Raça ariana
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- Nota: Esta página é sobre a "raça superior" segundo o ideário nazista. Se procura outros significados da mesma expressão, consulte Arianos (desambiguação).
O conceito de raça ariana teve seu auge no século XIX até a primeira metade do século XX, uma noção inspirada pela descoberta da família de línguas indo-européias.
Os etnólogos do século XIX propuseram que todos os povos europeus de raça branca eram descendentes do antigo povo ariano.
Diversas correntes européias, de caráter nacionalista e colonialista da época abraçaram essa idéia, mas nenhuma outra com a ênfase e alcance emprestado pelo Partido Nazista da Alemanha. Estes aliaram ao conceito de raça ariana - cuja cientificidade é atualmente considerada falsa - o de sua superioridade, procurando deste modo justificar seus postulados racistas e militaristas.
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[editar] Conceitos diversos
A palavra ário, apesar de associada à doutrina racista do Nazismo, e profundamente marcada pelo uso que lhe foi empregado pelos Nazistas, ainda assim está associada à discussão sobre a existência de um povo ariano diferenciado, modernamente denominado de proto-indo-europeu, e que deu origem às línguas primitivas indo-européias.
Também não se deve confundir o conceito criado para "raça ariana" de outras crenças distintas, como a religião denominada arianismo.
[editar] Darwinismo social
Em 1859 Charles Darwin publicou "A origem das espécies", onde explica o mecanismo da seleção natural que permite, ante as mudanças ambientais, que os indivíduos de cada espécie animal mais aptos às novas condições sobrevivam e procriem, considerando ainda que os demais sejam condenados à extinção. Pouco tempo depois outro inglês, Herbert Spencer, contemporâneo de Darwin, decidiu aplicar a idéia da seleção do mais capaz aos indivíduos e sociedades humanas. Ao contrário do que o senso-comum diz, foi Spencer e não Darwin o criador da expressão "lei do mais forte". Dentre os seguidores das idéias de Spencer contam-se Ernst Haeckel, que fundara a "Deutsche Monistbund" (Liga Monista Alemã - cujas idéias serviram de base para a doutrina biológico-política dos nazistas), e ainda Arthur de Gobineau.
Estas novas teorias, apesar de denominadas de "Darwinismo Social", bem pouco a ver tinham com as teorias de Darwin, e partiram de uma interpretação delas. De fato, Darwin em nenhum momento aponta o indivíduo mais adaptado às mudanças ambientais como "superior" - apenas que estas condições permite-lhes uma maior reprodução e vitória na competição pelo alimento. O fato foi que a idéia original da sobrevivência dos indivíduos foi sendo gradualmente transformada em o conceito da sobrevivência de indivíduos superiores, até finalmente tornar-se na dominação dos seres superiores.
[editar] Uso da teoria
Arthur de Gobineau (1816-1882), em seu "Essai sur l'inégalité des races humaines" (Ensaio sobre a desigualdade das raças humanas) de 1855, supôs que a "raça" indo-européia seria a ancestral de todas as classes dominantes da Europa e da Ásia Oriental, sobretudo da nobreza francesa da qual ele alegava ser descendente.
Este trabalho, também, aponta para uma análise retrospectiva e pessimista, apontando que o declínio da raça superior devia-se ao contexto democrático que evoluía. Essas idéias cativaram a simpatia em diversos ambientes cultos, sem que ninguém lha contestasse. Naquela época, salienta-se, a desigualdade dos povos humanos saltava aos olhos dos europeus, que assumiam uma visão de colonizador, verdadeiros responsáveis pelo controle do mundo "não-civilizado" e assim justificar suas ações de dominação.
Depois de Gobineau, esse mito encontrou adeptos que lhe deram um desenvolvimento ainda mais radical. Primeiro em Ludwig Geiger, judeu alemão, filho de um rabino chamado Abraham Geiger, divulgou a idéia de que a raça ariana teria surgido na Europa Central, em 1871.
Seguiu-se a Geiger Theodor Poesche, que em 1878 atribuiu aos arianos as características das populações nórdicas. Entre 1883 e 1891, Karl Penka popularizou a imagem do ariano louro com olhos azuis, crânio alongado. Gerald Henry Rendall difundiu essa imagem na Inglaterra, em 1889. Dentre os que abraçaram essa idéia estava Huston Chamberlain, genro de Wagner, que disse na sua obra "Fundamentos para o século XX", de 1899, que a raça superior descrita por Gobineau não havia desaparecido, e mais: ela subsistira em seu estado puro na Alemanha e no Norte Europeu.
Ao fim do século XIX a Alemanha havia assistido ao florescimento de grandes escritores, filósofos e músicos, tendo há pouco tempo conquistado sua unificação. Seguia, assim como já tinha ocorrida à Inglaterra e à França, à rápida industrialização, ao tempo em que Otto von Bismarck dotava os trabalhadores de moderno sistema de seguro social.
Mas muitos alemães, longe de se satisfazerem com esses resultados, defendiam o pan-germanismo e até a superioridade de seu povo. Receberam, portanto, de bom-grado as idéias do inglês Chamberlain. Este, por sua vez, durante a I Guerra Mundial, naturalizou-se alemão. Foi um dos principais inspiradores de Adolf Hitler, que esteve presente no seu funeral, em 1927.
No campo filosófico, Heidegger sustenta a idéia de uma superioridade germânica no plano ontológico, e talvez por isto seja o inspirador direto de Hitler, segundo Emmanuel Faye (Heidegger, l'introduction du nazisme en philosophie - Heidegger, a introdução do nazismo na filosofia).
[editar] Conceituação Nazi
[nazista, a raça ariana seria uma das três raças humanas, e este termo (ariana) serviria para designar a raça branca ou caucasóide, descendente das antigas tribos que se originaram numa região ao sul do que hoje é a Rússia, há cerca de sete ou oito mil anos atrás, e se expandiram por toda a Europa no curso da história. O termo deriva do sânscrito (uma das primeiras línguas arianas) e significa “nobre”.
] Segundo o ideário[editar] Subdivisões da Raça Ariana no ideário nazista
Segundo as idéias nazista, a Raça ariana possuiria as seguintes sub-divisões:
- Raça Nórdica (dolicocéfala loira);
- Raça Alpina (braquicéfala morena);
- Raça Báltica Oriental (braquicéfala loira, nariz pequeno, pômulos salientes) e
- Raça Mediterrânea (dolicocéfala morena).
Contudo, o conceito racial adotado pela doutrina Nacional Socialista transcede a mera aparência física, de maneira que, neste contexto, acredita-se que os germânicos possuem uma unidade racial não só sob o aspecto físico, mas também psicológico e relativo aos atributos de caráter da pessoa.
[editar] Mito dos olhos/cabelos claros
O mito, muitas vezes divulgado, de que o olho azul/verde ou o cabelo loiro seriam necessariamente fatores definitivos na definição de uma pessoa ser ou não ariana, no ideário nazista, é falso. Eis alguns textos nesse sentido:
a) Do livro “Voz de Nossos Ancestrais” escrito por Heinrich Himmler sob o pseudônimo de Wülf Sörensen: “...Por isso que rostos nos enganam tanto hoje em dia. Muitas pessoas cuja cor dos cabelos e olhos vêm do sul, ainda possuem a maior parte de seu sangue de ancestrais Nórdicos. E muitos... carregam seus cabelos claros e olhos cinzentos ou azuis apenas como uma máscara enganadora, pois seu sangue não possui traço algum de seus ancestrais do Norte. O primeiro possui apenas a aparência do estranho e reteve seu sangue Nórdico. O outro é possuidor do sangue estranho e mantém sua face Nórdica como uma máscara ilusória. Qual é melhor?...”;
b) De um manual da Juventude Hitlerista: “... O principal ingrediente de nosso povo, é portanto, a raça Nórdica. Isto não quer dizer que metade de nosso povo seja puramente Nórdico. Todas as mencionadas raças aparecem, de fato, em misturas em todas as partes de nossa pátria mãe...”;
c) Do livro “Glauben und Kampfen” publicado pela SS, mais especificamente no capitulo sobre raça: “...O povo alemão não é a soma de 85 milhões de pessoas, mas sim uma grande unidade, uma comunidade, na qual a genética Nórdica predomina. Esta genética se demonstra não somente na forma física e aparência, mas também se expressa acima de tudo em uma alma racial com uma direção comum. Não são decisivas as características Nórdicas físicas do indivíduo por si só. Ao contrário, seus traços psicológicos e de caráter é que o são.”
Diante disto, o parâmetro de cor dos olhos/cabelos cai por terra na definição nacional-socialista de "ariano", todavia eis apenas alguns indivíduos que não se encaixavam nesta descrição física: Adolf Hitler, possuía olhos azuis, porém cabelos escuros; Josef Mengele, possuía olhos e cabelos escuros; Joseph Goebbels, estava longe de ser um exemplo de físico Nórdico em todos os sentidos. Sabe-se também que a maior parte da população da Alemanha não possuia tais características.
- O ator Anthony Quinn, num de seus filmes, ilustra a grande confusão havida para se estabelecer parâmetros dessa "raça": passa, durante a II Guerra Mundial, de padrão de cigano, judeu, ao modelo exemplar do biotipo ariano, que estaria perdido pelos ermos do Leste Europeu.