Agenor Miranda
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Agenor Miranda Rocha ou Pai Agenor, (Luanda, Angola, 8 de setembro de 1907 — Rio de Janeiro, 17 de julho de 2004) foi um religioso do Candomblé.
Foi iniciado aos cinco anos de idade pelas mãos de Mãe Aninha, Iyalorixá fundadora dos terreiros Axé Opô Afonjá de Salvador e do Rio de Janeiro.
Era professor catedrático aposentado do Colégio Pedro II, estudioso e adivinho do candomblé, o brasileiro que mais conheceu a herança cultural afro-brasileira.
[editar] Documentário: um vento sagrado
O zelador dos orixás na tela, matéria do Jornal Diário de São Paulo feita pelo jornalista Marcos Pinho - Um Vento Sagrado, do diretor e artista plástico baiano Walter Lima, o trabalho conta a história de Pai Agenor, um dos mais importantes nomes do candomblé no país. O trabalho de pesquisa consumiu mais de três anos de viagens, pesquisas e gravações no Rio de Janeiro, Salvador, São Paulo e Roma.
O filme (Brasil, 2001, 93 min.), mostra Pai Agenor em sua casa no Engenho Novo, subúrbio do Rio, onde figuram desde imagens de São Francisco e Buda até de Oxalá e outras divindades do candomblé. É no local que ele recebe visitantes em busca de aconselhamento e ainda joga búzios. Suas declarações são desconcertantes. “A força do candomblé está no sangue verde das plantas e não no sangue vermelho dos animais”, comenta para condenar os sacrifícios em cultos.
Professor aposentado, poeta, ensaísta, gramático, cantor de ópera e de fado, Pai Agenor é um homem múltiplo e incomum. “Ele é talvez a última das grandes figuras do candomblé”, afirma Gilberto Gil. O retrato pintado por Walter Lima é o de um ser de personalidade instigante cujas opiniões são sempre respeitadas. Até hoje ele é convocado para escolher o pai-de-santo nos grandes terreiros baianos. A fita mostra ainda o biografado sendo recebido pelo papa em Roma e inclui poemas nas vozes de atores como Alessandra Negrini, Ingra Guimarães e Camila Amado, além da narração de Othon Bastos.
[editar] Historia de uma Vida
Professor Agenor Miranda Rocha amava a música, talvez por influência de sua mãe, a grande fadista portuguesa Zulmira Miranda, cuja história está registrada na Casa do Fado e da Guitarra Portuguesa(no Largo do Chafariz de Dentro, 1, em Alfama, Lisboa / casadofado@ebahl.pt), fez uma incursão como cantor no mundo da música. Há alguns anos foram recuperadas algumas de suas antigas gravações e hoje circula nas mãos de seus amigos e admiradores cds onde ele canta fados, canções italianas e músicas clássicas. Professor Agenor Miranda Rocha foi também um amante da poesia e teve dois livros publicados ainda em vida, "Poemas Infantis", em 1999, e "Oferenda - como a flor que se oculta entre as folhas",em 1998, pela Editora Sete Letras, traduzido na Espanha e editado pela Algorán Poesia, em 2001. Seus poemas foram muito bem recebidos por serem, além de belos, expressão de um grande conhecimento também nesta arte. Professor Agenor MIranda Rocha tinha muitos amigos e admiradores, muitos alunos, e para todos estes deixou ainda o livro "Caderno de Portugues",em 2000, escrito logo após uma intervenção cirúrgica bastante séria. Faleceu em 2004, vitimado principalmente pelo agravamento de um simples caso infeccioso. Deixou muitos e muitos filhos em todas as partes do Brasil e no exterior, todos saudosos e consternados, principalmente por não terem podido intervir para que pudesse completar com "saude e paz", como gostava de dizer, os seus almejados 100 anos de existencia, que será, certamente, lembrado com devoção no 8 de setembro de 2007. Dentre as homenagens que recebeu está a Medalha Pedro Ernesto, no Rio de Janeiro. Sobre ele há uma primorosa biografia: "Um vento sagrado", editado pela Editora Mauad e de autoria de Muniz Sodre e Luis Filipe de Lima. Poemas escritos em setembro de 2000:
Na origem do poema Todas as emoções estão ou estiveram. Descrições atuantes Que explicam, debatem e conduzem Na política, nas reformas sociais, Nos tratados de governo, Nasceram com o poema. Rompido o mistério da intuição Cresceram entre os homens E transformaram-se em atitudes, Enquanto o poema permanece inocente, Liberado da participação, --- puramente Amor, com princípio e fim em si mesmo, no seio do Absoluto.
Esta paz! Esta paz é a flor de altura! Quantas dores sofri para a alcançar! Fiz jejum de prazeres e alegrias! Fiz jejum de esperança e de vaidade! Descalço, como os pobres penitentes, Fui galgando a alta encosta pedregosa Da montanha escarpada da renúncia, Deixando no caminho os véus inúteis E as oblatas e as súplicas perdidas! E quanto mais da altura azul, sem nuvens, Meus pés ensanguentados se acercavam, Mais leve, mais sereno eu me sentia, Desabrochando em verso, que eram asas! No alto cimo cheguei! O espaço e o tempo rolaram pelo chão sem mais sentido! Ante as rochas ardentes das estrelas Puro manto de paz cobriu-me todo, Enquanto a mão de Deus me ungia a fronte, Sob o pálio sem fim da eternidade.
[editar] Livros
- Caminhos de Odu, Pallas, 1999 - ISBN 853470273X
- As Nações Ketu, ISBN 8574780189
- Desenredos, ISBN 857478060X
- Biografia: Pai Agenor - Diógenes Rebouças Filho (Coleção Passagens da Memória, vol.1 / 1997)