Fernando Namora
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Fernando Namora - ou Fernando Gonçalves Namora - (1919-1989) foi um escritor português, natural de Condeixa-a-Nova. Na Universidade de Coimbra, licenciou-se em Medicina, que exerceu na sua terra natal e nas regiões da Beira Baixa e Alentejo.
O seu volume de estreia foi Relevos (1938), livro de poesia onde se notam as influências do grupo da Presença.
No mesmo ano, publicou o romance As Sete Partidas do Mundo, o qual foi galardoado com o Prémio Almeida Garrett, onde se começa a esboçar o seu encontro com o neo-realismo, ainda mais patente três anos depois com a poesia de Terra no Novo Cancioneiro.
A sua obra evoluiu no sentido do amadurecimento estético do Neo-Realismo, o que o levou a um caminho mais pessoal. Não desdenhando a análise social, os seus textos foram cada vez mais marcados por aspectos de picaresco, observações naturalistas e algum existencialismo.
Fernando Namora foi um escritor dotado de uma profunda capacidade de análise psicológica, a que se ligou uma linguagem de grande carga poética. Escreveu, para além de obras de poesia e romances, contos, memórias e impressões de viagem.
Entre os títulos que publicou encontram-se os volumes de prosa Fogo na Noite Escura (1943), Casa da Malta (1945), As Minas de S. Francisco (1946), Retalhos da Vida de um Médico (1949 e 1963), A Noite e a Madrugada (1950), O Trigo e o Joio (1954), O Homem Disfarçado (1957), Cidade Solitária (1959), Domingo à Tarde (1961, Prémio José Lins do Rego, Os Clandestinos (1972) e Rio Triste (1982).
Além dos já mencionados, publicou em poesia Mar de Sargaços (1940) e Marketing (1969). A sua produção poética conheceu uma antologia datada de 1959, intitulada As Frias Madrugadas.
Escreveu ainda volumes de memórias, anotações de viagem e crítica, como Diálogo em Setembro (1966), Um Sino na Montanha (1970), Os Adoradores do Sol (1972), Estamos no Vento (1974), A Nave de Pedra (1975), Cavalgada Cinzenta (1977) e Sentados na Relva (1986).
Alguns estudiosos dividem a sua obra, se bem que seja uma sistematização que peca pelo simplismo, em três momentos diferentes na criação romanesca: (1) o ciclo rural, composto de obras como A Noite e a Madrugada e O Trigo e o Joio; (2) o ciclo urbano, fruto da mudança do médico do meio rural para o citadino, marcado pelos romances O Homem Disfarçado e Domingo à Tarde; (3) os cadernos de um escritor, influenciados pelas viagens do autor a outros países, como a poesia de Marketing e as reflexões de Jornal sem Data (1988).
O romance Domingo à Tarde foi adaptado ao cinema em 1966 por António de Macedo. O livro Retalhos da Vida de um Médico foi adaptado ao cinema por Jorge Brum do Canto (1962), além de ter sido produzida uma série televisiva por Artur Ramos e Jaime Silva (1979-1980).