pode atribuir o início da povoação. A toponímia desta freguesia é um bom documento do medievismo nacional dos seus lugares, pois todos eles, nas suas designações, revelam um termo arcaico que é um certificado de repovoamento medieval, como em raríssimas partes sucede. O topónimo Vilar alude precisamente à povoação inicial, um “villar” que nada tem com a definição comum de fracção de “villa” agrária, e Barroco é um qualificativo que alude à topografia local.
O topónimo principal da freguesia é explicado topograficamente por este trecho do Abade de Miragaia: “Vilar Barroco demora na pendente oeste da serra do Muradal e tomou o nome de uma profunda e estreita garganta que lhe fica a sopé, por onde corre a ribeira da Malhadança”. Vilarinho parece ter aqui o carácter diminutivo, um pequeno “villar” estabelecido junto daquele, e não propriamente povoação nascida junto de Vilar. Póvoa de Cambas e Póvoa da Ribeira mostram o apelativo medievo “pobra”, que aparece em inúmeros textos de português arcaico, depois mudado a “povoa” e finalmente a “póvoa”, talvez por influências eruditas. Por fim, o topónimo Malhadancha revela o termo arcaico “malhada” com o qualificativo medievo “ancha”.
Pela altura em que a acção hospitalária se fez aqui sentir, era natural a edificação de alguma ermida, como a de S. Pedro, em Vilarinho, de fundação imemorial, embora a sua posterior arquitectura não o revele, ou ainda mesmo a de S. Sebastião, depois formalizada em igreja paroquial, quando criada a freguesia, talvez no século XVII. Estes lugares existiam todos dentro da paróquia de S. João de Cambas, o que explica a razão por que ainda do século XVIII para o XIX o prior de Cambas apresentava o cura de Vilar Barroco, o qual, nos meados do século XVIII, tinha 10 mil réis de renda anual, além do pé-de-altar. A paróquia deve, pois, considerar-se uma filial da de S. João de Cambas.
Além da ermida de S. Pedro, provavelmente medieval, pelos finais do século passado dava-se notícia das capelas do Bom Jesus, em Vilar, e da de Nossa Senhora da Estrela, em Malhadancha, que consta ter sido fundada pelo prior de Cambas, Pe. Manuel de Almeida, que faleceu em 1734, data em que a freguesia de Vilar Barroco já estava instituída. Desde então, sendo ainda nos princípios do século XVIII uma pequena freguesia de menos de 40 fogos, a população foi crescendo lentamente, pois, passado século e meio, ainda não havia sequer duplicado; mas no escasso século a partir de 1860 duplicou em fogos e quase triplicou em habitantes. Cerca de 1885, no entanto, a freguesia estava unida à de Estreito, para fins administrativos. Diz o Abade de Miragaia que, por esta altura, estava considerada a freguesia “menos populosa e menos importante do concelho de Oleiros”.