Ferdinand de Saussure
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Ferdinand de Saussure (Genebra, 26 de novembro de 1857 - Morges, 22 de fevereiro de 1913) - Lingüista suíço, cujas elaborações teóricas propriciaram o desenvolvimento da lingüística enquanto ciência e desencadearam o surgimento do estruturalismo. Além disso, o pensamento de Saussure estimulou muitos dos questionamentos que comparecem na lingüística do século XX.
Filho de um eminente naturalista, foi logo introduzido aos estudos lingüísticos por um filólogo e amigo da família, Adolphe Pictet. Saussure estudou Física e Química, mas continuou fazendo cursos de gramática grega e latina. Por fim, convenceu-se que sua carreira estava nos estudos da linguagem e ingressou na Sociedade Lingüística de Paris. Estudou línguas européias em Leipzig e aos vinte e um anos publicou uma dissertação sobre o primitivo sistema das vogais nas línguas indo-européias, a qual foi muito bem aceita. Defendeu sua tese sobre o uso do caso genitivo em sânscrito, em Berlim, e depois retornou à Paris, onde passou a ensinar Sânscrito, Gótico e Alto Alemão e depois Filologia Indo-Européia. Retornou à Genebra, onde lecionou sânscrito e lingüística histórica em geral. Em 1906 foi encarregado de ensinar Lingüística Geral, e com isso realizou conferências que apresentaram conceitos que mudaram completamente o modo de encarar a lingüística.
Entendia a linguística como um ramo da ciência mais geral dos signos, que ele propôs fosse chamada de Semiologia_(linguística). Graças aos seus estudos e ao trabalho de Leonard Bloomfield, a lingüística adquire autonomia e seu objeto e método próprio passam a ser delineados. Seus conceitos serviram de base para o desenvolvimento do estruturalismo no século XX.
Ferdinand de Saussure enfatizou uma visão sincrônica da linguística em contraste à visão diacrônica do estudo da linguística histórica, a forma como o estudo das línguas era tradicionalmente realizado no século XIX. Com tal visão sincrônica, Saussure procurou entender a estrutura da linguagem como um sistema em funcionamento em um dado ponto do tempo (recorte sincrônico).
Saussure também efetua, em sua teorização, uma separação entre langue (língua) e parole (discurso). Para ele, a língua é um sistema de valores que se opõe uns aos outros e que está depositado como produto social na mente de cada falante de uma comunidade, possui homogeneidade e por isto é o objeto da lingüística propriamente dita. Diferente da parole (discurso) que é um ato individual e está sujeito a fatores externos, muitos desses não lingüísticos e, portanto, não passíveis de análise.
Contudo, indubitavelmente, a teoria do valor é um dos conceitos cardeais do pensamento de Saussure. Sumariamente, esta teoria postula que os signos lingüísticos estão em relação entre si no sistema de língua. Entretanto, essa relação é diferencial e negativa, pois um signo só tem o seu valor na medida em que não é um outro signo qualquer: um signo é aquilo que os outros signos não são.
Paralelamente ao trabalho teórico mais tarde reunido na obra Cours de Linguistique Generale, Saussure realizou, entre 1906 e 1909, um outro estudo que é comumente chamado de Os anagramas de Saussure. Nesse trabalho paralelo, o mestre genebrino perscrutou um corpus de poemas clássicos para tentar provar a existência de um mecanismo de composição poética baseado na análise fônica das palavras; mecanismo este formado pelo anagrama e pelo hipograma. O hipograma (palavra-tema) é o nome de um deus ou de um herói diluído foneticamente no poema. O anagrama, por sua vez, é o processo que propicia a diluição do hipograma nos versos.
Morto prematuramente em 1913, após sua morte, seus alunos buscaram o arquivo de notas do mestre no intuito de publicar um livro que apresentasse a doutrina exposta em seus cursos e que abria novos horizontes para a lingüística. Contudo, as buscas foram frustadas e nenhuma nota foi encontrada. Assim, liderados por Charles Bally e Albert Sechehaye, resolveram compilar e comparar as notas dos alunos feitas durante as aulas. Esse trabalho culminou na obra Curso de Lingüística Geral (Cours de Linguistique Generale), publicada em 1915, ainda hoje leitura obrigatória para todos os estudantes e pesquisadores de lingüística.
[editar] Links
- Hearing Heidegger and Saussure by Elmer G. Wiens