Fábrica da Vista Alegre
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A Fábrica da Vista Alegre, nascida num período de revoluções, é fruto do sonho do típico homem moderno do século XIX, José Ferreira Pinto Basto, que daria início a uma família de empresários que se mantém relevante na actualidade.
Influenciado pelo sucesso da fábrica de vidro da Marinha Grande, Pinto Basto decide criar uma fábrica de porcelanas, vidro e processos químicos. Começou por adquirir, em 1815, a Quinta da Ermida, um sítio belo, perto da vila de Ílhavo e à beira da Ria de Aveiro, região rica em combustíveis, barro, areias brancas e finas e seixos cristalizados, elementos fundamentais para vidros e porcelanas. Pouco depois comprou também os terrenos envolventes, num total de 40 hectares, e lançou-se no seu projecto.
O alvará que autorizou o funcionamento da Fábrica da Vista Alegre foi concedido em 1824, pelo rei D. João VI, passando esta a beneficiar de todas as graças, privilégios e isenções de que gozam, ou gozarem de futuro, as Fábricas Nacionais.
Apenas cinco anos depois, a Vista Alegre recebia o título de Real Fábrica, um reconhecimento pela sua arte e sucesso industrial. A partir de 1832 a Fábrica intensificou o trabalho e dedicou-se ao aperfeiçoamento da porcelana, conhecendo um período áureo, que culmina em finais do século XIX.
A contribuição de artistas estrangeiros, como Victor C. Rousseau, foi importante, sobretudo para a criação de uma escola de pintura, ainda hoje famosa. Neste período da história da Fábrica da Vista Alegre assinalam-se factos como o desenvolvimento de uma obra social, a introdução de decorações a ouro e temas com paisagens e delicadas flores, a participação em certames (Paris e Palácio de Cristal no Porto) e, por último, a cessação em 1880, da produção de vidro.
Durante os anos que se seguiram, e até ao final da Grande Guerra, o anterior período de brilho foi ofuscado as conturbações sociais encaminharam a empresa para grandes dificuldades. Contudo, o espírito introduzido pelo fundador e a manutenção da escola de desenho e pintura pelo pintor Duarte José de Magalhães, estimularam a reorganização e modernização da empresa.
Assim, à passagem do seu primeiro centenário, a Vista Alegre iniciava uma reestruturação que visou a transformação da empresa numa sociedade por quotas, a modernização das estruturas da fábrica, a abertura de duas lojas e um novo impulso às aulas de desenho.
A partir de 1947 e até 1968, os contactos internacionais, a formação de quadros técnicos especializados, a aquisição da Empresa Electro-Cerâmica (principal concorrente) e da Sociedade de Porcelanas, levaram a Vista Alegre ao desenvolvimento técnico e industrial esperado, assim como ao alargamento da oferta a novos mercados.
Já na década de 1970, a Fábrica de Porcelana da Vista Alegre deu importantes passos na sua modernização tecnológica e prestou mais atenção à formação de jovens pintores. Em 1983 criou o Gabinete de Orientação Artística (GOA) e, em 1985, o Centro de Arte e Desenvolvimento da Empresa (CADE), com a finalidade de fomentar a criatividade, contribuir para a formação nas áreas de desenho, pintura e escultura, apoiar a Fábrica técnica e artisticamente e fomentar o seu desenvolvimento. Em consequência desta orientação nascem as séries limitadas e numeradas, consideradas entre as melhores peças de porcelana produzidas neste final de século. Datam também deste período as séries especiais e as peças comemorativas.
Em Maio de 2001 dá-se a fusão do Grupo Vista Alegre com o grupo Atlantis, formando o maior grupo nacional de Tableware e sexto maior do mundo nesse sector: o Grupo Vista Alegre Atlantis. A holding resultante actua em áreas tão diversas como porcelana de mesa, decorativa e de hotel, isoladores cerâmicos, decalques, faiança, cristal, vidro manual e automático e redes de retalho e distribuição.
A Fábrica de Porcelana Vista Alegre, pela sua história e tradição, mantém-se a mais emblemática das onze unidades industriais que compõem o grupo, produzindo cerca de 10 milhões de peças por ano, entre porcelana decorativa e doméstica. Em 2002 foi concluído um processo de reengenharia industrial, que permitirá aumentar essa capacidade e volume de produção e está em curso um projecto de integração dos dois centros produtivos de porcelana do grupo (FPVA e Chousa Nova).
Hoje a Vista Alegre, para além de ser líder de mercado em Portugal e possuir uma das melhores e mais bem equipadas fábricas de porcelana de todo o mundo, continua a desenvolver e a preservar a porcelana feita e trabalhada à mão, honrando a sua história e tradição. É sem dúvida uma instituição, em Portugal e no mundo, sinónimo de excelência e inigualável qualidade.