Auto-estima
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Em psicologia, auto-estima inclui a avaliação subjectiva que uma pessoa faz de si mesma como sendo intrinsecamente positiva ou negativa em algum grau (Sedikides & Gregg, 2003).
A auto-estima envolve tanto crenças auto-significantes (por exemplo, "Eu sou competente/incompetente", "Eu sou benquisto/malquisto") e emoções auto-significantes associadas (por exemplo, triunfo/desespero, orgulho/vergonha). Também encontra expressão no comportamento (por exemplo, assertividade/temeridade, confiança/cautela). Em acréscimo, a auto-estima pode ser construída como uma característica permanente de personalidade (traço de auto-estima) ou como uma condição psicológica temporária (estado de auto-estima). Finalmente, a auto-estima pode ser específica de uma dimensão particular (por exemplo, "Acredito que sou um bom escritor e estou muito orgulhoso disso") ou de extensão global (por exemplo, "Acredito que sou uma boa pessoa, e sinto-me orgulhoso quanto a mim no geral").
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[editar] Medição
Para os fins de pesquisa empírica, a auto-estima é tipicamente avaliada por um questionário de auto-avaliação que produz um resultado quantitativo. A validade e confiabilidade do questionário são estabelecidos antes do uso.
[editar] Qualidade e nível da auto-estima
O nível e a qualidade da auto-estima, embora correlacionados, não são sinônimos. A auto-estima pode ser elevada, mas frágil (por exemplo, narcisismo) e baixa, porém segura (por exemplo, humildade). Todavia, a qualidade da auto-estima pode ser indiretamente avaliada de várias formas: (i) em termos de sua constância através do tempo (estabilidade), (ii) em termos de sua independência ao se apresentarem condições particulares (não-contingência), e (iii) em termos de quão entranhada ela esteja num nível psicológico básico (inquestionabilidade ou automaticidade).
[editar] Auto-estima, graus e relacionamentos
De fins dos anos 1960 até o início dos anos 1990, foi assumido como questão de facto que a auto-estima de um estudante era um fator crítico nas qualificações obtidas na escola, em seus relacionamentos com os colegas e em seus sucessos posteriores na vida. Sendo este o caso, muitos grupos norte-americanos criaram programas para incrementar a auto-estima dos estudantes, assumindo que as qualificações melhorariam, os conflitos decresceriam, e que isto levaria a um mundo mais feliz e bem-sucedido. Até os anos 1990, pouca pesquisa revisada e controlada sobre esse tópico foi feita.
- O conceito de auto-melhoria vivenciou mudanças dramáticas desde 1911, quando Ambrose Bierce definiu zombeteiramente a auto-estima como "uma avaliação errônea". Bom e mau caráter são conhecidos agora como "diferenças de personalidade". Os direitos têm substituído responsabilidades. A pesquisa sobre egocentrismo e etnocentrismo que municiou a discussão do crescimento e desenvolvimento humano em meados do século XX é ignorada; com efeito, os próprios termos são considerados politicamente incorretos. Uma revolução teve lugar no vocabulário do self. Palavras que implicam confiabilidade ou responsabilidade – auto-crítica, abnegação, auto-disciplina, auto-controle, modéstia, auto-domínio, auto-censura e auto-sacrifício – não estão mais em uso. A linguagem mais favorecida é aquela que exalta o indivíduo: auto-expressão, auto-afirmação, auto-indulgência, auto-realização, auto-aprovação, auto-aceitação, egoísmo e a onipresente auto-estima (Ruggiero, 2000).
A pesquisa revisada empreendida desde então não tem validado as suposições anteriores. Pesquisas recentes indicam que inflar a auto-estima dos estudantes por si mesma não tem efeito positivo sobre a qualificação dos mesmos. Um estudo demonstrou que o efeito pode ser justamente o contrário (Baumeister, 2005). Auto-estima elevada se correlaciona com a felicidade auto-relatada. Todavia, não é claro se uma leva necessariamente à outra (Baumeister, 2004).
[editar] Bullying, violência e assassinato
Alguns dos resultados mais interessantes dos estudos recentes, focam no relacionamento entre bullying, violência e auto-estima. Costumava-se presumir que os bullies agiam violentamente em relação aos outros porque sofriam de baixa auto-estima (embora nenhum estudo controlado fosse oferecido para dar suporte a esta posição).
- Estas descobertas sugerem que a teoria da baixa auto-estima está errada. Mas nenhuma envolve o que os psicólogos sociais consideram como a forma mais convincente de evidência: experimentos de laboratório controlados. Quando conduzimos nossa revisão inicial da literatura, não descobrimos nenhum estudo de laboratório que provasse o elo entre auto-estima e agressão (Baumeister, 2001).
Em contraste com velhas crenças, pesquisas recentes indicam que os bullies agem do jeito que agem porque sofrem de uma injustificada auto-estima "elevada".
- Criminosos violentos freqüentemente se descrevem como superiores aos outros - em especial, como pessoas de elite, que merecem tratamento preferencial. Muitos assassinatos e ataques são cometidos em resposta a golpes contra a auto-estima, tais como insultos e humilhação. Para ser mais preciso, muitos perpetradores vivem em ambientes onde insultos são muito mais ameaçadores do que a opinião que tem de si mesmos. Estima e respeito estão ligados ao status na hierarquia social, e desonrar alguém pode ter conseqüências tangíveis e mesmo acarretar risco de vida.
- A mesma conclusão emergiu dos estudos de outra categoria de pessoas violentas. É relatado que membros de gangues de rua possuem opiniões favoráveis sobre si mesmos e recorrem à violência quando estas avaliações são contestadas. Bullies de "playground" consideram-se superiores às outras crianças; baixa auto-estima é encontrada entre as vítimas dos bullies, não entre os próprios bullies. Grupos violentos têm um sistema de crenças público, que enfatizam sua superioridade sobre os demais (Baumeister, 2001).
[editar] Auto-estima e motivação econômica
Adam Smith discute o egoísmo como uma motivação econômica; esta idéia também está presente nos trabalhos de Nathaniel Branden.
[editar] Ver também
[editar] Referências
- Roy F. Baumeister, "Violent Pride", em Scientific American, 284, No. 4, pp. 96–101; Abril de 2001.
- Roy F. Baumeister, Jennifer D. Campbell, Joachim I. Krueger e Kathleen D. Vohs, "Does High Self-Esteem Cause Better Performance, Interpersonal Success, Happiness, or Healthier Lifestyles?", Psychological Science in the Public Interest, 4 (1), pp. 1–44; Maio de 2003.
- Roy F. Baumeister, Jennifer D. Campbell, Joachim I. Krueger e Kathleen D. Vohs, "Exploding the Self-Esteem Myth", em Scientific American, Janeiro de 2005.
- Barbara Lerner, "Self-Esteem and Excellence: The Choice and the Paradox," American Educator, Inverno de 1985.
- Andrew M. Mecca, Neil J. Smelser e John Vasconcellos (Eds.) The Social Importance of Self-esteem. University of California Press, 1989.
- Ruggiero, Vincent R. "Bad Attitude: Confronting the Views That Hinder Student's Learning" American Educator, Verão de 2000.
- Sedikides, C., & Gregg. A. P. (2003). "Portraits of the self." Em M. A. Hogg & J. Cooper (Eds.), Sage handbook of social psychology (pp.110-138). Londres: Sage Publications.
[editar] Ligações externas
- Auto-estima
- Auto-estima em crianças
- Aprendendo a perdoar a si mesmo
- ((en))-Counseling To Enhance Self-Esteem
- ((en))-Self-Esteem and Narcissism: Implications for Practice
- ((en))-Uma visão budista da auto-confiança
- ((en))-Explodindo o Mito da Auto-Estima - Scientific American
- ((en))-Artigos, dicas e actividades sobre construir a confiança no trabalho e nas relações pessoais
- ((en))-Os custos e causas da baixa auto-estima
- ((en))-Thymos, Dignity & Self-esteem